Protestante lembra impeachment de Collor e pede saída de Ricardo Teixeira

A poucas horas do início do sorteio das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, um grupo de torcedores se reuniu para pedir a saída de Ricardo Teixeira. João Hermímio Marques, pós-graduando em direito esportivo e presidente da Frente Nacional de Torcedores (FNT), lembrou o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1992 para protestar contra o mandatário da CBF.

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'Se o povo brasileiro conseguiu derrubar um presidente da república, também pode tirar o Ricardo Teixeira da CBF', disse Marques. A passeata partiu do Largo do Machado para a Marina da Glória, sede do sorteio, e foi mobilizada pelo 'Comitê Popular Copa do Mundo e Olimpíada', que congrega movimentos sociais com diferentes reivindicações.Marques diz ter mais de 10 mil torcedores cadastrados na FNT. Ele adiantou que manifestações populares contra Ricardo Teixeira e a Copa do Mundo de 2014 já estão programadas para outras cidades do Brasil, como São Paulo e Brasília, duas das 12 sedes do campeonato. O pretexto de que a CBF é uma entidade privada, usado pelo presidente, é refutado pelo manifestante.

'A CBF é uma entidade privada de interesse público. No Brasil, o futebol é algo de interesse público. A CBF, sozinha, não consegue fazer a Copa do Mundo. Sem o apoio do governo, ou seja, sem o nosso dinheiro, a CBF não consegue fazer a Copa do Mundo. Se o governo federal se retirasse, o Ricardo Teixeira não conseguiria fazer a Copa. A CBF deve ter transparência e moralidade nas suas diretrizes', disse Marques.

Ainda que a CBF seja uma entidade privada, como Ricardo Teixeira tem orgulho de dizer, o sorteio preliminar será organizado com R$ 30 milhões de verba pública, divididos igualitariamente pelo governo estadual e pela prefeitura do Rio de Janeiro. 'O mesmo estado em que os professores estão em greve a os bombeiros não têm filtro solar para trabalhar gasta R$ 30 milhões em uma festa da Fifa', observou Marques.

CAÇA A PARLAMENTARES

O deputado federal Anthony Garotinho chegou a coletar um número significativo de assinaturas para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito que investigaria a CBF e o Comitê Organizador Local.

Receoso, Ricardo Teixeira, presidente das duas entidades, foi a Brasília para fazer lobby contra a medida e alguns parlamentares que já haviam assinado a proposta teriam retirado seus nomes.

'Sabemos os nomes dos parlamentares que retiraram. Estamos entrando em contato com cada um deles cobrando porque eles retiraram as assinaturas do pedido de CPI', disse Marques.

A passeata teve adesão expressiva nas redes sociais durante a semana e Marques esperava reunir até mil torcedores. No entanto, na prática o número ficou bem abaixo do esperado e não mais de 50 pessoas participaram do protesto desde seu início. O volume de manifestantes foi engrossado por gente que tinha outras reivindicações, como por exemplo professores em busca de melhores condições de trabalho.

Ainda assim, Marques deve alcançar seu objetivo de 'chamar a atenção da sociedade', já que o número de profissionais da imprensa no local foi expressivo, inclusive com alguns representantes da mídia internacional. O grupo de manifestantes pretende se aproximar o máximo possível da Marina da Glória e tem até um documento para tentar entregar à presidente Dilma Roussef.

'Muita coisa pode mudar até a Copa do Mundo. Uma mobilização popular como a de hoje, e ela vai crescer, já é um indicativo de que muita coisa vai mesmo mudar', apostou Marques, antes de criticar também o ministro do Esporte. 'Além do Ricardo Teixeira, tem o Orlando Silva, que tem sido conivente com o discurso dele', declarou o presidente da FNT.

Boa parte dos torcedores compareceu ao protesto com camisas de diferentes clubes cariocas. Caso o cenário não mude nos próximos anos, Marques prevê que a maioria deles não verá sequer um jogo da Copa nos estádios. 'As novas arenas são bancadas por muitos, mas serão usadas por poucos. Estamos cheios desse futebol elitizado e idiotizado', encerrou.

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