Publicada em 20/04/2008 às 17h48m
CBN, O Globo OnlineSÃO PAULO - O pai de Alexandre Nardoni, o advogado tributarista Antonio Nardoni, questionou neste domingo as investigações da polícia sobre a morte de sua neta Isabella Nardoni, de 5 anos, jogada do sexto andar no dia 29 de março. Segundo Nardoni, a defesa do casal tem encontrado diversas irregularidades na apuração do crime, inclusive na conduta da delegada assistente, Renata Pontes, que conduz o inquérito ao lado do delegado Calixto Calil Filho, do 9º distrito policial, no Carandiru.
- Se nota uma série de fatos que têm ocorrido nesse inquérito, que o deixam sob suspeição. A delegada que conduz o inquérito (Renata Pontes), no domingo passado, chamou meu filho de assassino e a partir daí ela comandou toda a parte do depoimento (entre sexta e a madrugada de sábado). Isso é um absurdo e não deveria ter acontecido. Já que ela pré-julgou, não poderia tomar esses depoimentos. Deveria haver outra autoridade tomando esses depoimentos . Uma pessoa que deixa de lado a sua autoridade como policial, que deve julgar mediante provas, e já faz um pré-julgamento, tudo o que ela conduz é suspeito, a partir daí - disse o pai de Alexandre Nardoni, em Guarulhos, onde visita o filho e a nora, que estão na casa da família dela.
Um dos advogados de defesa do casal, Antonio Levorin, disse que pretende questionar judicialmente o interrogatório do casal.
" Já que a delegada pré-julgou, ela não poderia tomar esses depoimentos. Deveria haver outra autoridade tomando esses depoimentos "
Antonio Nardoni colocou em dúvida também as provas que constam nos laudos da perícia , e que são apontadas pela polícia como definitivas para o esclarecimento do caso e indiciamento do casal por homicídio triplamente qualificado. De acordo com o pai de Alexandre, a defesa ainda não teve acesso a essas informações.
- Nós temos um carro cheio de sangue, depois não tem mais sangue. Agora aparece sangue de novo. As coisas são muito complicadas. Agora aparece uma fralda, que teria sido usada para limpar o rosto da menina. Quem em sã consciência imagina que uma pessoa, naquele pouco tempo, teria tempo de fazer tudo, lavar, torcer e estender a fralda? São coisas assim que você não imagina como é que alguém poderia fazer tudo isso num espaço de tempo curto. Planejar o que ia dizer (no depoimento), lavar as coisas. Isso é humanamente impossível. Todas essas coisas magoam um pouco, mas é uma provação que nós temos que passar. Eu já disse várias vezes que acredito na inocência deles. Sempre tive absoluta certeza que eles nunca fariam isso - desabafou o pai de Alexandre Nardoni.
A perícia concluiu que da chegada do casal ao apartamento até o primeiro pedido de socorro ao Resgate, após a morte de Isabella, passaram-se 12 minutos. Alexandre e Anna Carolina se contradisseram sobre esses horários nos dois depoimentos à polícia. O Instituto de Criminalística (IC) descartou a presença de uma terceira pessoa na cena do crime.
" Não há o menor interesse (da polícia) de ouvir alguém que ajude a esclarecer o caso. Só são ouvidas testemunhas de acusação "
Ele concluiu dizendo que o trabalho da polícia está direcionado para incriminar Alexandre a Anna Carolina Jatobá.
- Não há o menor interesse (da polícia) de ouvir alguém que ajude a esclarecer o caso. Só são ouvidas testemunhas de acusação. A própria imprensa encontrou uma pessoa (pedreiro) que disse que a casa ao lado havia sido arrombada (uma obra ao lado do prédio de onde a menina foi jogada, que permitiria a entrada no edifício). Depois essa pessoa vai ao 9º DP e sai dizendo que não houve arrombamento, que não falou nada com a imprensa. Não sou eu que estou dizendo, foi a imprensa que levantou. Nós temos duas testemunhas que disseram que ter visto a minha filha (Cristiane Nardoni) num bar, quando na verdade ela estava em outro bar - afirmou.
O pai de Alexandre voltou a afirmar que se soubesse que Alexandre assassinou a própria filha seria o primeiro a obrigá-lo a assinar a confissão.
Segundo Antonio Nardoni, o casal está muito abalado principalmente com manifestações populares que vêm ocorrendo contra ele. Muros perto da casa foram pichados pedindo Justiça, e a toda hora cartazes são colocados na portaria do prédio da família de Anna Carolina Jatobá, em Guarulhos.