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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Em visita à Bahia, Lula fala sobre crise ministerial


Patrícia França e Regina Bochicchio


Lula visitou as instalações do Hospital Estadual da Criança em Feira de Santana
Lula visitou as instalações do Hospital Estadual da Criança em Feira de Santana

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) chegou a Salvador no início da noite desta quarta-feira, 20, por volta das 18h, onde teve um encontro a portas fechadas com lideranças e parlamentares da base do governo Dilma Rousseff.

Lula não falou com a imprensa nem informou o motivo da reunião. De acordo com o deputado federal Nelson Pellegrino (PT), a pauta da reunião seria a confraternização com a base do governo, para se ter uma conversa política informal. Contudo, especula-se que seja uma visita para fortalecer alianças políticas, uma vez que se aproximam as Eleições 2012.

Estiveram presentes na reunião o governador Jaques Wagner (PT), o vice-governador Otto Alencar(PP), a senadora Lídice da Mata (PSB), o deputado Marcelo Nilo (PDT), presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, além de vários deputados federais e estaduais da base do governo.

Mais cedo, Lula visitou a matriarca da família Veloso, Dona Canô, em Santo Amaro da Purificação, a 74 km de Salvador, e, em seguida, passou por Feira de Santana para visitar as instalações do Hospital Estadual da Criança.

Nesta quinta, 21, Lula participa do lançamento do Plano de Safra da Bahia 2011/2012.

Crise - Na segunda etapa de sua agenda na Bahia, em Feira de Santana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou falar com a imprensa sobre a crise no Ministério dos Transportes, mas fez uma breve análise sobre o caso quando provocado sobre os cada vez mais frequentes afastamentos de funcionários do governo.

Autodenominando-se um “ajudante da presidente Dilma”, Lula disse, ao ser indagado sobre o que achava do grande número de demissões no Ministério dos Transportes, que os cortes podem chegar “a cem, a um milhão, a dez milhões” existindo, na visão dele apenas uma forma de as pessoas não serem punidas “não cometerem erros”.

Embora a presidente Dilma Rousseff tenha herdado o esquema montado pelo PR no Transporte no governo Lula, o ex-presidente garante que dizia na sua época de ocupante do Palácio do Planalto que “se as pessoas agirem com honestidade e decência, todo mundo poderá ser absolvido; se as pessoas cometerem erro, pagam pelos erros que cometerem. Isso vale para a presidente Dilma, valeu para mim e vale 'pro' Wagner e qualquer um”. O ex-presidente não quis responder se a crise no Ministério dos Transportes desestabilizavam ou não o governo.

O ex-presidente contou já ter se adaptado à nova vida, fora do poder. “Sinceramente me desencarnei”, brincou numa alusão à sua própria piada pouco antes de deixar a presidência segundo a qual o seu maior problema seria justamente “desencarnar” do cargo de presidente da República. “Vou voltar a andar pelo Brasil, vou voltar a conversar com o povo brasileiro. Sou ajudante da presidente Dilma. Tenho plena convicção da competência dela e que vai fazer um extraordinário governo e naquilo que for necessário ajudar estarei ajudando”, disse.

Junto com o governador Jaques Wagner, Lula visitou as instalações do Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana que ele não pode inaugurar no dia marcado porque não havia teto para o helicóptero presidencial pousar na cidade. De Feira, ele seguiu para Salvador onde teve um encontro fechado com lideranças e parlamentares do PT da Bahia.



Atarde Online

Contrato é renovado sem licitação

O Globo - 20/07/2011

BRASÍLIA. O Dnit contratou uma empresa sem licitação para fornecimento de mão de obra para a sede do órgão em Brasília e, um dia depois, aumentou o valor do contrato em R$3 milhões. A Patrimonial Serviços Especializados, que prestava o mesmo serviço para a autarquia, teve o contrato renovado inicialmente em R$9,6 milhões. No dia seguinte à publicação no Diário Oficial da União, o valor subiu para R$12,6 milhões.

A licitação para a continuação da prestação de serviço foi anulada pela diretoria colegiada do Dnit em 29 de março deste ano. A decisão foi publicada no Diário Oficial do dia 31. Segundo o Dnit, a concorrência foi anulada "em virtude da ocorrência de erro formal insanável no procedimento licitatório".

O edital de abertura da concorrência foi publicado no site do Dnit, no Diário Oficial e no Comprasnet. Como havia erros na publicação, houve necessidade de correção. Mas as erratas só foram publicadas no site do Dnit e no Comprasnet. Por isso, a diretoria do Dnit decidiu a anular a concorrência e beneficiar a própria Patrimonial.

