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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ainda os privilégios da Família Lula da Silva, a nova aristocracia brasileira, e os bocós que não sabem distinguir questão pública de vida privada

Há dezenas, centenas talvez, de protestos porque publiquei aqui o vídeo, que está no YouTube, com a festa dos 15 anos de Bia Lula, a neta do “Cara”, atriz — amadora, segundo se sabe — cujo grupo de teatro conquistou o direito de captar R$ 300 mil pela Lei Rouanet. A Oi, a quem Lula prestou tão relevantes serviços, e a empresa sempre lhe soube ser grata, já se apresentou. A mamata foi garantida pelo Ministério da Cultura, cuja titular é Ana de Hollanda. É a velha aristocracia de esquerda garantindo benefícios à nova.

Vivemos este estado de coisas, em que os ladrões reivindicam o direito de assaltar os cofres públicos em nome do bem comum, porque devem ser raros os países a juntar tantos bananas. Aquela indagação feita por Juan Arias, o correspondente do El País, ainda está insuficientemente respondida: “Por que os brasileiros não se indignam?” Já ensaiei algumas respostas a sério. Talvez a verdade esteja no sarcasmo. Porque adoramos ter um nhonhô com o chicote na mão, dando ordens.

O sistema indica a origem de algumas visitas ao blog. Vi lá que veio um monte de gente do site “Amigos do Presidente Lula”, ou coisa assim. Espero que seja ao menos gente a soldo, que ganha uns trocos para fazer esse trabalho. Torram o saco: “Ah, você mistura tudo; trata-se de vida privada”. Quem mantém, ou permite que se mantenha, “vida privada” no YouTube quer que ela seja pública. Isso só para começar a conversa.

Não sabendo qual é a contribuição de Bia Lula à estética, tenho mais do que o direito — tenho é o dever — de saber por que o seu grupo mereceu a graça de Ana de Hollanda e vai fazer o seu “trabalho” com o meu dinheiro. E então pus a festa no ar. Ali está esboçado um padrão, um entendimento, por assim dizer, da “arte”. Como tudo está exposto para toda gente, esses deslumbrados reivindicam a força do exemplo. Ao divulgar a sua obra, em certa medida, eu cumpro a sua vontade. Mas não sou obrigado a gostar do que vejo.

Nota à margem - Os que vêm com aquele papinho de que gostavam do meu blog até ontem, mas, depois daquele post, não mais, respondo: a porta da rua é a serventia da casa. Há blogueiros implorando por leitores. É claro que gosto de ser muito lido, mas jamais deixarei de dizer o que penso porque “não pega bem”. Os “meus” leitores de fato sabem que não lhes puxo o saco, dizendo apenas coisas com as quais concordam. Às vezes, discordam de mim. É do jogo. Não sou populista. Não disputa eleição. Não sou candidato a blogueiro simpático do ano. Quem gosta fica aqui; quem não gosta vai embora. Ocorre que os que vêm com essa besteira não são nem leitores nem admiradores do blog.

Pobrismo
Escrevi nesta manhã que o “oprimido” que chega ao poder e continua a falar a “linguagem do oprimido” é só um fascista. Alguns bobalhões tentaram acusar meu preconceito; eu estaria mangando da cafonice da festa — e, pois, “do povo”, que seria também daquele jeito: cafona. Um: a família Lula da Silva não representa os brasileiros; ele foi eleito (e seu mandato já terminou, embora não pareça); ela não foi. Dois: “povo” uma ova! A festa é brega, mas é rica, conforme demonstra uma fartura de fotos, disponíveis a quem quiser ver. Está na Internet, diga-se (
aqui), para que seja vista. Até os rótulos da Coca-Cola traziam o nome da garota.

Os idiotas não me venham com a tese da natural humildade que simbolizaria o povo brasileiro. Que humildade? Que pobreza? Lula é político desde 1975, quando assumiu a direção de um sindicato. Tornou-se, por excelência, o burguês do capital alheio. Se ele próprio ou a família não souberam se aproveitar de determinados bens culturais que talvez traduzam com mais complexidade os matizes do ser humano — vale dizer: o que presta —, não foi por falta de oportunidade. Há muito ele e a família vivem como NÃO VIVE boa parte dos ricos brasileiros, que têm de zelar, sim, pelos negócios, ou a vaca vai para o brejo. São poucos os que vivem do puro “rentismo ” (se me permitem a palavra) ou da simples usura. Lula, o burguesão do capital alheio, este, sim, é um usurário da esperança. E cobra muito caro por isso — inclusive institucionalmente.

Sim, senhores! O ambiente em que floresce essa nova aristocracia é relevante porque ele nos diz muito do nosso presente e do nosso futuro. A concessão da autorização para a captação pela Lei Rouanet é mais uma evidência de que Lula transmite privilégios à sua descendência, como se não bastasse a grana da Oi na Gamecorp, de Lulinha, ou os passaportes diplomáticos concedidos a seus familiares.

