Agência Brasil
RIO - Familiares de vítimas da violência no Rio de Janeiro fizeram uma manifestação na Praia do Leblon, Zona Sul da cidade, para pedir paz. O protesto, chamado de "Marcha em Defesa da Cidadania", foi liderado por organizações não-governamentais, associações de moradores e comerciantes do bairro e por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A ONG Rio de Paz aproveitou a manifestação para pedir apoio a um abaixo-assinado que será encaminhado ao governo federal. Segundo o presidente da ONG, Antônio Carlos Costa, o documento pede uma revisão nas políticas de segurança pública para que se reduza a criminalidade.
"Nosso objetivo é ver brasileiro parar de morrer. Ver carioca parar de ser assassinado. O que queremos é que a Declaração Universal dos Direitos Humanos seja respeitada e a Constituição Federal seja cumprida na nossa terra. Chegamos à conclusão de que o estado do Rio de Janeiro se encontra numa situação de ingovernabilidade no campo da segurança pública. Precisamos da presença do governo federal", disse.
A manifestação utilizou como símbolos duas vítimas recentes da violência: um jovem de 19 anos morto pela Polícia Militar em Bangu, Zona Oeste da cidade, e um senhor de 85 anos, assassinado em um assalto, na Zona Sul do Rio.
William de Souza Marins, 19 anos, era evangélico. Quando foi morto, no último dia 18 de maio, os policiais registraram a ocorrência como auto de resistência, ou seja, em confronto com a polícia, e disseram que William estava armado. Seu pai, Jaldemir Marins, e o restante de sua família negam a versão oficial do fato e pedem justiça.
"Nosso filho William foi morto por policiais militares. Uma coisa horrível. Era um garoto evangélico, criado na igreja e foi morto assim, como bandido. Esse movimento é importante para que isso não aconteça com mais ninguém", disse Marins.
O outro símbolo da campanha, Ulrich
Rosenzweig, era um judeu que vivia na Europa na época da Segunda Guerra e sobreviveu ao Holocausto. Entretanto, não sobreviveu à violência no Rio de Janeiro e foi assassinado no dia 27 de maio deste ano. Sua filha, Evelyn, já era uma ativista anti-violência, antes do incidente.
"Há 10 anos que eu venho lutando por melhorias nesta questão da segurança pública. Mudanças radicais e estruturais na polícia e na política de segurança", contou.
Também hoje na Zona Sul, em outro protesto, manifestantes recolheram assinaturas para pedir a prisão do deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins (PMDB). Ele havia sido preso pela Polícia Federal, no final de maio, por suspeita de formação de quadrilha armada, corrupção e lavagem de dinheiro, mas foi solto por determinação de 40 deputados da Assembléia Legislativa.
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