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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sean Goldman : Empresas brasileiras estão perdendo negócios nos EUA


Atraso de seis meses na renovação do Sistema Geral de Preferências (SGP) provoca queda de até 97% nas exportações para os americanos
As empresas brasileiras já começam a perder negócios por causa do atraso na renovação do Sistema Geral de Preferências (SGP) dos Estados Unidos. Com a agenda do Congresso americano cada vez mais complicada, o SGP – que reduz tarifas de importação para alguns produtos dos países em desenvolvimento – expirou no final de 2010 e até agora não foi renovado.
Levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Coalizão da Indústria Brasileira (BIC, da sigla em inglês) em Washington aponta queda expressiva nas exportações de pelo menos sete categorias de produtos que utilizam o SGP. Os porcentuais variam entre 18% e 97%.
No primeiro semestre comparado com janeiro a junho de 2010, as exportações de máquinas elétricas para os americanos caíram 27%, passando de US$ 127 milhões para US$ 93 milhões. Os embarques de madeira e artigos de madeira cederam 43%, de US$ 54 milhões para US$ 30 milhões. Em autopeças e equipamentos de transporte, a perda chegou a 97%, de US$ 15 milhões para apenas US$ 500 mil.
“Apesar de ter perdido importância relativa, o SGP é um instrumento importante para ajudar a equilibrar a balança com os Estados Unidos que hoje é fortemente deficitária”, disse Welber Barral, presidente do BIC e ex-secretário de Comércio Exterior. De janeiro a junho, o Brasil acumula déficit de US$ 4 bilhões com os EUA. Em 2010, o saldo negativo foi de US$ 7,7 bilhões.
“Com o câmbio atual, qualquer benefício é importante”, diz Mário Marconini, diretor de relações internacionais da Fiesp. Ele explica que, sem o SGP, as multinacionais deixam de atender os EUA pelo Brasil e passam a exportar da China ou México. “Boa parte dos benefícios do SGP é usufruido por empresas americanas no Brasil”.
O SGP existe desde 1974, mas se trata de um benefício unilateral que os EUA podem revogar a qualquer momento. Em 1997, quase 25% das exportações brasileiras para o mercado americano eram feitas via SGP. Em 2010, foram apenas 9,1%.
Nos últimos anos, os americanos tem discutido a exclusão do Brasil do SGP, argumentando que o País não pode mais ser considerado “em desenvolvimento”. A União Europeia já informou que vai retirar o Brasil do seu SGP por esse motivo.
O benefício, no entanto, também se transforma em instrumento de barganha. Os EUA já ameaçaram excluir o Brasil por causa de sua briga contra os subsídios agrícolas e até por causa do caso do garoto Sean Goldman (o pai americano disputou a guarda com a família da mãe brasileira, que faleceu). Os europeus usam o SGP para pressionar o Brasil a aceitar um acordo de livre comércio UE-Mercosul.
Batalha. Segundo Barral, o setor privado se prepara para uma batalha de convencimento dos congressitas americanos no segundo semestre, já que a agenda hoje está travada pela discussão do limite de endividamento dos EUA. Existe um pré-acordo no Congresso para renovar o SGP até 2013, mas a proposta está em análise pela Casa Branca.
O temor é que a renovação do SGP fique atrelada a outras discussões , como compensar as empresas americanas por eventuais aberturas comerciais. “Todo ano é a mais ladainha. Mas esperamos que a renovação do SGP ocorra em breve e seja retroativa”, disse Mário Branco, gerente de comércio exterior da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
exportnews.

 Sean Goldman: Brazilian companies are losing business in the U.S.

 

Six-month delay in the renewal of the Generalized System of Preferences (GSP) causes up to 97% drop in exports to the U.S.

