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quarta-feira, 20 de julho de 2011

O BRASILEIRO VIROU BOBO DA CORTE


Nunca na história deste país os cidadãos pagaram tanto imposto. Em seis meses, saiu do bolso dos brasileiros uma média de R$ 2,6 bilhões por dia. São cinco meses de trabalho no ano destinados apenas ao pagamento de tributos. Em troca, porém, o país não retribui com educação, saúde e transportes de qualidade. Boa parte do dinheiro é engolido pela corrupção. Denúncias já levaram a presidente Dilma a demitir um ministro e 12 funcionários nos Transportes. O desperdício no serviço público, aponta o TCU, é outra fonte de perda de recursos. Levantamento em 71 órgãos federais mostra que, só na conta de luz, daria para economizar R$ 240 milhões por ano. A população também sofre com o descaso. Encarregada de proteger o consumidor, a ANS engaveta reclamações contra o abuso de operadoras de planos de saúde. No Distrito Federal, outro flagrante do desrespeito: brasilienses que pagaram até R$ 450 mil à Terracap por um lote no Jardim Botânico 3 veem o sonho de morar em um condomínio de luxo se transformar em pesadelo. Até hoje, no local, falta a infraestrutura prometida pelo Poder Público, e a área começa a virar território livre para aventureiros.


R$ 2,6 BI AO DIA EM IMPOSTOS
Autor(es): » Vera Batista
Correio Braziliense - 20/07/2011


Brasileiros pagam R$ 465,6 bilhões ao Fisco no semestre, 12,8% a mais do que nos seis primeiros meses de 2010. Recorde de R$ 82,7 bilhões em junho surpreendeu o mercado

A economia no Brasil perdeu força no primeiro semestre, mas a carga tributária não deu trégua aos contribuintes. Os brasileiros pagaram ao Leão, desde o início do ano, R$ 2,572 bilhões por dia em impostos federais — incluindo domingos e feriados.

Entre janeiro e junho, a Receita arrecadou R$ 465,6 bilhões, valor 12,7% maior do que o registrado no mesmo período de 2010 (já corrigida a inflação). E embora seja cobrada sob a justificativa de sustentar a máquina pública e a prestação de serviços à sociedade, a pesada fatura acaba se perdendo na sangria da corrupção, como o que se vê no Ministério dos Transportes.

Nos cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os brasileiros trabalharam cinco meses neste ano só para pagar impostos. Somente no mês passado, foram recolhidos R$ 82,7 bilhões, alta de 23% ante junho do ano passado e de 15,6% em relação a maio.

O resultado mensal superou a expectativa de boa parte dos analistas do mercado e foi inflado pela concentração de pagamentos do Refis da Crise (Lei nº 11.941), que chegaram a R$ 6,8 bilhões em junho.

Nos meses anteriores, a média de arrecadação nessa rubrica girava em torno de R$ 600 milhões. O desempenho causou surpresa no próprio secretário da Receita, Carlos Alberto Barreto.

"Foi (uma arrecadação) extraordinária, atípica e fora da curva. Não tínhamos como auferir que a antecipação seria desse porte. Pretendemos aperfeiçoar as regras do parcelamento", afirmou. Cerca de 60 mil contribuintes inscritos no programa de refinanciamento anteciparam o pagamento de parcelas, segundo Barreto.

Na avaliação do economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, o fator extraordinário abre uma pequena folga para o cumprimento da meta de superavit primário (economia para o pagamento de juros) de cerca de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Entretanto, não cria uma reserva de caixa suficiente para atender aos gastos elevados, como o aumento do salário mínimo em 14%. "O recolhimento do Refis tende a acomodar em R$ 1,2 bilhão, o que pode levar o governo a se sentir motivado a gastar mais esse ano; 2012 é o problema, porque a dinâmica da economia não vai se manter e não haverá espaço para absorver a elevação das despesas", comentou.

Aperfeiçoamento
O secretário afirmou ainda que a Receita prepara duas medidas para aperfeiçoar os parcelamentos futuros. A primeira etapa será a criação de um sistema mais ágil para adesão e processamento dos débitos. "Queremos uma regra aderente à capacidade de pagamento dos contribuintes. Temos que separar o joio do trigo", afirmou.

Os setores que mais contribuíram para o crescimento da receita no semestre foram: extração de minerais metálicos, que subiu 292,66%; comércio de veículos (37,18%); e seguros e previdência complementar (29,34%).








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