24 de março de 2010 • 12h42 • atualizado às 12h59
Carro da polícia chega ao Fórum de Santana, transportando a ré Anna Carolina Jatobá
Foto: Ivan Pacheco/Terra
No momento mais tenso do depoimento da perita Rosangela Monteiro, do Instituto de Criminalística, última testemunha compartilhada entre defesa e acusação do julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, réus pela morte da menina Isabella Nardoni, o promotor Francisco Cembranelli pediu para que ela olhasse a bancada dos advogados de defesa e dissesse se via algum capacitado para usar o Bluestar, um reagente químico que evidencia indícios de sangue.
Diante da negativa de Rosangela, o advogado Roberto Podval questionou "como a senhora pode dizer que eu não seria capaz de usar o reagente?" A perita disse que apenas um perito criminal especialista em cenas de crimes contra a pessoa, com intenso treinamento, poderia obter resultados satisfatórios com o Bluestar.
A advogada Roselle Soglio, que integra a defesa do casal Nardoni, também é perita criminal e tem a intenção de fazer testes com uso do reagente sobre materiais caseiros como cenoura, suco de frutas etc.
O Ministério Público procurou desqualificar antecipadamente a tentativa. "Perito de plantão não tem treinamento para fazer o uso correto do reagente", disse Rosangela.
Rosangela é coordenadora de exames e laudos do Instituto de Criminalística. Ela é a mais experiente perita no uso da substância luminol, sendo também a única no Estado que está autorizada a usar o luminol e o prefere ao de fabricação europeia, chamado Bluestar.
Ela costuma dar cursos para policiais sobre preservação de provas e foi bastante acadêmica em suas explicações. A perita disse que entrou na casa somente às 18h do dia 2 de abril de 2008 - o crime ocorreu no dia 19 de março.
O caso
O julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá começou em 22 de março e deve durar cinco dias. O júri popular ouve 16 testemunhas, sendo 11 arroladas pela defesa, três compartilhadas entre advogados do casal e acusação e duas do Ministério Público. Seis foram dispensadas pela defesa ainda no primeiro dia e uma, pela acusação.
Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai e a madrasta, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico. O pai e a madrasta foram os únicos indiciados, mas sempre negaram as acusações e alegam que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.