Autor(es): » Amanda Almeida |
Correio Braziliense - 20/07/2011 |
Belo Horizonte — Representante das principais empreiteiras do país, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) faz uma previsão sombria sobre o principal evento esportivo que o Brasil sediará nos próximos anos: a Copa do Mundo de 2014. Segundo a entidade, o país perdeu o tempo do Mundial e as obras de infraestrutura nem sequer sairão do papel. Para o presidente da entidade, Paulo Safady Simão, "puxadinhos" serão improvisados para dar ares de obra feita e o saldo da empreitada será negativo, tanto para os cofres públicos quanto para imagem brasileira perante a opinião pública internacional. "É claro que vamos passar vergonha diante dos turistas", comentou Simão. Em palestra ontem, em Belo Horizonte, ele afirmou ainda que nem mesmo o novo modelo de licitações, à espera da sanção da presidente Dilma Rousseff, cumprirá o objetivo de acelerar as obras. Para ele, o sistema criará mais um problema: "O Regime Diferenciado de Contratações (RDC) é um campo aberto à corrupção". "Do ponto de vista de legado, morreu. Não tem mais o que fazer", disse Simão, em relação à Copa do Mundo, acrescentando que "a iniciativa privada não vai abraçar uma causa perdida". Para ele, o governo federal demorou para se mobilizar e estimular os empreendedores do país. Entre os principais gargalos, estarão os aeroportos. "Vão fazer um "puxadinho" no Aeroporto Internacional de Confins (MG), que precisava de um novo terminal. Os turistas só vão constatar uma coisa que já sabemos: os terminais não têm estrutura para recebê-los", afirmou Simão. Contestação Sob o argumento de acelerar as obras da Copa, o governo federal pressionou o Congresso pela rápida aprovação do RDC. Entre outras regras, o sistema autoriza o Executivo a não revelar o custo estimado das obras aos participantes da licitação. Enquanto o Planalto defende que as novidades evitarão conluio entre empresas, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção diz o contrário, e afirma que a medida acaba com a transparência nas contratações. "Se você faz opção por ocultar os preços, está querendo beneficiar alguém", argumenta Simão. |
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