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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Brasil, da miséria à gorjeta ostensiva


Ação unificada no combate à pobreza
Autor(es): » Igor Silveira, Leandro Kleber e Alana Rizzo
Correio Braziliense - 03/06/2011

Promessa de campanha de Dilma Rousseff, o programa de erradicação da pobreza extrema foi lançado ontem para atingir 16,2 milhões de pessoas. Gente como Francinete, Maria e Luzineide, que moram em uma invasão na UnB e vivem com menos de R$ 70 por mês. Valor que não faz falta para o deputado Tiririca (PR-SP), dono de um salário de R$ 26 mil e que premia o barbeiro da Câmara com R$ 75.


GOVERNO


No lançamento do Brasil sem Miséria, Dilma ressalta a necessidade de integrar as esferas federal, estadual e municipal para encontrar os 16,2 milhões de brasileiros que vivem com até R$ 70 mensais. O programa também vai beneficiar famílias de agricultores

Cinco meses após subir a rampa do Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff iniciou ontem ações para cumprir a principal promessa da campanha eleitoral do ano passado: erradicar a extrema pobreza no país. O plano Brasil sem Miséria é uma megaoperação que reúne os principais programas sociais do governo, com iniciativas de transferência de renda, melhorias em infraestrutura e oferecimento de serviços básicos para famílias que vivem em condições precárias. O objetivo é ousado e prevê, em quatro anos, a ascensão social de 16,2 milhões de pessoas que ganham até R$ 70 por mês (veja arte ao lado).

Durante o evento realizado na manhã de ontem, Dilma enfatizou a necessidade de integrar os gestores federais, estaduais e municipais, além da participação da iniciativa privada para garantir a chegada dos benefícios nos locais mais ermos do Brasil. O Bolsa Família, por exemplo, que atendeu quase 13 milhões de pessoas durante os oito anos de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deverá integrar mais 800 mil famílias.

Dilma quer que os responsáveis pelo plano façam uma busca minuciosa nos estados para encontrar as famílias que vivem em condições de pobreza extrema e ainda não são contempladas. Outra medida será o aumento de filhos beneficiados por família. Atualmente, o governo paga a bolsa para até três crianças. Com o Brasil sem Miséria, esse número sobe para cinco. Isso, claro, aumenta a previsão de gastos com o Bolsa Família. No início do ano, o orçamento estava em R$ 14 bilhões. Agora, o valor ultrapassa R$ 15,3 bilhões.

“A pobreza levou mais de três séculos para entrar na pauta política e fazer parte dos debates nas nossas academias e universidades. Foram precisos mais de quatro séculos para que seu combate se convertesse, de fato, em uma política prioritária de governo. Nossos pobres foram acusados de tudo, inclusive da própria pobreza. Muitos diziam que se nós déssemos o Bolsa Família, eles se conformariam com a pobreza. Essa ideia é absurda”, afirmou Dilma para uma plateia repleta de autoridades da Esplanada dos Ministérios.

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, ressaltou a ordem de Dilma de ampliar e melhorar a oferta dos serviços públicos. O governo fará uma busca ativa para identificar, especialmente em áreas isoladas, os cidadãos que não têm meios de procurar a ajuda de órgãos públicos. “Não é mais o pobre correndo atrás da ajuda do Estado. É o Estado chegando aonde a pobreza está”, explicou a ministra.

Melhorias no campo
O plano Brasil sem Miséria também terá uma vertente direcionada para o campo. O projeto elaborado pelo governo prevê um aumento de 300% no total de beneficiados pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Agora, serão 225 mil agricultores familiares em situação de extrema pobreza que receberão a ajuda. Os programas sociais também vão oferecer técnicos para auxiliar na produção, apoio na comercialização excedente dos alimentos e subsídio de sementes e insumos. Na parte de infraestrutura, Dilma anunciou a construção de cisternas e a ampliação da rede de energia elétrica e tratamento de água.

Os agricultores que vivem em áreas de floresta e agirem dentro das normas de preservação ambiental serão agraciados, a cada três meses, com R$ 300. O valor, integrado ao Bolsa Família, foi batizado pelo governo de Bolsa Verde.

A expansão dos programas sociais do governo alcançarão, ainda, os catadores de produtos recicláveis. Eles terão acesso à capacitação no processo e receberão inventivos para melhorar a estrutura nas redes de comercialização do material recolhido.






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