Com acusações contra Erenice, aliados querem evitar novos desgastes e garantir nomes de confiança da candidata para cargos
A queda da ex-ministra Erenice Guerra da Casa Civil na semana passada desfalcou o já restrito grupo de confiança da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Braço direito de Dilma na época em que a candidata era titular da pasta, Erenice era considerada presença garantida no "núcleo duro" de um eventual governo petista em 2011 antes da denúncias de que seu filho Israel teria praticado tráfico de influência dentro do governo Lula. Com a saída da ex-assessora de Dilma da pasta, o grupo mais próximo à petista entrou em estado de alerta e quer evitar novas baixas.
Na campanha, a cota pessoal da candidata é formada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, o presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Alessandro Teixeira, e o ex-assessor Giles Azevedo.
Na reta final da campanha, o trio tem se articulado para frear o fortalecimento de outros nomes dentro da campanha, como os coordenadores Antonio Palocci e José Eduardo Cardozo, cotados para Casa Civil e Justiça, respectivamente. Também querem barrar peemedebistas de olho em “espaços vazios” e, principalmente, em cargos estratégicos do futuro ministério. No último domingo, Pimentel e os dois auxiliares próximos de Dilma jantaram em Brasília para reavaliar o cenário da candidata na montagem do governo.
Concluíram que, sem opção para nomes de confiança, Dilma poderá ter de aceitar indicações que não constavam de sua prioridade para cargos estratégicos e de outras cotas, como o aliado PMDB e o próprio PT.
Antes de sair da Casa Civil, Erenice Guerra era uma das principais cotadas para ocupar vaga no eventual governo Dilma
A membros da campanha, Pimentel admite preocupação com o cenário eleitoral em Minas. Segundo tem dito, para se fortalecer e ocupar um cargo estratégico em um eventual governo petista, o ex-prefeito precisa se eleger para o Senado, mas está atrás nas pesquisas em relação aos adversários Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS). Antes cotado para a Casa Civil, a possibilidade de Pimentel no cargo, por ora, está descartada dos planos da candidata. Sem mandato, o cenário vislumbrado por Pimentel é o Planejamento ou Cidades já que o ex-prefeito sabe que enfrentará resistência interna do PT para ocupar pastas como a Casa Civil.
Antes de Erenice, Pimentel foi alvo de acusações no período da pré-campanha de Dilma, no episódio da suposta confecção de um dossiê contra o tucano José Serra (PSDB). Amigo de Dilma e homem forte da campanha no começo do ano, Pimentel foi afastado da coordenação após ser acusado de envolvimento com esquema de espionagem para prejudicar o adversário tucano.
Opções
Com os episódios que atingiram Pimentel e Erenice, restaram apenas dois os nomes que compõem o chamado “grupo da Dilma” e que não foram alvos de acusações: os petistas gaúchos Giles Azevedo e Alessandro Teixeira.
Discreto e avesso a entrevistas, Giles foi assessor de Dilma na Casa Civil e raramente aparece em eventos públicos de campanha. A sua principal incumbência, oficialmente, é organizar a agenda da candidata. Em caso de vitória petista, membros da coordenação dão como certa a sua indicação para chefia de gabinete da Presidência.
Presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) ,Teixeira foi escalado para, junto ao assessor Marco Aurélio Garcia, redigir o programa de governo da candidata, que ainda não foi finalizado. Ele acumulou a redação do texto com a participação em eventos no lugar de Dilma, como o Congresso Brasileiro do Cooperativismo, no último dia 11, e no Instituto Ethos, nesta terça-feira.
Por substituir a candidata em eventos que fogem de sua área de atuação, como o encontro no Instituto Ethos que tem o desenvolvimento sustentável em pauta, integrantes da coordenação entendem que Dilma está “testando” Teixeira para que, ao ganhar musculatura e visibilidade, ele esteja preparado para ocupar um cargo no eventual governo. Entre os ministérios cotados para Teixeira, está o de micro e pequena empresa, promessa de campanha de Dilma Rousseff.
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