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sexta-feira, 26 de março de 2010

Resposta patética da TV Record prestou desserviço ao jornalismo brasileiro


Se houvesse um órgão respeitável de representação de jornalistas no Brasil, Lucio Sturm, Ogg Ibrahim, Celso Freitas, Ana Paula Padrão e seus editores teriam de esclarecer como foram capazes de abrir mão do jornalismo troca do revanchismo e da truculência dos seus patrões, a TV Record e a Igreja Universal do Reino de Deus. Como não há, partamos para a fustigação pessoal e infrutífera em troca de alguma paz de consciência.

Nesta quarta-feira, revivendo os lamentaveis momentos em que Paulo Henrique Amorim e Afonso Monaco ergueram uma peça acusatória contra a jornalista Elvira Lobato e contra a Folha de S.Paulo por causa de uma reportagem, os quatro funcionários bem pagos e satisfeitos mencionados acima foram porta-vozes de uma suposta resposta para acusações contra líderes da TV e da igreja. Por longos 15 minutos conseguiram nada explicar.

Na noite anterior, a TV Globo divulgou reportagem de 10 minutos em que tratava da denúncia oferecida pelo Ministério Público, segundo a qual membros da cúpula da IURD e da TV Record utilizavam dinheiro de doações para ampliar seu império midiático. Com exageros aqui e ali, a reportagem estava correta. E não era exclusividade global, já que os principais jornais do país noticiaram o mesmo. Diante disso, a turma da Record preparou uma resposta. Não porque estivesse sendo injustiçada. Não por ética ou por indignação. Era apenas angústia e fúria insensata. Era apenas por retaliação.

Apelou para uma compilação de acusações contra a Globo que qualquer formando de faculdade incluiria em seu trabalho de conclusão de curso. E disse que a rival exibiu as acusações porque sente inveja, porque a Record é sensacional demais e a incomoda. É vergonhoso que jornalistas se prestem a esse papel. Em troca dos seus astronômicos salários, permitem que o público questione a honestidade de todos. Sujam a categoria.

Tamanha mediocridade certamente não passa em branco para os bons profissionais que estão na TV Record – e não devem ser poucos. Não tenho dúvida de que ali há gente que, mesmo sem participar da vendeta, se sente constrangida com a boçalidade e estreiteza mental de quem planejou uma resposta tão tíbia, revanchista e irritante a acusações que são sérias e não são uma simples questão de simpatia ou de preconceito. Nem de disputa por espaço no mercado.

Como não há sindicato dos jornalistas, vou eu mesmo mandar emails a esses jornalistas. Não é possível que eles achem que prestaram um bom serviço ao responder a questionamentos sérios como uma criança de 10 anos faria.





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