Os maiores rolos de petistas no comando da Casa Civil
De tempos em tempos, o governo Lula se vê obrigado a explicar negócios obscuros, lobbies bilionários, maletas de dinheiro voadoras e beneficiamento a grupos privados. Muitas vezes, esses escândalos surgem justamente no coração do Palácio do Planalto: o Ministério da Casa Civil. O mais recente deles envolve a agora ex-ministra Erenice Guerra, que sucedeu Dilma Rousseff no comando da pasta.
Erenice perdeu o cargo pouco após VEJA revelar que o filho dela, Israel Guerra, transformou-se em lobista, intermediando contratos milionários entre o governo e empresas mediante uma ‘taxa de sucesso’. Tudo era feito com a anuência e o apoio da ex-ministra. Essa não foi a primeira vez, porém, que Erenice esteve envolvida em um escândalo político.
Em 2008, quando se descobriu que ministros do governo Lula estavam financiando comprinhas em free shops e jantares em churrascarias com os cartões corporativos do serviço, um grupo de assessores da Casa Civil foi encarregado de escarafunchar os arquivos do Palácio do Planalto em busca de uma revanche: gastos semelhantes do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi justamente Erenice quem repassou aos subordinados a ordem para compilar as informações. Na ocasião, ela era secretária executiva da Casa Civil, chefiada por Dilma Rousseff.
Um ano mais tarde, Dilma esteve novamente no olho do furacão. Em agosto de 2009, primeiro numa entrevista e depois em depoimento no Congresso, a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira acusou a então ministra-chefe da Casa Civil de tê-la convocado para uma reunião no Palácio do Planalto. Na conversa, Dilma teria pedido que Lina interferisse no andamento de uma investigação tributária que incomodava a família do presidente do Senado, José Sarney. Se comprovado, o encontro criaria sérios constrangimentos legais à ministra, pré-candidata do PT à Presidência da República. Dilma, porém, sempre negou com veemência a existência da reunião.
O antecessor de Dilma no cargo dia sim, outro também, tinha seu nome envolvido em escândalos. Onde quer que brotasse um caso suspeito incluindo gente do PT e dinheiro alto, cedo ou tarde o nome de José Dirceu aparecia. Foi justamente enquanto Dirceu esteve no comando da Casa Civil que se deu o primeiro grande caso de afastamento na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva motivado por uma denúncia de corrupção, em 2004.
Naquele ano, Waldomiro Diniz, então assessor de José Dirceu, foi filmado pedindo propina a um empresário de jogos. Na época, Waldomiro afirmou que parte do dinheiro recolhido foi repassada à campanha de Geraldo Magela ao governo do Distrito Federal, em 2002, eleição que ele perdeu para Joaquim Roriz. Quando o caso veio à tona, Waldomiro elaborava uma medida provisória para legalizar os bingos no país. Dirceu jura que não sabia desse toma-lá-dá-cá. Se, após muita turbulência, Dirceu foi mantido no cargo, ao próximo escândalo ele não resistiria.
Em 2005, ele foi expurgado do cargo de ministro por causa do escândalo do mensalão – o milionário esquema de desvio de dinheiro público usado para abastecer campanhas eleitorais do PT e corromper parlamentares no Congresso. Mais tarde, Dirceu viria a ter cassado seu mandato de deputado federal e suspensos seus direitos políticos. Desde então, ele tem se esgueirado nas sombras, como intermediador de negócios entre a iniciativa privada e o governo.
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