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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Orçamento da ministra Magazine Luiza é menos de 1% da receita do Magazine

Luiza Trajano aceita convite e será 39ª ministra de Dilma

Governo pede urgência ao Congresso para criação da Secretaria de Micro e Pequena Empresa e posse deverá ser em setembro

Adriano Ceolin, iG Brasília, e Nara Alves, iG São Paulo | 15/08/2011 21:26


A presidenta Dilma Rousseff convidou a empresária Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, para comandar a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Na última sexta-feira, dia 12 de agosto, a presidenta pediu regime de urgência para aprovação do projeto no Congresso que cria a nova pasta que terá status de Ministério. Será o 39º ministério do governo. A posse de Luiza deve ocorrer até o fim do mês de setembro, segundo o iG apurou.

Foto: Agência Estado Ampliar

Luiza Trajano pediu tempo para organizar empresa antes de assumir pasta

A criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa é uma proposta da campanha de Dilma. Em março, ela apresentou o projeto da nova pasta, mas não havia definido um nome para o cargo. Em julho, Luiza aceitou o convite, mas pediu dois meses para acertar sua saída do comando do Magazine Luiza. Com sua posse, o governo terá 30% de mulheres em ministérios.

O prazo solicitado pela empresária coincidiu com o tempo necessário do governo para colocar o projeto de criação da pasta no Congresso. Com o pedido de urgência na última sexta-feira, a Câmara tem 45 dias para votar a proposta. Em seguida, o Senado tem mais 45 dias para referendar a decisão. Segundo o iG apurou, o governo tentará encurtar esse prazo. Por meio de sua assessoria de imprensa, Luiza Trajano disse que não irá comentar o assunto.

Atualmente, a maior parte das funções do Ministério da Micro e Pequena Empresa pertence à pasta do Desenvolvimento Econômico e Social. Esse ministério é comandado por Fernando Pimentel (PT), um dos ministros mais próximos de Dilma. O secretário-executivo Alessandro Teixeira é o responsável pela elaboração da nova pasta. Ele chegou a ser cotado para o posto.

De acordo com o projeto de lei de criação do novo ministério, a “Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República coordenará com as entidades representativas das microempresas e empresas de pequeno porte a implementação dos fóruns regionais nas unidades da federação”.

A previsão de gastos com a nova pasta é de R$ 6,5 milhões em 2011. A partir do ano que vem, o valor subirá para R$ 7,9 milhões. Além de absorver parte da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Econômico Social, o projeto de lei prevê a criação de 70 cargos, com salários que vão de R$ 1,9 mil mensais a cerca de R$ 7,5 mil mensais.


Orçamento da ministra Luiza é menos de 1% da receita do Magazine

Rede varejista também emprega 300 vezes mais funcionários do que a pasta; ações caem 2,7% nesta manhã

Marina Gazzoni, iG São Paulo | 16/08/2011 12:51

Os desafios da empresária Luiza Helena Trajano como ministra do governo Dilma Rousseff, conforme antecipou o iG, começam pelo orçamento. A Secretaria da Micro e Pequena Empresa, pasta que assumirá a partir de setembro, tem uma previsão de gastos de R$ 6,5 milhões. Como presidente do Magazine Luiza, a empresária está acostumada a administrar um volume maior de recursos.

Foto: Greg Salibian/iG Ampliar

A empresária e ministra Luiza Helena Trajano

A receita líquida da rede varejista em 2010 foi de R$ 4,8 bilhões. Só em investimentos, o Magazine Luiza somou R$ 220 milhões no último balanço trimestral.

A equipe da ministra Luiza Trajano também será muitíssimo menor do que a da empresária tem hoje em sua rede de lojas. O Magazine Luiza soma cerca de 21 mil colaboradores, 300 vezes mais do que os 70 cargos que serão criados para a Secretaria da Micro e Pequena Empresa.

A ministra também absorverá parte da equipe do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Social e poderá oferecer salários entre R$ 1,9 mil a R$ 7,5 mil mensais.