Houve exageros nos comentários, e eu procurei cortá-los. Se escapou algum, volto lá e excluo. Aliás, não cheguei a publicar a metade do que foi enviado. Alguns ainda se indignam, sim, e isso é bom sinal. MAS É PRECISO TER MEDIDA NAS COISAS, E RENOVO O APELO NESSE SENTIDO. Dizer, no entanto, o que esse caras fizeram e fazem do que lhes concedeu, vá lá, o destino é mais do um direito; trata-se de uma obrigação. Sobretudo porque estão por aí, abusando de privilégios. A festança foi tornada pública de vários modos e em várias linguagens. Tudo posto na Internet para deleite das massas. Não recorri aos métodos do News of the World… A propósito: escrevi que só faltara um poema de Gabriel Chalita para abrilhantar a festa. Se houve poema, não sei, mas o “poeta” estava lá, como revelam as fotos. O evento deve render o seu 9.763º livro…

Por Reinaldo Azevedo

A Família Lula e a Lei Rouanet: com todo o respeito, “vida privada” uma ova!!!

Se há sujeito que faz a devida distinção entre as esferas pública e privada, este alguém sou eu. Alguns leitores estão reclamando do vídeo abaixo, que traz a atriz Bia Lula e os seus numa festa. “Pô, diz respeito apenas à família…” Huummm… Trata-se de um vídeo-propaganda, que está no YouTube, devidamente editado para encantar. Não recebi uma fita clandestina de alguém infiltrado no evento, não!

Uma das personagens principais da festa é simplesmente a figura PÚBLICA mais conhecida do Brasil. Reitero: não é de hoje que sei da existência do vídeo. Apesar do que vai acima, deixei pra lá. Agora não. O LEITOR TEM O DIREITO DE SABER MAIS SOBRE ESTA NASCENTE ESTRELA DO TEATRO, QUE ESTRÉIA COM O BENEFÍCIO DA LEI ROUANET, GARANTIDA PELA IRMÃ DO CHICO BUARQUE, COM O NOSSO DINHEIRO.

Uma única palestra do avô garantiria os R$ 300 mil. Duas pagariam todo o custo do espetáculo. Dinheiro não falta aos Lula da Silva. Basta fazer as contas para constatar que o Apedeuta é o mais novo milionário do Brasil. Por que jogar essa conta nas costas dos brasileiros? Será que devemos isso também ao Babalorixá de Banânia?

A única justificativa razoável - e, ainda assim, eu sou contra esse tipo de incentivo - seria a chamada contribuição estética, né? Não consta que a tal montagem de “A Megera Domada” esteja destinada a ser um marco do teatro brasileiro. Considerando a idade da moça, acho que ela deveria ralar um pouco mais, né?, como fazem todos os jovens atores e atrizes. Da forma como saiu o benefício, parece-me tratar-se de um privilégio aristocrático, digno mesmo da princesa que ela simula ser na sua festa de 15 anos.

Podem ficar tranqüilos. Eu sempre pondero muito bem os limites entre o público e o privado. O Ministério da Cultura cancele a autorização politicamente pornográfica para a produção captar R$ 300 mil pela Lei Rouanet, e eu nunca mais toco no assunto. Mas isso não vai acontecer porque essa gente não tem limites.

Está claro, ou preciso desenhar?

Por Reinaldo Azevedo






walcy carrasco e a neta do molusco


Oi banca quase metade do valor da peça estrelada por neta de Lula





A tele vai bancar R$ 300 mil, quase metade do custo total da peça da atriz Bia Lula, de 16 anos


Diogo Max, de

Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação

Lula

Perfil do ex-presidente Lula: 'benefícios e mais benefícios' aos seus parentes

São Paulo - A Oi vai financiar uma peça de teatro em que uma das atrizes é a neta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com reportagem publicada pela Folha de S. Paulo neste domingo. A tele vai bancar R$ 300 mil, quase metade do custo total da peça.


Segundo o jornal, a versão da comédia Megera Domada, escrita por William Shakespeare, só conseguiu a ajuda após promover Bia Lula, de 16 anos. Ainda de acordo com a reportagem, há um ano e três meses a produção buscava sem sucesso patrocínio entre as grandes empresas e órgãos públicos.

A Oi é uma velha conhecida por financiar projetos de familiares do ex-presidente Lula. Em 2006, a tele – por meio da Telemar – foi acusada de beneficiar em R$ 5 milhões um empreendimento de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. O escândalo ficou conhecido como caso Gamecorp, nome da empresa de games para celulares do filho do ex-presidente.

Mas a novela de ‘benefícios’ aos parentes de Lula não para por aí. Um dos casos mais emblemáticos foi a concessão por meio do Itamaraty dos passaportes diplomáticos a dois filhos do então presidente nos últimos dias do seu governo.

O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim concedeu o documento que dá privilégios no exterior a Luís Cláudio Lula da Silva, 25 anos, e Marcos Cláudio Lula da Silva, 39 anos. Ambos têm mais de 21 anos e não têm necessidades especiais, requisitos básicos para receber o benefício – este sem aspas.

Outro lado

Em resposta à reportagem da Folha de S. Paulo, a Oi afirmou que o histórico do produtor da peça, Oddone Monteiro, pesou na escolha para o benefício. Já o produtor disse que convidou Bia Lula pois sabia que ela atrairia atenção, mas negou tê-la usado para conseguir o financiamento.






LAST

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