Publicada em 07/04/2010 às 10h45m
Marcelle Ribeiro, O Globo, TVTEMView Larger Map
SÃO PAULO - A polícia de Ibiúna, cidade de 64 km de São Paulo, espera laudo do Instituto Médico Legal de Sorocaba para esclarecer a morte de um bebê de 3 meses considerada suspeita. A família acusa uma funerária de ter retirado o corpo da menina do hospital sem autorização e diz que a criança ainda estava viva quando foi colocada dentro de um caixão.
A mãe da menina, Denilza Rodrigues de Borba, também acusa médicos do Pronto-Socorro Infantil Rodrigo de Oliveira Fogaça de negligência. Segundo ela, na segunda-feira, a criança, Kailane Beatriz de Borba Silva, teve febre após tomar vacina contra tétano, mas a febre baixou logo depois que ela foi medicada. Às 2h de terça-feira, Denilza deu mamadeira para a filha, mas às 6h ela percebeu que o bebê estava mole e levou para o pronto-socorro. A mãe disse que o médico que atendeu a criança informou que ela já estava morta há duas horas.
Denilza não quis que o médico colocasse no atestado de óbito que a morte havia ocorrido por causas naturais, pois desconfiava que a vacina tivesse feito mal à criança. O médico que atendeu o bebê, então, se recusou a fazer o atestado.
- Eu queria saber porque a menina morreu. A gente achava que era da vacina - disse Denilza.
De acordo com ela, o marido foi a uma funerária enquanto a enfermeira levava a criança para o necrotério do hospital e procurava outro médico para fazer o atestado. A mãe afirmou que um funcionário da funerária levou Kailane do necrotério do hospital sem autorização.
- A funerária levou ela sem ninguém saber. A gente não sabia e o hospital também não. A funerária disse que a enfermeira havia autorizado, mas ela disse que não - relatou Denilza.
Segundo a família, o corpo da criança foi então colocado dentro de um carro da funerária, num caixão. O veículo ficou parado na porta do pronto-socorro. Porém, uma pessoa que passou em frente teria ouvido um choro de criança vindo do carro.
- Um rapaz passou e disse que ouviu um choro de criança. E a funerária disse que só tinha ela no carro - contou Denilza.
Uma tia de Denilza, Maria Aparecida de Almeida, insistiu para que o funcionário da funerária abrisse o caixão do bebê, o que só ocorreu depois de duas horas. Ela disse que a criança parecia estar viva.
- Ela ainda estava quente, não estava roxa. Estava com um líquido branco no nariz, que parecia um tipo de leite ou catarro e fazia borbulha, parecia que ela estava tentando respirar. Quando eu segurei na mão dela, ela segurou com força - disse Maria Aparecida.
Anderson de Oliveira, o pai, diz que a filha ainda mexia o pescoço.
A criança foi levada novamente ao hospital, onde outro médico disse à família que ela estava morta. De lá, o corpo seguiu para o IML, pois a delegacia registrou o caso como "morte suspeita".
Para a família, o primeiro médico que atendeu a menina fez exames rápidos demais.
- Eu acho que foi negligência do médico. Ela estava respirando fraquinho - contou Denilza.
A polícia informou que os médicos e a família só serão ouvidos caso o IML não constate que as causas da morte foram naturais. A diretora administrativa do Pronto-Socorro Infantil Rodrigo de Oliveira Fogaça, Alessandra Gomes, afirmou apenas que a criança chegou morta à unidade médica às 7h20m de terça e que aguarda resultado do exame no corpo do bebê para se pronunciar. O corpo da criança será enterrada na manhã desta quarta-feira.
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