02 de junho de 2011 • 20h55
Nos últimos dias, a pressão sobre Palocci tem aumentado para que ele explique publicamente a evolução de 20 vezes em seu patrimônio, de 2006 a 2010. Segundo o ministro, o aumento é resultado dos ganhos de sua empresa de consultoria Projeto.
"Para mim, as explicações que ele deu desde a primeira nota, de que exerceu consultoria legítima, sem usar em nenhum momento informações privilegiadas, elas são suficientes até o momento", disse Falcão no fim da reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília.
A defesa explícita de Palocci foi combinada durante a reunião e motivada por uma conversa prévia entre o presidente do PT e o ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, segundo relato de um parlamentar que participou da Executiva e pediu para não ser identificado.
Segundo a fonte, inicialmente os petistas pensavam em emitir uma nota que não falava na situação política do ministro, mas os membros da Executiva avaliaram que isso indicaria que o partido estaria "lavando as mãos" e abandonando Palocci.
Diante desse diagnóstico, ficou decidido que Falcão falaria em nome da Executiva e faria uma defesa peremptória do ministro. Também pesou a informação repassada aos petistas de que Palocci pretende prestar informações públicas em breve.
Palocci entregou esclarecimentos sobre sua evolução patrimonial à Procuradoria-Geral da República, mas cresce a pressão para que se explique publicamente.
O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), ex-presidente da sigla, também entrou no coro e afirmou que a posição do partido é "de solidariedade ao governo", "coesão" e "unidade". Também defendeu que a PGR é o órgão "apropriado" para tratar do assunto.
Na contramão desse discurso, alguns petistas têm cobrado publicamente que Palocci preste informações adicionais. Questionado sobre a ausência de uma nota da Executiva da sigla de apoio ao ministro petista, Falcão afirmou que ele tem sido "sucessivamente defendido pelos companheiros e companheiras".
Para o presidente do PT, os colegas de partido que pediram explicações têm o direito de fazê-lo, e citou a liberdade de opinião.
ESTRATÉGIA
Palocci estuda agora qual melhor estratégia para conter a crise em sua volta.
Alvo de manifestações de petistas que lhe cobram explicações, o ministro ainda conversará com a presidente Dilma Rousseff para definir se dará entrevistas à mídia, ou se manterá silêncio até que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, se manifeste oficialmente, segundo uma fonte do governo.
No Palácio, há quem defenda que o ministro se explique publicamente já. É o caso de Carvalho, que na quinta-feira, após cerimônia do lançamento do programa Brasil sem Miséria, disse que Palocci prestará esclarecimentos públicos antes que Gurgel conclua sua análise das explicações legais.
No Congresso, os petistas se dividem sobre qual a melhor estratégia. O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que já presidiu a Casa, acredita que se o ministro aguardou até agora é melhor manter essa estratégia.
"Falar agora só porque estão cobrando na imprensa não muda nada", disse à Reuters. Um senador petista que pediu para não ter seu nome revelado também apoia o silêncio de Palocci, mas alerta que há colegas buscando a desestabilização do ministro.
"Essa crise não pode demorar mais dez dias, senão complica", avaliou.
Ele disse que a situação política do ministro já alimenta rumores para sua substituição e tem colegas defendendo que Carvalho assuma seu lugar.
Outros veem o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, como um possível sucessor, e outros apostam ainda no ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel.
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