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quinta-feira, 2 de junho de 2011

#PT R$ 78,5 bi em juros


Autor(es): Rosana Hessel
Correio Braziliense - 01/06/2011

O governo de Dilma Rousseff gastou R$ 78,5 bilhões com juros da dívida pública entre janeiro e abril, quantia quase seis vezes maior do que os R$ 13,4 bilhões liberados, no mesmo período, como investimentos. A comparação só não é pior, porque, nos desembolsos para obras, o Tesouro Nacional contabilizou R$ 12,7 bilhões de restos a pagar — débitos contraídos em anos anteriores, mas só pagos agora. Tal distorção tem sido um dos principais motivos de descontentamento de empresários e políticos da base aliada. Para eles, em vez de favorecer empreendimentos vitais para o crescimento sustentado do país, como estradas e aeroportos, o governo está tendo de pagar a fatura da gastança empreendida nos últimos dois anos do governo Lula. Naquele período, a dívida aumentou e a inflação saiu do controle, exigindo a elevação da taxa básica de juros (Selic), que corrige boa parte do endividamento federal.

Em relação aos primeiros quatro meses do ano, as despesas com a dívida aumentaram 30%. E a conta foi tão salgada que, mesmo o setor público (governo central, estados, municípios e estatais) tendo poupando R$ 57,3 bilhões entre janeiro e abril para o pagamento dos juros, ainda faltou dinheiro para zerar a fatura. O resultado foi um rombo de R$ 21,3 bilhões, o chamado deficit nominal, correspondente a 1,69% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar desses números nada animadores, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, comemorou. “Registramos o segundo melhor superavit primário da série histórica do BC, iniciada em 2001. A economia feita em quatro meses corresponde a 49% da meta total do governo, de R$ 117,9 bilhões”, afirmou. Ele admitiu, porém, que o aumento dos gastos com juros deveu-se ao estoque maior da dívida, à alta da Selic e à subida da inflação.

Desconfianças
Na opinião do estrategista-chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani, não fosse a farra fiscal dos últimos dois anos, as contas públicas não estariam tão ruins e o governo teria maior capacidade para investir em obras que reduziriam os gargalos que atravancam o aumento da produção e estimulam a inflação. “O excessivo gasto com juros é resultado de uma política fiscal de má qualidade nos últimos anos. Se o governo quiser reduzir as despesas com a dívida, terá que melhorar as medidas de ajuste fiscal. Não adianta trancar os cofres temporariamente, prejudicando os investimentos”, disse.

O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, endossou essa visão. “Reduzir investimentos e aumentar os juros têm sido a política recente do governo. Resta saber se esse quadro continuará ou haverá um ajuste fiscal consistente, sem apoio apenas no aumento de impostos”, ressaltou “Por enquanto, o que importa para o governo é manter o superavit primário a qualquer custo”, completou. O problema é que os juros vão continuar aumentando — na próxima semana, devem subir mais 0,25 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Dos R$ 78,5 bilhões pagos aos detentores de títulos públicos, R$ 37 bilhões foram para a parcela dos débitos corrigidos pela Selic.

Dívida estável
Em abril, especificamente, o superavit primário do setor público somou R$ 18 bilhões. O resultado ficou dentro das estimativas do mercado e foi 32,7% superior aos R$ 13,6 bilhões registrados em março. Em relação ao mesmo mês de 2010, houve queda 11%. Já a dívida líquida ficou estável em relação a março, totalizando R$ 1,51 trilhão, o equivalente a 39,8% do Produto Interno Bruto (PIB). O Banco Central projeta que a relação entre a dívida e a soma das riquezas produzidas pelo país ficará em 39,3% em maio, somando R$ 1,57 trilhão.







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