O Dnit informou que foi firmado um contrato emergencial devido à anulação da licitação. O aumento do valor do contrato ocorreu, segundo o órgão, porque houve dissídio coletivo da categoria, com reajuste salarial.

Valdemar montou ''República de Mogi'' nos Transportes

Autor(es): Leandro Colon
O Estado de S. Paulo - 20/07/2011

Secretário-geral do PR instalou no ministério amigos de longa data da cidade paulista que é seu principal reduto eleitoral


O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) montou uma "República de Mogi das Cruzes" na área de Transportes do governo federal. A cidade paulista, de pouco mais de 350 mil habitantes, é o reduto eleitoral de Valdemar. Secretário-geral do PR, ele pôs no ministério amigos de longa data de Mogi. É conhecida no ministério como a "turma do Valdemar". Nela, existe até o "casal Valdemar". É o apelido dado por funcionários ao casal Eduardo Lopes e Ana Fátima Feliciano Lopes, lotados na pasta desde 2008.

Diante da crise instalada na pasta, Eduardo Lopes pediu ontem para sair. Segundo o Ministério dos Transportes, a demissão deve ser publicada hoje no Diário Oficial. A estratégia é tentar preservar a mulher para manter a influência de Valdemar no governo. Assim, Ana Fátima continuaria como uma "olheira" do deputado nos Transportes. Isso porque Valdemar já perdeu na semana passada Frederico Augusto Dias, o Fred, seu representante da "República de Mogi" no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Fred havia sido infiltrado no órgão por meio de uma empresa terceirizada. Tinha até gabinete.

O outro mogiano da lista de confiança de Valdemar é Nilo Moriconi Garcia, ouvidor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), agência reguladora do setor de transportes rodoviários no Brasil. Filiado ao PR, Garcia, que é amigo de infância de Valdemar e próximo de Eduardo Lopes, também é membro do conselho de Administração da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, empresa vinculada ao Ministério dos Transportes.

Currículo. Eduardo Lopes foi candidato a prefeito em Mogi em 1992, mas não conseguiu se eleger. Seu pai, Jacob Lopes, foi um dos únicos dois deputados estaduais de São Paulo a terem o mandato cassado na Assembleia Legislativa. Em 1986, o Legislativo paulista cassou Jacob por envolvimento em um escândalo conhecido como "Mogigate", no qual foi acusado por um empresário de uma empresa de ônibus da cidade de pedir propina para intermediar negócios com a Secretaria de Estado dos Negócios Metropolitanos. Já Ana Fátima foi instalada por Valdemar na Secretaria de Política Nacional de Transportes em 2008, área estratégica do ministério.

O "terceirizado" Frederico Dias foi duas vezes candidato a vereador em Mogi e uma a vice-prefeito, esta última em 2004. Perdeu nas três. Na cidade, também presidiu o União Futebol Clube, mais conhecido clube de futebol local, mas sofreu um impeachment por não conseguir explicar uma parceria econômica feita por sua gestão.

Nilo Moriconi Garcia é de uma família tradicional de Mogi e tem um irmão que é delegado na cidade. Ele presidiu audiências públicas do governo federal feitas em diversas cidades por ocasião do planejamento do trem-bala. No ano passado foi autorizado pelo diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo, a viajar para Pequim, na China, a fim de participar do 7.º Congresso Mundial de Alta Velocidade Ferroviária.

Além deles, Valdemar colocou ainda nos Transportes a advogada Luciana Alves de Araújo, funcionária de uma empresa terceirizada. Era padrinho político também de José Osmar Monte Rocha, demitido ontem do ministério após o Estado revelar seu envolvimento na contratação de uma empresa de fachada pelo Dnit no valor de R$ 18,9 milhões.

República amazonense. Se Valdemar montou a "República de Mogi", o ex-ministro Alfredo Nascimento escalou a sua "República do Amazonas" dentro do ministério. Alguns ainda continuam trabalhando lá. É o caso, por exemplo, da advogada Érica Vieira Motta, nomeada no começo de junho.

Amiga de longa data de Nascimento, ela cuida da liquidação do orçamento do Grupo Executivo, órgão criado pelo ministério para cuidar do passivo do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Ela substituiu Livia Queiroz Amorim, também apadrinhada de Nascimento.

Dois demitidos ontem, em meio ao escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes, foram levados do Amazonas para Brasília pelo ex-ministro. O assessor Estevam Pedrosa, que atuava na subsecretaria de assuntos administrativos, e Darcy Michiles, filiado ao PR no Estado, ex-secretário de Fomento para Ações do Ministério dos Transportes.

