Originalmente, Ciranda de pedra é de uma época em que as novelas eram dirigidas às mulheres. Por isso mesmo, a história de Alcides Nogueira tem um núcleo principal quase que totalmente dominado pelo sexo feminino. Coisa normal para os folhetins do passado, mas incomum nas tramas apresentadas nos últimos tempos. As atrizes não só estão presentes em maior número como também dominam as ações.
Foi o que aconteceu em uma tarde de gravações no Projac, quando elas mostraram um ótimo entrosamento em cena. Mãe das três garotas da história – Bruna, Otávia e Virgínia, de Anna Sophia Folch, Ariela Massotti e Tammy Di Calafiori, respectivamente –, Ana Paula Arósio grava uma cena emocionante na pele de Laura. Debaixo de chuva, ela grita desesperadamente pelo desejo de ver as filhas na casa do vilão Natércio, vivido por Daniel Dantas. Esta é apenas a primeira de dezenas de cenas que a protagonista tem pela frente. “Gosto mais de gravar 30 do que duas cenas em um dia. Essa personagem me possibilita viver uma mulher mais velha e que, além de tudo, é mãe”, empolga-se Ana Paula, ao justificar a importância de seu papel.
A cumplicidade que as atrizes demonstram faz diferença no dia-a-dia de trabalho. Enquanto gravavam as cenas que vão ao ar entre amanhã e 12 de junho, em nenhum momento as jovens mostraram dificuldades em se emocionar. Muito pelo contrário. Mesmo em um momento do reencontro com a mãe, em que não era preciso chorar, Tammy não conseguiu evitar algumas lágrimas. E Ana Paula Arósio não deixou o momento passar em branco. “Ela é a mais manteiga derretida das três”, denuncia a atriz. “Mas eu olho para a Ana Paula e já dá vontade de chorar”, exagera Tammy, na tentativa de se explicar.
Ao comando das cenas está um homem. É o diretor Carlos Araújo, que elogia a performance das atrizes. Ele explica que a ótima parceria que todas estabeleceram é conseqüência de um trabalho longo. A começar pelos testes, que foram vários e mediram não só a performance individual de cada uma, mas também como seria o aproveitamento conjunto. Depois de escolhidas, elas passaram a conviver de perto 40 dias antes da estréia da novela. “Mandava as três saírem e fazerem tudo juntas para se acostumarem uma com a outra. É por isso que hoje as vejo com a Ana Paula e é como se fossem uma única pessoa”, derrete-se o diretor.
Outra que chama a atenção na “panelinha” feminina da trama é Ana Beatriz Nogueira, na pele da megera Frau Herta. Nessa mesma tarde de gravações, a atriz comete mais uma de suas maldades na pele da insensível governanta. Na sala da mansão dos Prado, Otávia pinta um quadro com o rosto de sua mãe. Quando ela sai, Frau Herta não hesita em borrar a imagem quase finalizada com tinta preta.
Propositalmente, é claro. Ao final da gravação, até a equipe tem vontade de xingar a personagem tamanha são suas maldades. Mas, da porta do estúdio para fora, Ana Beatriz também é queridíssima das meninas. “É engraçado porque a Ana Beatriz chega a pedir desculpas pelas maldades da personagem quando a gente acaba de gravar”, conta Ana Sophia Folch.
A intérprete de Frau Herta, por sua vez, conta que as maldades de sua personagem não dão raiva apenas nas colegas de cena. O público também tem demonstrado ódio em relação a ela. “Por incrível que pareça, quem mais sofre é a minha empregada. As pessoas vivem perguntando como ela agüenta ter uma patroa tão horrível”, diverte-se Ana Beatriz Nogueira. A atriz, no entanto, não acredita que sua personagem chame tanta atenção pelo fato de ser vilã. “O que chama a atenção são bons personagens, bons atores e uma boa novela”, defende. Mas, apesar de bons personagens e produção cuidadosa, Ciranda de pedra mantém baixos 22 pontos de média.
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