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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Honduras: Polícia e Exército entram em confronto com seguidores de Zelaya em frente à Embaixada do Brasil

O retorno


Publicada em 22/09/2009 às 10h33m

O GloboAgências internacionais

Confronto entre a polícia e seguidores de Zelaya em Honduras / AP

RIO - A polícia hondurenha entrou em choque com seguidores de Manuel Zelaya, na manhã desta terça-feira, em frente à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Foram disparadas bombas de gás lacrimogêneo, e os simpatizantes do presidente deposto teriam incendiado um carro da polícia. Zelaya, que está abrigado na representação diplomática brasileira, disse que a Embaixada foi alvo de ataque e que as imediações estão repletas de francoatiradores.

- Às 5h da manhã (3h de Brasília) atacaram a embaixada com bombas - disse Zelaya à rede de TV, contando que as forças policiais e militares "estão atacando fortemente em diferentes lugares do país".

- Estamos rodeados de francoatiradores - continuou o governante deposto em 28 de junho, dia em que promoveria um referendo sobre mudanças constitucionais.

A embaixada de um país da América do Sul teria ajudado o presidente deposto, a retornar ao país, na segunda-feira, e a receber abrigo na Embaixada do Brasil, em Tegucigalpa informa o jornal hondurenho "El Heraldo". Segundo o diário, o ministro da Defesa, Adolfo Lionel Sevilla, disse que tem "a informação de que um governo da América do Sul, que não é a Venezuela, entrou com seu carro no país, mas ainda não podemos confirmar" a nacionalidade dos ocupantes do veículo. Na noite de segunda-feira, o presidente interino, Roberto Micheletti, pediu que o Brasil entregue Zelaya às autoridades locais. Ele ressaltou que seu governo respeita os limites da diplomacia brasileira em Honduras, ainda que o país "não tenha reconhecido" sua administração. ( O Brasil agiu certo ao dar abrigo a Zelaya em Honduras? )

( Fotogaleria: veja as imagens do retorno de Zelaya )

Acredita-se que Zelaya tenha entrado na Embaixada às 3h de ontem (6h de Brasília) "em um carro de outra embaixada", afirmou um funcionário. No entanto, outras fontes dizem que o carro de um político de San Pedro, em Honduras, teria entrado com Zelaya. ( Toque de recolher é estendido para toda terça-feira em Honduras )

Às 10h (13h de Brasília) circulou a versão na rádio e na televisão de que o presidente deposto estaria no edifício da ONU, mas logo Micheletti negou os boatos, afirmando que Zelaya estava "tranquilo em uma suíte de um hotel na Nicarágua". Horas depois, Zelaya confirmou sua entrada e revelou que retornou a Honduras após viajar durante mais de 15 horas na companhia de outros quatro homens.

" Não deram nem conta da hora que entrei, foram enganados "

Antes de voltar, Zelaya fez um giro de 86 dias por vários países para pedir apoio internacional. As viagens foram financiadas pela Venezuela.

- Não deram nem conta da hora que entrei, foram enganados - disse Zelaya, ironicamente.

Micheletti disse no fim da noite de segunda que recebeu informações de que Zelaya viajou da Nicarágua para El Salvador e logo seguiu para a Guatemala, de onde entrou em Honduras por terra. O presidente interino disse que desconhecia a versão de que "um cidadão hondurenho" teria ajudado Zelaya a entrar no país.

Manuel Zelaya deu entrevista ao chegar à Embaixada do Brasil na segunda-feira, - AFP

Micheletti não deu nomes e Sevilla defendeu as Forças Armadas ao negar que a inteligência militar tenha falhado.

- A inteligência militar não falhou. Todas as possibilidades existiam - disse ele ao "El Heraldo".

O jornal espanhol "El País" informou nesta terça-feira que às 22h de domingo (1h de Brasília), um avião da Força Aérea da Venezuela entrou em contato com a torre de controle do aeroporto internacional de El Salvador e pediu autorização para aterrissar.

- Negamos a autorização porque seu pedido não estava baseado em nenhuma das situações de emergência que contemplam as convenções internacionais - explicou um funcionário de El Salvador.

Mesmo assim, segundo o jornal, a aeronave procedente da Nicarágua, iniciou a manobra de aterrissagem, ao mesmo tempo em que vários carros com placas do governo chegavam ao terminal de San Salvador. Para a surpresa dos funcionários do aeroporto, quem desceu do avião venezuelano foi o presidente deposto, Manuel Zelaya.

" Só posso dizer que Zelaya chegou de avião e se foi de avião "

Simultaneamente, os veículos oficiais buscavam dirigentes do partido FMLN, que governa El Salvador, com o deputado Sigfrido Reyes. O político confirmou ao "El País" que durante um bom tempo conversou com Zelaya sobre seus planos de regresso a Honduras. "Mas neste momento não posso dar muitos detalhes", disse Reyes ao diário espanhol. "Só posso dizer que Zelaya chegou de avião e se foi de avião".

Segundo o diário, o avião que o presidente Hugo Chávez colocou à disposição de Zelaya foi multado em US$ 30 mil.

Até que Zelaya decida contar, os detalhes de seu retorno são só especulações. Sabe-se que seu avião saiu da Nicarágua e que fez escala em San Salvador. Até onde foi, a pista final de pouso e o país que ajudou na manobra são dúvidas ainda não esclarecidas.





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