Os feudos do PR no Ministério

A turma de Valdemar da Costa Neto

Eduardo Lopes

Indicado de Valdemar, é de Mogi das Cruzes, terra do deputado, e trabalha no ministério desde 2008. Hoje cuida de processos administrativos e sindicâncias.

Ana Fátima Feliciano Lopes

Mulher de Eduardo, também indicada por Valdemar. Trabalha na Secretaria de Política Nacional de Transportes, área estratégica da pasta.

José Osmar Monte Rocha

Apadrinhado de Valdemar. Era presidente do Grupo Executivo do ministério e atestou a capacidade técnica de uma empresa de fachada.

Frederico A. de Oliveira Dias

Afilhado político de Valdemar. Foi classificado como "boy" e demitido semana passada do Dnit, onde era funcionário terceirizado.

Luciana Alves de Araújo

Advogada, trabalha numa empresa terceirizada dentro do ministério. Foi indicada por Valdemar. Atua em parceria com Eduardo.

Nilo Moriconi Garcia

Ouvidor da ANTT e membro do Conselho de Administração da Valec. Foi nomeado em cargo de confiança. E amigo de infância de Valdemar.

O grupo de Nascimento

Mauro Barbosa

Ex-chefe de gabinete, era homem de confiança do ex-ministra. Foi afastado no começo do mes apos denuncia do esquema de corrupção no ministério.

Tito Barbosa

Era assessor especial do ex-ministro Alfredo Nascimento e também deixou o cargo após a revelação do esquema dentro do Ministério dos Transportes.

Estevam Pedrosa

Atuava na subsecretaria de assuntos administrativos e era um dos principais assessores de Alfredo Nascimento no ministério. Foi exonerado ontem.

Darcy Michiles

Filiado ao PR no Amazonas e ligado ao ex-ministro, era secretário de Fomento para Ações de Transportes do Ministério. Saiu ontem do cargo.

Érica Vieira Motta

Advogada, nomeada no mês passado, cuida, entre outras coisas, do orçamento do Grupo Executivo. Ainda trabalha no ministério.

Marciano Roberto Pereira de Sousa

Também indicado do ex-ministro Alfredo Nascimento. Ainda trabalha no Ministério dos Transportes.

Os outros afilhados de Valdemar

Autor(es): » Vinicius Sassine
Correio Braziliense - 20/07/2011

Pelo menos três pessoas da cidade natal do deputado foram trazidas de Mogi das Cruzes para trabalhar em órgãos ligados à pasta

O grupo do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) instalado no Ministério dos Transportes vai além dos 12 servidores demitidos até agora. O parlamentar indicou outras três pessoas, todas de sua cidade, Mogi das Cruzes (SP), para cargos importantes no ministério e órgãos ligados à pasta. Os servidores são Nilo Moriconi Garcia, ouvidor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) desde 2005, e o casal Eduardo Lopes e Ana Fátima Feliciano Lopes, que chegou ao Ministério dos Transportes em 2008. Nilo Moriconi faz parte do Diretório Nacional do PR desde março do ano passado.

Eduardo atua dentro do Dnit, na Subsecretaria de Assuntos Administrativos do ministério. Já Ana Fátima está lotada na Secretaria de Política Nacional de Transportes. Assim que chegou à secretaria, foi nomeada pelo então ministro, Alfredo Nascimento, para o cargo de coordenadora-geral de Análise de Editais no Departamento de Outorgas. Procurada pelo Correio, Ana Fátima disse que chegou a Brasília com o marido em 2008. Mas não quis falar sobre a relação com Valdemar Costa Neto. "Não tenho nada a declarar. A mim isso não afeta em nada." A reportagem não conseguiu localizar Eduardo e Nilo. No telefone da casa do ouvidor da ANTT em Mogi das Cruzes, uma irmã dele disse que a nomeação foi feita pelo presidente à época, Luiz Inácio Lula da Silva, sem influência de Valdemar.

"Todo mundo que foi embora de Mogi das Cruzes, chamado por Valdemar, foi para trabalhar no Ministério dos Transportes. Essas pessoas têm vínculo de amizade com ele, muito maior do que Frederico Augusto. São "braços direitos" e conhecem Valdemar desde a juventude", diz um morador de Mogi das Cruzes próximo ao deputado. O Ministério dos Transportes, por meio da assessoria de imprensa, diz não ter conhecimento das indicações feitas por Valdemar. A secretária de imprensa do PR afirma que as indicações partem da legenda. "Valdemar, como secretário-geral, é sempre signatário das indicações."




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