Para constranger Dilma em ida à ONU, funcionários se dizem submetidos a salários que configuram ‘nível de pobreza nos EUA’; piso é de US$ 2.200, apenas 10% acima do valor de 1996
16 de setembro de 2011 | 22h 40
Gustavo Chacra, correspondente de O Estado de S.Paulo
NOVA YORK - Aproveitando a viagem da presidente Dilma
Rousseff a Nova York para a Assembleia-Geral da ONU, os funcionários
locais de consulados e embaixadas do Brasil ao redor do mundo enviaram
uma carta à secretária de Estado americana, Hillary Clinton, reclamando
das condições de trabalho nas missões brasileiras, classificadas por
eles como "desumanas".
"Há décadas não conseguimos reajuste salarial. Aos nossos salários, que já configuram nível de pobreza nos EUA, tampouco incorrem reajustes anuais", diz a carta, que teve uma cópia enviada ao Estado. O piso desses funcionários é de US$ 2.200, apenas 10% acima do valor de 1996. Se fosse levado em conta o aumento do salário mínimo no período, eles deveriam receber cerca do triplo desse valor.
Um dos principais problemas refere-se à previdência social. Por lei, os funcionários brasileiros não podem contribuir nos EUA. A saída é se aposentar pelo Brasil, com ganhos inferiores aos existentes entre os americanos. "Mesmo assim, o ministério não regulariza a sua contribuição junto à previdência brasileira. Recentemente, e somente depois de inúmeros apelos dos funcionários locais e interferências da mídia brasileira, o MRE regularizou a situação de alguns cidadãos brasileiros que há anos requeriam aposentadoria", diz o documento.
Ao todo, mais de mil funcionários de cerca de 40 consulados, embaixadas e missões diplomáticas ao redor do mundo assinaram o documento do que eles chamam de Operação Despertar, iniciada em maio, quando enviaram uma carta à presidente Dilma Rousseff. Em julho, em uma segunda etapa da iniciativa, depois de mais uma vez ficarem sem resposta, vestiram-se de preto e realizaram uma operação-tartaruga nos serviços consulares. Segundo o Estado apurou, não está descartada uma paralisação no futuro próximo.
Na avaliação deles, o problema está em Brasília, e não nos consulados e embaixadas, que nada podem fazer a não ser respeitar as determinações do governo.
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