Uma reportagem publicada na edição desta quarta-feira (22) do jornal britânico Financial Times afirma que os brasileiros não veem grandes diferenças entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), mas que, no entanto, podem estar subestimando a importância da escolha do novo presidente.
No texto intitulado "Eleitores ficam impassíveis diante das diferenças entre partidos brasileiros", o correspondente do jornal em São Paulo, Jonathan Wheatley, compara a eleição atual aos pleitos de 1994 e 2002.
"A grande diferença entre hoje e 1994 é que naquela época, e novamente em 2002, os brasileiros sabiam que estavam em uma encruzilhada", escreve Wheatley.
Ele diz que na eleição de 3 de outubro, os candidatos estão oferecendo aos brasileiros a continuidade, por um lado, e "outra coisa não muito bem definida", por outro.
"Hoje, muitos pensam que tanto faz quem ganhar as eleições", diz a reportagem.
No entanto, o jornal argumenta que, a exemplo de 1994 (quando Fernando Henrique Cardoso venceu a eleição no primeiro turno) e 2002 (quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu o segundo turno, disputado com José Serra, com mais de 61% dos votos), há diferenças entre os candidatos e que estas "deveriam estar mais claras".
Segundo o jornal, Dilma "é vista como uma estadista...seus instintos são para governos com grande papel do Estado e comando da economia".
Já Serra, segundo o "FT", deverá defender "um liberalismo suave e pró-mercado".
"[...] Existe uma diferença entre continuidade e retomada da reforma do Estado. Um promete crescimento lento e contínuo; o outro, maior investimento para melhorar a produtividade e uma solução para problemas como o padrão deplorável dos serviços públicos", escreve o jornal.
O "Financial Times" afirma que os brasileiros estariam optando nas urnas pelo primeiro caminho -- de continuidade -- e diz que Dilma não pretende fazer "nenhum grande ajuste".
Para o jornal, os eleitores não tem razão para se preocupar com mudanças radicais, já que caso Dilma vença as eleições, ela "não vai levar o Brasil para a esquerda".
Citando cientistas políticos brasileiros, o jornal afirma que Serra subestimou Dilma em julho, quando o tucano ainda liderava as pesquisa, e não preparou uma campanha forte o suficiente.
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