Brazilian companies are starting to lose business because of delay in renewal of the Generalized System of Preferences (GSP) of the United States. With the agenda of Congress increasingly complicated, the SGP - which reduces import tariffs for some products in developing countries - expired in 2010 and so far has not been renewed.A survey conducted by the Federation of Industries of São Paulo (Fiesp) and the Brazilian Industry Coalition (BIC, the acronym in English) in Washington shows a significant drop in exports of at least seven categories of products that use the GSP. The percentages vary between 18% and 97%.In the first half compared with January-June 2010, exports of electrical machinery to the U.S. fell 27%, from U.S. $ 127 million to $ 93 million. Shipments of wood and wood articles yielded 43%, from U.S. $ 54 million to $ 30 million. In auto parts and transport equipment, the loss reached 97%, from U.S. $ 15 million to just $ 500,000."Despite losing relative importance, the GSP is an important tool to help balance the scales with the United States today is in deep deficit," said Barral, president of BIC and former Secretary of Foreign Trade. From January to June, Brazil accumulated a deficit of U.S. $ 4 billion with the U.S.. In 2010, the deficit was $ 7.7 billion."With the current exchange rate, any benefit is important," says Mario Marconini, director of international relations Fiesp. He explains that without the GSP, multinationals fail to meet the U.S. from Brazil and began exporting from China or Mexico. "Many of the benefits of the GSP is enjoyed by U.S. companies in Brazil."The SGP has existed since 1974, but it is a benefit that the U.S. can unilaterally withdraw at any time. In 1997, almost 25% of Brazilian exports to the U.S. market were made via the GSP. In 2010, there were only 9.1%.In recent years, Americans have discussed the exclusion of Brazil from the GSP, arguing that the country can no longer be considered "in development". The European Union has said it will remove Brazil from its GSP for that reason.The benefit, however, also becomes a bargaining tool. The U.S. has threatened to exclude Brazil because of his fight against farm subsidies, even if because of the boy Sean Goldman (the American father played guard with the family of a Brazilian mother, who died). Europeans use the GSP to press Brazil to accept a free trade agreement EU-Mercosur.Battle. According to Barral, the private sector is preparing for a battle to convince the American Congressman in the second half, as the agenda today is locked by the discussion of the U.S. debt limit. There is a pre-agreement in Congress to renew the GSP by 2013, but the proposal is under review by the White House.The fear is that the renewal of the GSP be linked to other discussions, how to compensate U.S. companies for any commercial openings. "Every year is the litany. But we hope that the renewal of the GSP to occur soon and be back ", said Mario White, manager of foreign trade of the Brazilian Association of Electrical and Electronics Industry (Abinee).exportnews.

Caso de Sean Goldman será levado ao Plenário do STF

29 de novembro de 2011 | 21h 19


AE - Agência Estado
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje levar ao Plenário da Corte o julgamento dos processos do caso do menino Sean Goldman. Ainda não há data prevista para o julgamento.
Silvana Bianchi, avó do menino, solicita nos pedidos de habeas corpus que seja suspensa decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que determinou a entrega de Sean ao seu pai biológico, David Goldman, que mora dos Estados Unidos. Ela quer que o menino seja ouvido sobre sua vontade de ficar no Brasil, com sua família brasileira.
Em dezembro de 2009, o relator do habeas corpus, ministro Marco Aurélio, concedeu liminar para suspender a decisão do TRF-2. A decisão, contudo, foi reformada pelo então presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, que, ao analisar dois Mandados de Segurança, dias depois, suspendeu a decisão do ministro Marco Aurélio.








LEMBRANÇAS
Da esq. para a direita: Sean com a mãe e o padrasto em uma festa de capoeira, em 2008; na Bahia, em 2007; e ao ganhar um skate no Natal

