Autor(es): agência o globo: Maurício Simionato |
O Globo - 03/06/2011 |
CAMPINAS. No centro de uma investigação contra fraudes em contratos públicos, o vice-prefeito de Campinas, Demétrio Vilagra (PT), declarou em depoimento sigiloso dado ao Ministério Público que os R$60 mil em dinheiro encontrados dentro de sua casa por policiais em 20 de maio eram para pagar dívidas de campanha eleitoral do PT. O depoimento dado quando o petista ainda estava preso (na sexta-feira passada) pode reforçar uma das frentes das apurações, de que parte do dinheiro que teria sido obtido em pagamentos de propinas e fraudes em licitações abastecia o caixa de campanhas eleitorais. Vilagra - que negou aos promotores o envolvimento no suposto esquema - justificou em seu depoimento que os R$60 mil foram obtidos com a vendas de dois carros, um em 2009, e outro em 2010, além de mais uma quantia obtida após saque do FGTS, em 2008. O teor do depoimento foi confirmado pelo advogado de Vilagra, Ralph Tórtima: - Realmente o dinheiro encontrado em sua casa era para pagar dívidas de campanha do PT - disse. Na semana passada, Alfredo Ferreira Antunes e Augusto Ribeiro Antunes (pai e filho), proprietários da Global Serviços, já haviam afirmado ao MP que Vilagra havia pedido a eles propina de R$20 mil para "pagamento de dívidas de campanha". Vilagra, no entanto, negou ter pedido e recebido os R$20 mil dos empresários. O vice havia sido preso na quinta passada, ao desembarcar da Espanha no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. E foi solto no dia seguinte após prestar depoimento. Apontada pelo MP como chefe de uma organização criminosa, a primeira-dama de Campinas, Rosely Nassim Jorge, chefe de gabinete do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), o Dr. Hélio, permaneceu calada ontem diante dos promotores que investigam as supostas fraudes e fizeram questionamentos durante cerca de três horas. Rosely foi colocada frente a frente com o lobista e empresário Maurício Manduca, preso por suspeita de envolvimento no esquema. Manduca - que teve a prisão revogada no início da noite de ontem - também declarou que não a conhecia. O relatório do Ministério Público aponta a mulher do prefeito como a "responsável pela idealização e criação do esquema criminoso". E informa ainda que o "o núcleo de corrupção da Sanasa (companhia de saneamento da cidade) foi instalado no início de 2005, tão logo a senhora Rosely assumiu a chefia de gabinete da Prefeitura de Campinas e arregimentou os demais agentes públicos necessários a seu plano criminoso". A primeira-dama não quis falar com a imprensa. |
Sphere: Related Content
Nenhum comentário:
Postar um comentário