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quarta-feira, 24 de março de 2010

Legista diz que laudos do caso Isabella têm erros ‘grosseiros’

25/05/08 - 15h33 - Atualizado em 25/05/08 - 17h41


Sanguinetti foi contratado pela defesa dos Nardoni para examinar laudos do IML e do IC.
Médico-legista disse que acredita que sua avaliação vai mudar os rumos do caso.

Patrícia Araújo Do G1, em São Paulo



O médico-legista George Sanguinetti, contratado pela defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá para avaliar os laudos do caso Isabella feitos pelo Instituto Médico-Legal (IML) e pelo Instituto de Criminalística (IC), disse à reportagem do G1 neste domingo (25) que os documentos que embasaram as investigações possuem erros “grosseiros”.



Sanguinetti afirmou que está trazendo para São Paulo um parecer pronto, assinado por ele e outro especialista, para ser entregue ao juiz responsável pelo caso mostrando os erros dos laudos e que “não há valor probante (que prova) do que foi entregue”. “Eu fico pasmo, eu e minha equipe. E no meu, entendimento, invalida o laudo”, disse. O médico-legista estará na capital paulista nesta segunda-feira (26) para entregar seu parecer e conversar com a imprensa.

Para Sanguinetti, sua avaliação deve mudar os rumos do caso uma vez que, com ele, “desaparecem” o carro e o interior de apartamento como lugares em que a menina tenha sofrido agressões. “Não são os locais da cena do crime, é o local. Quero que sejam punidos (os culpados). Sou pai e tenho família. Agora o que não pode é se fazer ilação, se fazer achismo. Eu vou provar tecnicamente para o Brasil que não tem esses lugares (no crime).”

Ele afirmou que os trabalhos dos peritos que fizeram os laudos não foram corretos e é provável que eles tenham sofrido a “grande pressão” popular do caso. “Os senhores peritos trabalharam naquele clima de emoção, o que fez com que o resultado não fosse assim tão adequado.”

Um dos exemplos utilizados pelo médico-legista para invalidar os laudos é o de que várias lesões sofridas pela menina – como ferimentos no crânio, bacia e fratura do rádio – são decorrentes da queda do 6º andar do prédio na Zona Norte de São Paulo, e não teriam ocorrido dentro do apartamento, como mostram os laudos. “Isso é ilação. Não tem fundamentação científica. Eu não teria a irresponsabilidade de ir a São Paulo e de me submeter a colegas com tantos anos de atividade em medicina-legal como eu se não estivesse certo do que estou fazendo”, afirmou.

Esganadura

Sanguinetti afirmou ainda que os laudos usados na investigação concluem que a menina teve duas causas para sua morte, mas para ele uma delas não existe. Segundo ele, Isabella não teria sido esganada antes de ser jogada pela janela. “Não houve esganadura em canto nenhum. Não tem lesão externa nenhuma”, disse.

Sanguinetti trabalhou com uma equipe de sete a oito profissionais, entre eles três peritos criminais e três médicos legistas. Para construir o seu parecer, o médico-legista conta que sua equipe recriou um ambiente semelhante ao apartamento de Alexandre Nardoni. “Nós temos as plantas baixas de tudo, a metrificação de cada coisa encontrada. Então nós criamos essa ambiente, criamos a altura de seis andares, com 18,5 m”, afirmou.

Procurada pela reportagem do G1, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.

Vereador em Maceió, George Sanguinetti é especialista em medicina-legal formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Ele é coronel-médico reformado pela Polícia Militar de Alagoas, ex-diretor do IML de Maceió e lecionou medicina-legal na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas por 32 anos. Ele atuou no caso da morte do empresário PC Farias.




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