O promotor Francisco Cembranelli, que cuida do caso da morte de Isabella Nardoni, 5, respondeu por meio de nota, nesta segunda-feira, às declarações do juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri, em seu despacho que cancelou o segredo de Justiça sobre o caso. Fossem acusou o promotor de revelar detalhes dos depoimento dos suspeitos de das testemunhas.
"Praticamente TODOS os fatos que constam e são investigados no inquérito policial foram amplamente divulgados pela imprensa nacional, seja antes ou depois da decretação judicial do sigilo, sendo de domínio público e impossíveis de serem apagados da mente da chocada sociedade brasileira", afirmou o promotor em nota.
O juiz escreveu hoje que o sigilo era importante para 'conclusão dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos pela autoridade policial', mas que, como o promotor, em sua opinião, havia falado demais, não havia mais necessidade de sigilo. Em outro trecho, o magistrado afirma que "o comportamento adotado pelo Ministério Público [Cembranelli] no último dia 4 de abril demonstrou que o sigilo das informações, para este órgão ministerial, [não é] imprescindível".
O juiz se refere a uma entrevista coletiva na qual o promotor afirmou que os depoimentos do pai de Isabella, Alexandre Nardoni, e da madrasta da menina, Anna Carolina Jatobá, eram "fantasiosos".
"Meu único, firme e inabalável propósito continua o mesmo: apurar devidamente, por meio de criteriosa investigação policial que vem sendo desenvolvida, a quem cabe a responsabilidade criminal pela trágica morte da criança Isabella de Oliveira Nardoni", respondeu o promotor na nota.
Apesar da determinação do juiz, o delegado responsável pelas investigações, Calixto Calil Filho, do 9º DP (Carandiru), informou que manterá o sigilo, com base no artigo 20 do Código de Processo Penal, que diz: 'A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.'
Habeas corpus
A defesa do pai e da madrasta entrou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo às 17h15 desta segunda-feira. Ambos são suspeitos da morte da garota e estão presos desde a semana passada.
Um dos advogados do casal, Rogério Neres de Sousa, informou que o documento foi protocolado. No pedido, os advogados questionam a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça. Eles alegam que o casal têm endereço fixo, não possuem antecedentes criminais e, ao contrário do que diz a Polícia Civil, não oferecem risco às investigações sobre o crime.
Crime
Isabella foi encontrada com parada cardiorrespiratória no jardim do prédio onde mora o pai dela, na região do Carandiru (zona norte de São Paulo), na noite do último dia 29 de março. Segundo Nardoni, ela teria sido jogada do sexto andar do edifício. A menina morava com a mãe, mas visitava o pai a cada 15 dias.
Na versão apresentada à Polícia Civil, o pai de Isabella afirmou ter chegado de carro ao edifício onde mora, com os três filhos dormindo. Ele disse ter levado Isabella para o apartamento e retornado à garagem para ajudar a mulher com os outros dois filhos.
Quando voltou ao imóvel, Nardoni teria encontrado a luz acesa e percebido que a menina havia desaparecido. Ele teria, então, visto um buraco na tela de proteção da janela do quarto ao lado e Isabella deitada no jardim. Os bombeiros tentaram reanimar a menina por 34 minutos, mas não conseguiram.