Luiza assume a Secretaria da Micro e Pequena Empresa com a experiência de liderar a terceira maior rede varejista do País, atrás do grupo Pão de Açúcar e da Máquina de Vendas. O Magazine Luiza é um caso de sucesso de companhia pequena, fundada em 1957, que sobreviveu a crises econômicas vividas pelo País e se tornou uma rede de grande porte. Hoje, o Magazine Luiza está presente em 16 Estados com 613 lojas – 543 pontos de venda físicos e outras 69 de e-commerce.


A empresária também traz ao governo o “know-how” de vender para a classe C, famílias com renda entre R$ 1.200 e R$ 5.174, grupo que já representa mais da metade da população brasileira. A base de clientes do Magazine Luiza é de 22,8 milhões de pessoas.

A notícia de que Luiza Helena, a alma do Magazine, irá para o setor público desagradou os investidores. Na manhã de hoje, as ações caíram 2,7%.


Luiza Trajano deve assumir Secretaria de Pequenas para diminuir tributos


isabella holanda

São Paulo - A comandante da nova Secretaria da Micro e Pequena Empresa, a empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, encontrará desafios importantes pela frente. Mas talvez o mais importante deles seja o de propor mecanismos que simplifiquem a imensa carga tributária que afeta pequenas e médias empresas, aliada à necessidade de combater a informalidade existente no setor. - Pesquisa divulgada em junho pela empresa de auditoria BDO RCS, com 150 companhias do País, mostrou que quase 70% das pequenas e médias empresas usam mais de 20% do faturamento para o pagamento de tributos. A nova secretaria - que tem status de ministério - já era um promessa de campanha da presidente Dilma. Na última sexta-feira, 12, a presidente pediu regime de urgência para a provação do projeto no Congresso que cria a nova Pasta. Luiza Trajano ocupará o 39º ministério do governo e será a 11ª mulher em cargo de comando. Em março, Dilma apresentou o projeto da nova pasta, mas não havia definido um nome. Em julho, Luiza aceitou o convite, mas pediu dois meses para acertar seu desligamento da empresa, onde, deverá permanecer como acionista. Na opinião do coordenador de estudos e pesquisas do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar) e professor da FEA-USP, Nuno Fouto, a indicação da empresária Luiza Trajano obedeceu critérios estritamente técnicos e deve ser bem recebida pelo mercado. "A Luiza é uma pessoa que tem um histórico muito positivo de honestidade e de competência. Trata-se de um alguém que soube construir uma imagem de empresária bem sucedida e que sempre soube conduzir bem seus negócios. Além disso, ela tem excelente trânsito com o empresariado. Espero que seja bem assessorada e consiga fazer uma triagem técnica das principais demandas do setor".

A nova secretaria terá como missão coordenar fóruns regionais nas unidades da federação, em parceria com as entidades representativas das microempresas e empresas de pequeno porte , estando vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Econômico e Social. Em 2011, a previsão de gastos será de R$ 6,5 milhões em 2011. A partir do ano que vem, o valor subirá para R$ 7,9 milhões. Além de absorver parte da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Econômico Social o projeto de lei prevê a criação de 70 cargos, com salários que vão de R$ 1,9 mil mensais a cerca de R$ 7,5 mil mensais.

"Não conheço essa Luiza Trajano, mas ela é boa"

Clientes torcem pela nova ministra, que eles não sabem quem é; funcionários do Magazine Luiza guardaram para si qualquer parecer

Patrick Cruz, iG São Paulo | 17/08/2011 05:56

Foto: AE

Luiza Helena Trajano, a nova ministra de Dilma: em suas lojas, toque de silêncio sobre qualquer coisa a respeito do grupo

A empresária Luiza Helena Trajano comanda uma empresa importante, o Magazine Luiza, que atua em setor facilmente identificável pelo grande público, o do varejo. Ela não é uma figura tão conhecida por gente pouco afeita ao mundo dos negócios como, por exemplo, o popularíssimo empresário Silvio Santos (de quem, aliás, ela comprou as Lojas do Baú em junho por R$ 83 milhões), mas nem por isso deixou de ser saudada nesta terça-feira: a nova ministra do governo Dilma Rousseff parece já ter a torcida de quem mal a conhece.

