| Brasília - O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse hoje (21) à TV Brasil, por telefone, que ainda é cedo para saber quando deve sair da embaixada brasileira na capital de Honduras, Tegucigalpa. Ele chegou à embaixada no começo da tarde, sem o conhecimento do governo golpista, após 86 dias longe do país. “É muito cedo para falar até quando eu vou ficar aqui na Embaixada do Brasil. Agora, vamos iniciar o diálogo”, afirmou.
Zelaya disse que viajou por 15 horas até chegar à capital. Segundo ele, a viagem foi tensa. Ele teria passado por várias cidades, a pé ou de carro, e ultrapassado inúmeros bloqueios militares. “Usei diferentes transportes e passei por diferentes cidades para chegar são e salvo à capital. Há muita repressão pelo caminho”, conta, em entrevista exclusiva ao telejornal Repórter Brasil, que vai ao ar às 21h na TV Brasil.
Em julho passado, o presidente deposto fez duas tentativas frustradas de retornar ao poder. Na primeira, em 5 de julho, chegou a sobrevoar a capital, mas foi impedido de aterrissar por bloqueios militares na pista do aeroporto. Houve confronto entre a polícia e apoiadores de Zelaya. Uma pessoa morreu.
No dia 24 de julho, Zelaya fez uma nova tentativa. Desta vez, tentou entrar no país pela fronteira com a Nicarágua. Ficou menos de uma hora em solo hondurenho e teve que voltar para a Nicarágua, sob pena de ser preso pelo governo interino.
Hoje, Zelaya fez um apelo pelo diálogo para evitar um derramamento de sangue. Segundo ele, chegou a hora de o governo interino de Roberto Michelleti corrigir os erros cometidos durante o golpe.
“Honduras merece um acordo pacífico, sem violência, sem derramamento de sangue. O povo está indefeso, não tem armas... e seria muito lamentável se, mesmo diante da comunidade internacional, o governo reprimir o povo. Creio que o senhor Michelletti deve corrigir rapidamente os erros que cometeu e evitar um derramamento de sangue”.
Zelaya também agradeceu ao governo brasileiro por ter aberto a embaixada, mesmo sob riscos de protestos. “Queria agradecer o presidente Lula, o chanceler [Celso] Amorim e o [assessor da Presidência] Marco Aurélio Garcia que abriram as portas para iniciar o diálogo. Que a luta pela democracia em Honduras sirva para a América Latina e para o continente”. |