Presidente da Petrobrás volta a falar de reajuste mesmo após desmentido de Mantega e declarações de Lobão contra aumentos
A Petrobrás poderá aumentar o preço da gasolina caso a cotação do petróleo se estabilize em níveis próximos do atual, disse ontem em Pequim o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli.
Segundo ele, a estatal fez seu planejamento para o ano considerando o preço de US$ 65 a US$ 85 o barril de petróleo. Na segunda-feira, a cotação estava em US$ 123. Na sexta-feira, US$ 126.
Apesar da distância entre o preço atual e o limite máximo da projeção da empresa, Gabrielli afirmou que nenhuma decisão sobre o reajuste será adotada enquanto houver volatilidade na cotação do petróleo.
O presidente da estatal ressaltou que um provável reajuste deverá levar em consideração outras variáveis, além da cotação internacional, como o câmbio e o preço do etanol no mercado interno. "Se continuar no patamar atual, vamos ter de ajustar", declarou Gabrielli em entrevista coletiva na capital da China, onde acompanha visita da presidente Dilma Rousseff ao país.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o preço da gasolina não seria reajustado.
Também na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, declarou que a maior opositora para o eventual reajuste dos preços da gasolina era a presidente Dilma Rousseff. "A Dilma é quem mais freia (o reajuste). Ela não quer aumento de preço (da gasolina)."
Cotação. Ontem, os preços do petróleo tiveram uma queda forte, em reação a várias previsões de que os preços altos vão levar a uma redução da demanda e prejudicar a recuperação da economia global.
A Agência Internacional de Energia (AIE, das Nações Unidas) disse que já existem evidências de que os preços altos estão afetando a demanda. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), por sua vez, reduziu a previsão para a demanda global por petróleo. E a Arábia Saudita anunciou que reverteu a elevação de produção de 500 mil barris por dia que havia anunciado há poucos meses, porque a demanda está fraca (ler abaixo).
"Houve uma reavaliação de como os preços do petróleo vão pesar na economia. O mercado estava à espera de um catalisador para vender, e hoje ele veio", comentou Gene McGillian, da Tradition Energy.
Outro motivo de preocupação para os investidores foi um relatório de pesquisa do Goldman Sachs, que recomendou venda de uma cesta de commodities, por causa de sinais nascentes de "destruição da demanda por petróleo".
O relatório prevê para os próximos meses um "recuo substancial" dos quase US$ 20 por barril de avanço no preço do petróleo Brent recentemente.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), os contratos de petróleo bruto para maio fecharam ontem a US$ 106,25 por barril, em queda de 3,34%.
Na Intercontinental Exchange (ICE), os contratos do petróleo Brent também para maio fecharam a US$ 120,92 por barril, em queda de 2,47%. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Pontos de vista
JOSÉ SERGIO GABRIELLI
PRESIDENTE DA PETROBRÁS
"Se continuar no patamar anual, vamos ter de reajustar."
EDISON LOBÃO
MINISTRO DE MINAS E ENERGIA
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