O parágrafo que abre a reportagem de Daniel Bramatti publicada no Estadão desta terça-feira faz o resumo da ópera:
O retrato da máquina pública no início do governo Dilma Rousseff revela a existência de 6.689 funcionários não concursados nos cargos de confiança da Presidência e dos ministérios – o equivalente a quase um terço do total de postos preenchidos por nomeações. Destes, quase 500 estão nas duas faixas salariais mais altas do funcionalismo.
Esta coluna foi a primeira a noticiar o excelente ritmo do programa Desemprego Zero para a Companheirada. E a primeira a registrar um dos mais espetaculares milagres operados pela Era Lula, resumido no título do post publicado em 2 de setembro de 2009: O petista desempregado sumiu. Confira na seção
O petista-desempregado sumiu
Ando procurando há muito tempo duas brasileirices que, como a ararinha-azul, existem oficialmente mas nunca aparecem: o entrevistado-pelo-instituto-de-pesquisa e o comunista-assumido-com-menos-de-100-anos. Conheço gente que jura ter conhecido um entrevistado pelo Ibope ou alguém que abranda a olímpica solidão de Oscar Niemeyer. Um amigo garante ter visto as duas raridades. Eu nunca vi. E só acredito vendo.
A essas obsessões somou-se há quase oito anos uma terceira: procuro um petista-desempregado. Não conheço nenhum, nem conheço quem conheça. Se os leitores também não conhecerem, a espécie será declarada oficialmente extinta. E um comício com a dupla Lula e Dilma vai festejar o sucesso incomparável do programa Desemprego Zero para a Companheirada.
Os doutores de verdade e as doutoras dilmas, os gênios da raça e os cretinos fundamentais, os que raciocinam em bloco e os repetentes de carteirinha, os primeiros da classe e os que babam na gravata, os varados de luz e os doidos varridos, os menores de idade e os caducos sem remédio, os sóbrios congênitos e os bêbados de berço ─ todos os que viram a luz numa estrela vermelha deram um jeito na vida. Ninguém ficou ao relento. Sem concursos, exames, nada. Só com o bilhete do padrinho e a cópia da ficha de inscrição do PT.
A multidão defende o salário e o partido no Planalto, no Congresso, no Judiciário, na Petrobras, na Eletrobras, nos Correios, no Ibama, no Incra, na Funai, nas Ongs, nos blogs federais, na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no pré-sal, no Bolsa Família, no Fome Zero ─ nenhum cabide de empregos escapou. Onde houver uma folha de pagamentos anabolizada por dinheiro público, haverá um militante companheiro.
A espécie dos entrevistados-pelo-instituto-de-pesquisa nunca foi nuito numerosa. Os pesquisadores precisam de pouca gente para saber o que estão achando milhões de brasileiros. Os comunistas-assumidos-com-menos-de-100-anos viveram tanto tempo na clandestinidade que se sentem melhor nas sombras que na claridade. Portadores da Síndrome do Cristão de Catacumba, acham que o povo não está preparado para saber o que pensam quem vai salvá-lo. E caminham rumo à ditadura do proletariado disfarçados de socialistas, bolivarianos ou simplesmente esquerdistas.
Mas os petistas-desempregados eram dezenas de milhares no começo do século. O sumiço de todos os exemplares é uma proeza e tanto. Agora, para que a raça não reapareça com os filhos dos casais já amparados, o presidente Lula enviou à Câmara dez projetos que criam 40 mil cargos públicos. É tanta vaga que até quem não nasceu já tem salário garantido no cabideiro federal. A conta (R$ 1.388 bilhão por ano) será espetada no bolso dos pagadores de impostos.
É natural que a hipótese da derrota na sucessão presidencial seja recebida pela companheirada a socos e pontapés. Perder a eleição é péssimo. Perder o salário é um pesadelo. Dilma Rousseff não lidera uma campanha eleitoral. Lidera uma campanha contra o desemprego.
Antigamente (nem tão antigamente) para passar em concursos o candidato teria que ter muita dedicação, estudos, pesquisas horas e horas em cursinhos,atualmente basta apenas mostrar a carteirinha do PT autenticada é claro pois eles são contra a qualquer tipo de falcatrua, seja analfabeto mas seja militante do Pt, ponto e basta.
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