Fotos: Álbum de família
ÁLBUM
Da esq. para a direita: Sean com a mãe em Bariloche, em 2007; pequeno ainda em Nova Jersey, com o pai biológico, em 2002; e com a irmã, Chiara, de 6 meses, no Réveillon de Búzios, no ano passado
A partir de então, David Goldman sumiu, conta a família brasileira de Sean, os Bianchis. E só reapareceu cerca de dez dias depois da morte de Bruna, na entrada do condomínio do Rio, com uma equipe da rede de televisão americana NBC, agentes da Polícia Federal brasileira e funcionários do consulado americano. Os policiais mandaram a portaria não avisar nada e subiram ao apartamento da avó de Sean, que os recebeu de robe às 8 horas da manhã. Os agentes da PF revistaram embaixo da cama, atrás das cortinas, por toda parte, em busca do garoto. Mas era feriado, e ele estava em Angra dos Reis, no litoral fluminense, com o padrasto e amigos. A família ainda vivia o luto recente pela morte de Bruna.
“Eu não existi durante cinco anos e, de repente, virei o vilão da história”, diz João Paulo. Por ser advogado especializado em Direito de Família, João Paulo acha que o pai biológico de Sean deveria ser grato a ele por ter tratado tão bem do menino – por ter se comportado como pai, e não como o padrasto das histórias de carochinha. “Para mim, o importante é o bem-estar de Sean, acima de tudo. Se algo parecido tivesse acontecido comigo, se minha mulher viajasse para outro Estado, outro país, levasse nossa Chiara e não quisesse voltar, eu pensaria em primeiro lugar no bem-estar, na felicidade da minha filha. Não deixaria de vê-la durante quatro, cinco, dez anos, apenas para obedecer às recomendações de meus advogados. Não conseguiria. Nessas horas, o amor verdadeiro pesa mais que tudo.” Acha inacreditável que ele hoje leve a culpa pela omissão de David.
João Paulo ganhou a guarda de Sean no ano passado, após a morte da mulher, com base no argumento da “paternidade socioafetiva”. Diz-se que a obteve em tempo recorde porque sua família, Lins e Silva, é influente no meio. João Paulo responde que a Justiça brasileira entende quando o caso tem urgência – e, após a morte da mãe, Sean não poderia ficar “com guarda desassistida”. O padrasto acredita que, caso David tivesse ao longo de todos estes anos mantido o vínculo com Sean, talvez o menino agora quisesse ir morar nos Estados Unidos. Mas David trocou, diz ele, a possibilidade de uma relação parcial com o filho por uma queda de braço judicial: ou tudo ou nada.
No início de fevereiro, João Paulo – agora ele próprio acusado de sequestro pela União, ou seja, pelo Brasil, em processo que cita novamente a Convenção de Haia – cancelou os dois primeiros dias de aula de Sean para que pudesse ver e se encontrar com seu pai biológico. Foram dois dias inteiros de conversas, com intérprete, em companhia de um deputado americano, funcionários do consulado dos Estados Unidos e equipes de jornalistas de TV americanos. Todos na piscina do condomínio.
“Não olho para Sean e digo que ele é ‘meu’. Propriedades são casas, carros, não crianças”, diz João Paulo. “Somos pai e filho porque paternidade se conquista, se faz por merecer. Eu conheci a mãe dele seis meses depois da separação, e sempre disse ao Sean que, se quisesse me chamar de pai, eu sentiria orgulho, mas que ele se lembrasse sempre de que havia o pai biológico, David. Por isso ele era uma criança diferente. Mas era melhor ter dois pais do que nenhum. Se Sean quiser voltar para os Estados Unidos, o desejo dele será respeitado. Se, adolescente, quiser viajar para lá e ficar, assim será feito. O mais importante para mim é o bem-estar do Sean. É a felicidade dele, seu equilíbrio”.
É consenso, entre a família, que Sean só tem conseguido superar a perda da mãe porque se apoia na avó, que o trata como o filho caçula e o cerca de carinhos e cuidados, sempre por perto. Segundo os parentes brasileiros, a psicóloga teme um corte abrupto na vida de Sean, que ainda não se recuperou de sua própria tragédia. Ele se veria órfão não apenas de mãe, mas de todas as referências que construiu, e poderia “sair quebrando tudo”, teria dito a psicóloga de Sean. É impressionante a dimensão que o caso Sean adquiriu nos Estados Unidos, em meio a mais de mil casos semelhantes de disputas entre cônjuges de várias nacionalidades e americanos. ÉPOCA escutou, na casa da família, na quinta-feira passada, a gravação de um telefonema ameaçador para a casa de Helvécio Ribeiro, tio de Bruna Bianchi, logo depois de ele ser entrevistado no canal americano de notícias CNN por Larry King, um dos programas de TV de maior audiência nos EUA. O pai biológico americano tinha sido a estrela do show. A voz era ameaçadora. A gravação diz, em inglês: “You think that we Americans are stupid. You think you can come here and steal our kids. We know who you are. We know where you live. And you will pay for it, your family will pay for it wherever you are” (“Você pensa que nós, americanos, somos estúpidos. Você pensa que pode vir aqui e roubar nossas crianças. Nós sabemos quem você é e onde mora. E você vai pagar por isso, sua família vai pagar por isso, onde quer que estejam.”)
Parentes de Sean contam que receberam e-mails agressivos. O tio Luca, ídolo do menino, é atacado por comunidades de americanos na internet, que o chamam de “ator pornô e gay”,e dizem: “Viu o carma que atingiu sua irmã? Cuidado”. Isso acontece quase todos os dias. A família Lins e Silva também se sente objeto de uma campanha de desmoralizacão. João Paulo é acusado de ter sido amante de Bruna quando ela ainda estava casada com David e de ter atuado como seu advogado. Essa histeria não ajuda em nada o pleito do pai biológico de Sean: o menino já começa a achar os americanos loucos, porque odeiam e atacam as pessoas que cuidam dele, as pessoas que mais o amam.
Para a maioria das crianças e jovens, ter dupla cidadania é uma vantagem competitiva num mundo globalizado. Para Sean, por enquanto, não passa de um pesadelo. É um lembrete de que, numa hora qualquer, ele precisará escolher com quem e onde deseja viver. Adultos que ele nunca viu na vida podem acabar escolhendo por ele seu destino. É uma criança, mas o transformaram numa bandeira.





LAST

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