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JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
O secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Jurandir
Fernandes, criticou nesta sexta-feira (16) as exigências ambientais
impostas pela Prefeitura de São Paulo para a extensão da linha 2-verde
do metrô e disse que isso atrasa a obra em ao menos dez meses.
DE SÃO PAULO
As críticas foram feitas na 17ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, evento com empresas, técnicos e entidades do setor no shopping Frei Caneca, em São Paulo
O alvo era o Cades, o conselho municipal do meio ambiente, que impôs 65 condicionantes para a obra, uma extensão de 21,7 km em forma de monotrilho (trem que trafega sobre elevado) até Cidade Tiradentes (zona leste).
O órgão, que tem 36 membros --17 da prefeitura, um do Estado, um do governo federal e os demais da sociedade civil--, é presidido pelo secretário municipal do Meio Ambiente, Eduardo Jorge.
De acordo com Fernandes, a obra espera há 22 meses pela licença. A ordem de serviço para a empresa responsável pela construção foi assinada em dezembro de 2010 --até então, o Metrô, diz, não sentia o atraso porque elaborava os projetos e licitações.
A licença prévia, com condicionantes, foi aprovada em 31 de agosto e publicada no último dia 14. "Só para publicar, demoraram 14 dias."
Embora ressaltasse considerar "importante" a questão ambiental, disse que o conselho "pega carona" no projeto para impor atribuições que seriam do município.
Ele citou as exigências para construir um ciclofaixa ao longo do trajeto e promover sinalização viária em um raio de 250 metros das estações para "aproximação segura de pedestres e ciclistas".
Ele também ironizou exigências como fazer estudo da população de animais como ratos e baratas e da avifauna. "Como é um elevado, o pássaro pode bater no trem. Barata também voa. Mas rato?"
Segundo ele, o governo poderia ter submetido o projeto da extensão ao conselho estadual, o Consema, mas optou pelo Cades porque já há havia licença anterior concedida para o Expresso Tiradentes, corredor de ônibus que foi trocado pelo metrô.
"Achamos que seria mais rápido e não foi", disse, lembrando que a licença para o sistema a diesel dos ônibus, mais poluente, tinha 37 exigências. "Eu não estou fazendo um empreendimento no meio da mata atlântica."
O presidente do Metrô, Sérgio Avelleda, acrescentou que a licença emitida pelo Consema para a linha 4-amarela, subterrânea, em 2001, tinha oito condicionantes.
"A impressão que dá é que isso vai continuar crescendo. É difícil uma intervenção urbana que traga tanto ganho ambiental quanto metrô."
ELEIÇÕES
O secretário disse não acreditar que haja motivação política para atrasar a obra --o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) devem disputar o governo em 2014.
Já Eduardo Jorge é cotado para disputar a sucessão de Kassab no próximo ano.
"Sinceramente, não acho que isso esteja ocorrendo. Acho que é mais pegar carona em projetos do metrô para resolver problemas que a cidade tem de resolver. Enquanto isso, o fundamental, que é tirar carros das ruas, vai ficando em segundo plano."
A Folha tentou ouvir Eduardo Jorge após as 20h, mas não conseguiu localizar ninguém na assessoria da pasta.
Para Ros Mari Zenha, membro da Câmara Técnica do Cades e representante da zona oeste no conselho, a crítica é "extemporânea". "O assunto foi polêmico, mas já foi exaustivamente debatido e decidido pelo conselho, que é um órgão democrático."
Segundo ela, é normal que as exigências desagradem ao empreendedor. "Talvez não vá ao encontro das expectativas dele, que tem um ritmo de tempo diferente", disse.
Para ela, não há tentativa de pegar "carona" no projeto, houve uma discussão técnica e o conselho tem autonomia para impor condições.
"É uma obra no município, e a prefeitura tem que fazer exigências que considera ambientalmente corretas."
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