Mais buscas e apreensões
Dentro da linha que investiga o possível envolvimento da filha do casal Villela no triplo homicídio, policiais estiveram, com autorização judicial, na casa de pessoas ligadas à suspeita
Guilherme Goulart
Monique Renne/CB/D.A Press |
Hall de entrada do apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul, onde o crime foi cometido, há quase oito meses: em busca de novas provas |
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Os investigadores da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) da Polícia Civil do Distrito Federal aprofundam a linha de apuração que suspeita do envolvimento de familiares no triplo homicídio que vitimou os advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69. Além do mandado de busca e apreensão cumprido na casa de Adriana Villela, filha do casal assassinado há quase oito meses na 113 Sul, a polícia executou simultaneamente outras ordens judiciais em residências de pessoas ligadas a ela. As ações ocorreram no último sábado pela manhã.
Como o Correio publicou ontem com exclusividade, no sábado agentes da Corvida estiveram na casa de Adriana, no Lago Sul. A operação, realizada com autorização da Justiça, revelou uma das vertentes seguidas pela Polícia Civil desde que a unidade especializada em homicídios assumiu(1) a investigação. Os assassinatos ocorreram em 28 de agosto do ano passado, quando, além do casal Villela, perdeu a vida a facadas no apartamento 601/602 do Bloco C a governanta da família, Francisca Nascimento da Silva, 58 anos.
Ainda no sábado, Adriana também prestou depoimento formal à delegada responsável pelo inquérito, Mabel Faria. A reportagem confirmou que a filha dos Villela compareceu no Departamento de Polícia Especializada (DPE) acompanhada de um advogado e, pela primeira vez, deu esclarecimentos na condição de suspeita de envolvimento no triplo homicídio. O conteúdo das declarações é mantido em sigilo inclusive pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, uma vez que a apuração segue sob segredo de Justiça.
O amadurecimento das linhas de investigação abertas pela Corvida dependem agora da conclusão de laudos técnicos. As análises dos peritos da Polícia Civil do Distrito Federal serão cruzadas com os últimos dados levantados por conta do inquérito responsável pela apuração das três mortes. Entre as novas informações estão os materiais recolhidos na casa de Adriana Villela e dos demais investigados. É possível que computadores, objetos pessoais e documentos recolhidos em cada local passem por avaliação técnica.
Silêncio
Mais uma vez, porém, as autoridades policiais envolvidas na investigação do caso Villela evitaram dar entrevistas sobre o assunto. A assessoria de imprensa da Polícia Civil do Distrito Federal informou que ninguém comentaria os desdobramentos do inquérito. O coordenador da Corvida, delegado Luiz Julião Ribeiro, e a delegada Mabel também não conversaram com a imprensa. Eles têm o costume de não comentar a evolução dos trabalhos antes de concluídos.
Mas a reportagem apurou que os investigadores da unidade especializada recomeçaram a investigação das mortes dos Villela e de Francisca a partir do zero. “Nós tivemos de refazer tudo e até hoje estamos desatando os nós deixados durante a primeira parte da investigação. Tem sido um trabalho muito difícil”, explicou uma fonte ouvida pelo Correio. Enquanto isso, um dos assassinatos de maior repercussão da capital do país nos últimos anos está perto de completar oito meses de mistério.
Desde então, o que se sabe do triplo homicídio se limita à dinâmica descrita pelos peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do DF e das conclusões do Instituto de Medicina Legal (IML). Os peritos identificaram a presença de pelo menos dois homens no apartamento dos Villela no início da noite de 28 de agosto. Eles invadiram o local provavelmente pela porta dos fundos. O advogado José Guilherme e a governanta Francisca acabaram surpreendidos na área de serviço. Os dois receberam, ao todo, 61 facadas. A advogada Maria Carvalho levou 12 golpes, no corredor principal do imóvel.
Visita
O advogado criminalista Raul Livino, indicado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para acompanhar o caso, disse que irá hoje à Corvida para pedir informações aos responsáveis pelo inquérito. Estará acompanhado do também advogado Luis Guerra, presidente do Instituto dos Advogados. “O fato de a Adriana ser suspeita surpreende”, afirmou o criminalista. Livino repetirá visitas feitas enquanto a investigação seguia por conta da 1ª DP. O Correio tentou ligar várias vezes para o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Pedro Gordilho, amigo e assessor jurídico da família Villela, mas não houve retorno.
1 - Troca
A 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul, ficou à frente do caso por três meses. A pedido do Ministério Público do DF, porém, a Justiça brasiliense determinou em novembro a mudança de unidade policial responsável pela investigação. A força-tarefa composta por policiais da Corvida, da Divisão de Repressão a Roubos (DRR) e da própria 1ª DP (Asa Sul) assumiu o inquérito, mas por apenas um mês. Acabou implodida, e desde então a Corvida responde sozinha pelo caso.
O número
73
Total de facadas levadas pelas três vítimas mortas em 28 de agosto do ano passado, na 113 Sul