Obra precisa de certificação de sustentabilidade e responsabilidade ambiental
O Itaquerão, estádio que o Corinthians está construindo na zona Leste de São Paulo para ser uma das sedes da Copa do Mundo, ainda não entrou com o pedido de certificação de sustentabilidade e responsabilidade ambiental da obra. A obtenção de um "selo verde" é obrigatória para se pleitear o empréstimo de R$ 400 milhões que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) tem disponível para financiar a obra.
Dos dez estádios que planejam contar com a linha de financiamento do banco estatal, apenas o do time paulista ainda não deu entrada com este pedido. Para Felipe Faria, gerente de relações institucionais do Green Building Council Brasil (GBC), grupo procurado pelas outras nove arenas para gerir o processo de certificação, a demora do Corinthians em dar início ao processo é preocupante. "O problema é que uma das condições para se obter o selo é a criação de um sistema de controle de proteção contra sedimentação e erosão do terreno, que deve ser implantado na fase de terraplenagem da obra", alerta.
Apesar de ainda faltar quatro meses para terminar o prazo dado pelo BNDES para que se dê entrada com o pedido, na avaliação de Faria, é o andamento da obra, e não o limite estabelecido por um banco, que deve ser levado em consideração para se avaliar que o Corinthians corre o risco de não obter a certificação.
Para a Copa de 2014, a Fifa incluiu metas de sustentabilidade em seu manual técnico para as obras. Neste documento, uma das recomendações feitas pela entidade máxima do futebol é a de que as arenas da Copa obtenham um certificado de sustentabilidade. A Fifa vai além, sugerindo até uma certificadora específica do mercado. Trata-se do USGBC (U.S. Green Building Council), representado no país pelo GBC. Este é um dos grupos que goza de maior prestígio no mercado de certificação ambiental. Entre as empresas brasileiras que já buscaram seu selo, estão Grupo Pão de Açúcar, Brasken e Unilever.
Seguindo a mesma lógica da Fifa, o BNDES colocou entre as condicionantes para liberar os créditos disponíveis em sua linha ProCopa Arenas (que tem um como teto de empréstimo para cada estádio da Copa 75% do orçamento da obra) a obtenção de um selo verde de certificação, sem recomendação específica de uma certificadora ou outra, porém. Ainda assim, até agora, as nove das 12 arenas da Copa que já entraram com um pedido de certificação o fizeram junto ao GBC Brasil. São elas: Brasília, Cuiabá, Belo Horizonte, Manaus, Natal, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro e Recife. Além delas, a arena do Grêmio-RS, que vem sendo construída sobre o estádio Olímpico, também já entrou com o pedido de certificação.
Itaquerão, Arena da Baixada (PR) e Beira-Rio (RS) não entraram com o pedido. Os dois últimos são estádios particulares que pertencem ao Atlético-PR e ao Internacional, respectivamente. Os dois clubes anunciaram não ter certeza se pleitearão os recursos disponíveis no BNDES.
Já o Corinthians, que colocou na engenharia financeira do Itaquerão o dinheiro do banco estatal, afirma que ainda tem tempo para entrar com o pedido pelo selo verde, e que espera as obras avançarem um pouco mais para fazê-lo. Até agora, 5% da obra do Itaquerão está concluída.
De acordo com a GBC, o certificado somente é concedido após o término da obra e início da operação da edificação. O BNDES, porém, já libera 20% do empréstimo se a obra simplesmente estiver inscrita no processo de certificação. Para obter o selo, o empreendedor deve ater-se a práticas de construção sustentável nas áreas de eficiência energética, localização, uso racional da água, materiais com baixo impacto ambiental e qualidade ambiental interna.
Há o custo de US$ 1.200 para registrar o projeto. Depois, há o pagamento de duas taxas relacionadas com a análise e a revisão dos projetos e, posteriormente, a análise e revisão da construção. Essas taxas variam conforme a área do empreendimento. Empreendimentos com menos de 5 mil m² pagam uma taxa total de US$ 3 mil. A taxa total é aumentada de US$ 0,6459 a cada metro quadrado até o máximo de 50 mil m², onde a taxa total é de US$ 30 mil. Acima de 50 mil m² a taxa continua no valor total de US$ 30 mil.
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