09 de agosto de 2011
Coordenadora política do governo, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), buscou nesta terça-feira isentar o colega de Esplanada, o ministro peemedebista do Turismo, Pedro Novais, de qualquer participação em um suposto esquema de desvio de recursos de convênios na pasta e destacou que o foco agora é a crise financeira mundial. Na Operação Voucher, deflagrada pela Polícia Federal hoje, foram detidos, entre outros, o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, o secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, e um ex-presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).
Ideli avaliou que, em uma análise preliminar, Novais não pode ser colocado no rol de suspeitos, uma vez que os convênios alvo da investigação datam de 2009, quando o peemedebista não era o titular do ministério. Em seguida, ela chegou a insinuar que a operação policial possa estar sob suspeição.
"O convênio base da investigação é de 2009. Portanto, o ministro Pedro Novais não teria tido participação nesse convênio que teve início em 2009. Espero efetivamente que as investigações que estão em curso pela Polícia Federal apontem única e exclusivamente quem tem a responsabilidade ou culpa. Quem cometeu qualquer ato ilegal deverá ser punido. Por isso a gente acompanha a investigação", disse a ministra antes de se reunir com a bancada do PMDB no Senado.
"Tivemos nesta manhã uma operação da Polícia Federal com a prisão de inúmeras pessoas, pessoas que têm ligações partidárias, no plural. Estamos aguardando o desenrolar dos acontecimentos. Operação da Polícia Federal se acompanha. É igual decisão judicial, você acompanha e cumpre. Se houver algum abuso, obviamente não haverá complacência na operação. Teve uma operação, tiveram inúmeras prisões. Estamos acompanhando e esperamos que tudo tenha sido feito de forma correta, dentro da mais absoluta legalidade", afirmou.
A chefe de Relações Institucionais afirmou não ter condição de responder sobre o destino dos servidores presos na manhã de hoje e indicou que até a presidente Dilma Rousseff não sabia do cumprimento dos mandados de prisão e busca e apreensão consolidados nesta terça. "Nós todos fomos surpreendidos hoje pela amanhã quando na reunião que teríamos com ela para preparar o ato e o fechamento do acordo sobre o Supersimples no Palácio. Não tive informação anterior e não tenho nenhuma notícia de que alguém tenha tido informação anterior", disse.
Para Ideli Salvatti, independentemente da operação da Polícia Federal, o foco de atenções do governo é a crise financeira internacional e os possíveis reflexos no mercado brasileiro. "O grave neste momento é a crise econômica internacional. Isto é a nossa principal preocupação, e as medidas que já vem sendo tomadas e precisam continuar a ser tomadas, aprovadas, inclusive aqui no Congresso, para que o Brasil continue blindado, para que nós consigamos proteger nosso emprego, proteger a nossa indústria, proteger a nossa economia dessa gravíssima crise internacional que infelizmente todos nós estamos acompanhando", afirmou.
"Por mais grave ou sério que algum outro problema aconteça nós vamos cuidar, temos responsabilidade de cuidar, de conversar, de dar encaminhamento, mas em hipótese alguma podemos desviar o foco central. O foco central são as medidas necessárias que o governo vem adotando para enfrentar a crise", completou a ministra.
Operação Voucher
Superintendência da PF no Amapá, a ação cumpriu mandados de prisão em Brasília, São Paulo e Macapá (AP). Segundo a investigação, um esquema ilegal de desvios de recursos de convênios do Ministério do Turismo pode ter causado um prejuízo de cerca de R$ 4 milhões aos cofres públicos.
As irregularidades incluem o direcionamento das contratações às empresas pertencentes ao esquema, ausência de preço de referência e de critérios de aceitabilidade de preço, a não execução ou execução parcial do projeto contratado, o pagamento antecipado de serviços, fraude nos documentos comprobatórios de despesas, contrapartida não executada ou executada irregularmente pela entidade sem fins lucrativos e inexistência de fiscalização do convênio pelo Ministério do Turismo.
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