- Luiza Trajano aceita convite e será 39ª ministra de Dilma
- Orçamento da ministra Luiza é menos de 1% da receita do Magazine
- Luiza Trajano: do balcão da loja dos tios a ministra do governo

"Ela me mandou uma carta. Vi a fotinho dela, com um sorriso grande. Parece uma pessoa boa e simples", diz Lúcia Rodrigues, na saída de uma das mais de 600 lojas da rede, localizada na zona oeste de São Paulo. Lúcia, profissional que trabalha em casa de família há mais de 30 anos, fazia referência a uma correspondência padrão que recebera ao abrir mais uma linha de crédito na varejista, de onde em outras ocasiões já saiu com televisão, fogão, telefone celular. Era mala direta, mas a cliente tratou aquela como a carta de uma amiga. "Ela vai ser boa. Espero que ela ajude os (pequenos empresários) que estão começando agora, mas ao menos já é um rosto novo. Ao menos mexe com isso. São sempre os mesmos".

"Ela pode não saber muito (do mundo da política), mas vai se desenvolver", diz Jessé Souza, agarrado na sacola em que trazia seu novo bem, uma câmera fotográfica, comprada havia cinco minutos. A seu lado, Rubens Souza Pinheiro, feliz proprietário de um notebook egresso de uma loja do Magazine Luiza, fez coro: "Com gente nova (na política) é possível ter novas descobertas". Ambos se disseram satisfeitos com o rosto novo na política, mesmo admitindo não conhecer Luiza Trajano, o rosto em questão.

O paraibano Evaldo Ferreira Sousa vende calçados numa banca de rua em frente à loja do Magazine Luiza localizada na zona oeste de São Paulo visitada pelo iG. Disse ter visto Luiza Trajano uma vez, de relance, e noutra só percebeu o burburinho em torno da empresária, sem conseguir avistá-la. É outro que tem parca referência de Luiza Trajano, é outro que está em sua torcida. "Os (políticos) que estão lá já deram o que tinham que dar. Ela vai mudar justamente por não ser desse meio".

José Machado, paranaense e parceiro de Evaldo nos negócios, enumera as qualidades da empresária que ele, confessadamente, não conhece: "veio de baixo, é rosto novo, não é política". O tom elogioso na fala sobre Luiza Trajano contrasta com a analogia pouco sutil que faz da classe política: "eles pintam a zona, mas as p*tas são as mesmas".

Dos funcionários, palavra não houve. Nenhuma declaração é permitida pelo Magazine Luiza, mesmo que não trate dos negócios do grupo, e sim da análise pessoal de agora se ter como patroa uma ministra do governo. A ordem é compartilhada em todas as unidades da rede de forma catequista nas reuniões diárias que as lojas realizam - e tornou-se ainda mais urgente depois da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), realizada em abril. Os funcionários souberam por e-mail do sim que a patroa deu ao convite de Dilma, mas guardaram para si qualquer parecer.

Uma cliente que se identificou como Simone foi mais verborrágica. Como no caso dos clientes elogiosos, confessou não conhecer Luiza Trajano, o que não conteve sua crítica. "Se (o papel de Luiza como ministra) for como isso aqui", diz ela, apontando para a loja da qual acabara de sair, "a gente está é mal". Simone contou ter ficado mais de duas horas no local para tentar trocar o telefone celular que dera para o pai (ele havia ganhado um igual) por um tanquinho. Não houve jeito. Depois, ela pediu para receber em dinheiro o valor do produto. Não houve como. Ato contínuo, insinuou que poderia acionar a Justiça para conseguir o que queria - e, passado algum tempo, o tanquinho que estava no mostruário, descobriu-se, podia, sim, ser levado pela cliente. "Os preços são bons, mas, desse jeito, não volto mais".

Está iniciada a vida política de Luiza Helena Trajano.




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