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Natal sofre ataques em série

Ônibus incendiados nas quatro zonas da cidade deixam população em pânico. Alcaçuz e PCC podem ter ligação
Erta Souza // Fernanda Zauli //Jussara Correia

Um dia de pânico na cidade. Em meio às rebeliões de presos registradas durante a semana nos presídios de Alcaçuz e Parnamirim e à greve anunciada pelos agentes penitenciários em todo estado, os natalenses foram surpreendidos na tarde de ontem por ataques em série nas quatro zonas da capital. Ônibus foram incendiados por bandidos armados e o Seturn decidiu reduzir a frota nas ruas. A cúpula da Segurança Pública acendeu o alarme e enviou para as ruas todo o efetivo das Polícias Militares e Civil, além das Polícias Federal e Rodoviária Federal. Em um dos ônibus incendiados, uma marca foi deixada pelos bandidos como aviso: a as letras PCC foram pichadas - a sigla do Primeiro Comando da Capital, organização criminosa baseada em São Paulo.

Ações tiveram em comum o fato dos bandidos agirem usando garrafas pet com gasolina para provocar os incêndios Foto:Carlos Santos/DN/D.A Press

Em coletiva realizada pela Secretaria de Segurança Pública (Sesed), o titular da pasta Aldair da Rocha, negou ligação dos ataques com a célula criminosa. "Não existe nenhuma célula do PCC no estado", afirmou o secretário. Entretanto, informações extraoficiais dão conta que 15 presos custodiados em Alcaçuz - de onde o PCC controlaria a maioria dos crimes no estado - e outros cinco do Presídio de Parnamirim seriam transferidos para o Presídio Federal de Mossoró com o objetivo de desarticular os comandos dos ataques. Até o fechamento desta edição, três pessoas haviam sido presas sob suspeita de participação nos atentados. No fim da tarde, após os ataques, os agentes penitenciários anunciaram a desistência da greve.

Os ataques
Uma série de atentados foi registrada ontem contra vários ônibus de Natal. Em todos os casos uma única pista: gasolina. Embora tenham usado o liquido inflamável para atear fogo nos ônibus, em alguns veículos o crime não chegou a ser concretizado. Apesar do fogo em alguns veículos, nenhum passageiro, motorista ou cobrador ficou ferido. Os primeiros ataques aos ônibus ocorreram no início da tarde.

O ônibus da linha 07, da empresa Reunidas, que faz o trajeto entre o conjunto Alvorada IV e o bairro Cidade Jardim, foi um dosprimeiros atingidos, por volta das 13h. Francivaldo Bezerra da Silva é motorista da linha 26, porém ontem foi designado para a linha 07. O motorista contou que ao chegar ao terminal do Jardim Progresso, Zona Norte, com cerca de oito passageiros, foi tomar um café antes da próxima viagem. "Todos desceram e quando eu tomava o café me avisaram que o ônibus estava pegando fogo", disse.

Com a ajuda dos amigos ele apagou as chamas com o extintor e ninguém se feriu. O motorista encontrou no veículo um saco utilizado para comprar gasolina em postos de combustíveis. O líquido foi jogado sobre o banco reservado para portadores de necessidades especiais e idosos, em frente à porta traseira do ônibus.

Por volta das 15h, o ônibus da linha 08, da empresa Guanabara, também foi atingido. O condutor do veículo, George Costa Macedo, disse que havia saído pouco antes do terminal da Redinha Velha, quando um rapaz com aproximadamente 25 anos, moreno e alto pediu parada no ponto localizado em frente ao colégio Expansivo, na avenida João Medeiros. "Em frente à antiga casa de show ele solicitou para descer. Foi quando percebemos que ele derramou gasolina que estava numa garrafa pet, ateou fogo e saiu correndo", conta.

Como agiram rapidamente, motorista e passageiros conseguiram apagar o fogo usando o extintor do veículo. Segundo o condutor, havia uma média de 15 pessoas dentro do ônibus no momento em que o rapaz jogou a gasolina nos degraus. De acordo com o diretor de comunicação do Seturn, Augusto Maranhão, outro ônibus foi atingido na Zona Norte, no conjunto Gramoré.

Dois ônibus que estavam prestes a sair do terminal de Brasília Teimosa também foram atingidos com gasolina. Apesar do líquido inflamável ter sido colocado nos veículos que fazem as linhas 47 e 48 (Nova Descoberta), da empresa Santa Maria, os ônibus não sofreram dano, pois os motoristas e cobradores perceberam o cheiro da gasolina. "Não tem como saber porque por aqui passam muitas pessoas. Quando eles sentiram o cheiro jogaram água e lavaram os dois ônibus", disse um condutor que preferiu não ser identificado.

Policiais Civis e Militares saíram em busca de dois suspeitos popularmente conhecidos como "Caveirinha" e "Jailson Bala". Segundo informações dos policiais, os dois homens são acusados de homicídio e tráfego de drogas, respectivamente, e são parentes de detentos do presídio de Alcaçuz.

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