Os ataques de rebeldes no norte de Goma, no Congo, causaram a fuga de milhares de pessoas e ameaçam as tropas do governo. Diante dos confrontos, a ONU (Organização das Nações Unidas) enviou cerca de 17 mil soldados para ajudar as forças de segurança a conter os rebeldes.
"Há luta pesada. Você pode ver fumaça onde os foguetes atingiram", relatou um repórter da agência de notícias Reuters, acrescentando que, a cerca de seis quilômetros ao norte de Goma, artilharia pesada está sendo usada em confrontos entre rebeldes e forças de segurança.
Karel Prinsloo/AP |
Soldados uruguaios na missão da ONU brincam com crianças em um posto de observação |
As forças de paz da ONU, Monuc, está apoiando as tropas locais na ofensiva contra os rebeldes que ampliaram a violência na região. O chefe da Monuc, Alan Doss, afirmou em entrevista coletiva que suas forças estão "no limite".
"Eu obviamente espero que nós possamos conseguir apoio adicional o mais rápido possível, para que possamos colocar este processo de volta ao caminho certo", disse. "Monuc vai continuar intervindo com toso os recursos possíveis para a proteção dos civis e dos centros urbanos de North Kivu", continuou, se referindo à Província no oeste do Congo.
Os ataques dos rebeldes do Congresso Nacional de Defesa das Pessoas (CNDP, na sigla em inglês) levou os civis a buscarem refúgio em Goma, capital provincial, onde as forças de segurança nacional cercaram a cidade, informou o porta-voz da Monuc, Jean-Paul Dietrich.
Ele informou ainda que helicópteros da ONU sobrevoam a região para garantir cobertura ao Exército local durante o dia.
Controle
Dietrich disse ter informações de um funcionário da ONU na região de que os rebeldes derrotaram as forças da organização e tomaram o controle da cidade de Rutshuru, cerca de 60 quilômetros de Goma. Os confrontos, disse ainda, acontecem principalmente durante o dia, em regiões remotas do país.
Karel Prinsloo/AP |
Alguns dos milhares de congoleses que buscam refúgio das tropas rebeldes |
Um porta-voz dos rebeldes, Bertrand Bisimwa, disse à agência de notícias Associated Press que as linhas de controle dos rebeldes estão 19 quilômetros dentro de Goma, cidade de 600 mil habitantes.
O porta-voz da missão da ONU em Goma, Sylvie van den Wildenberg, afirmou que a situação está sob controle. "Nós reforçamos nossa presença lá", disse.
Com a fuga dos moradores, os acampamentos de refugiados estão superlotados. Ron Redmond, porta-voz da agência de refugiados da ONU, afirmou que o acampamento de Kibati para deslocados internos triplicou o número de abrigados em questão de horas.
Segundo a AP, congoleses atiraram pedras nas tropas da ONU que estavam se afastando das áreas de confronto. "O que eles estão fazendo? Eles devem nos proteger", disse um dos refugiados, Jean-Paul Maombi, citado pela AP.
As estimativas da ONU indicam que entre 800 mil e 1 milhão de deslocados internos estão vivendo em acampamentos controlados pela organização e outras agências humanitárias que atuam na região. Entre elas, disse Dietrich, estão cerca de 150 mil pessoas que chegaram na terça-feira. "Eu acho que estamos numa situação muito delicada", disse.
Histórico
Os confrontos entre rebeldes e forças de segurança aumentaram depois de domingo (26), quando o CNDP, liderado pelo general renegado Laurent Nkunda, tomou controle de um grande campo militar e um parque de gorilas uma semana após acordo de paz mediado pela ONU.
Os rebeldes, segundo Wildenberg, estão cercando áreas onde as pessoas desabrigadas estão para "aumentar a pressão sobre o governo e na comunidade internacional para atenderem seus pedidos". "Isto é inaceitável e uma violação das leis humanitárias", ressaltou.
Embora a Guerra Civil no COngo tenha acabado oficialmente em 2003, confrontos recentes no oeste do país entre rebeldes e as forças do governo forçaram a fuga de milhares de pessoas. As lutas, somadas à crise humanitária, mataram cerca de 5,4 milhões desde 1998. Segundo um relatório de janeiro do Comitê de Resgate Internacional, 45 mil pessoas morrem a cada mês.
Com agências internacionais
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