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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Foi concedida a “dona” Marisa: Ordem do Rio Branco virou uma ‘distinção’ indistinta


Lula Marques/Folha

Festeja-se neste 20 de abril o Dia do Diplomata. Como faz todos os anos, o Itamaraty condecorou brasileiros ilustres com a Ordem do Rio Branco.

Trata-se de uma comenda criada em fevereiro de 1963, sob João Goulart.

É oferecida a pessoas que, “pelos seus serviços ou méritos excepcionais, se tenham tornado merecedoras de distinção”.

Entre os agraciados de 2010 estão a primeira-dama Marisa e a vice-primeira-dama Mariza.

A lista inclui também dois servidores da Presidência: Erenice Guerra e Bruno Gaspar.

Ela, ex-segunda de Dilma Rousseff, acaba de ser guindada à chefia da Casa Civil.

Ele, espécie de sub do sub, é assessor do assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia.

Os “méritos excepcionais” das mulheres de Lula e de Alencar são desconhecidos.

O feito mais conhecido de Erenice é a coordenação do levantamento de dados que ficou conhecido como dossiê de gastos sigilosos de FHC e Ruth Cardoso.

Quanto a Gaspar, ganhou fama em julho de 2007. Deu-se nas pegadas do célebre acidente com o avião da TAM, em Congonhas.

O assessor foi pilhado numa cena na qual celebra, junto com o chefe, a notícia de que o acidente decorria de falha técnica (reveja abaixo).

Como se vê, o Itamaraty converteu a Ordem do Rio Branco numa “distinção”, por assim dizer, indistinta. Virou qualquer coisa.

O barulhinho que se ouve ao fundo é o ruído do barão de Rio Branco festejando, no túmulo, a inclusão entre os agraciados do artilheiro sérvio Dejan Petković, do Flamengo.

Méritos excepcionais? Pelo menos fez um bocado de gols.


Os donos do Brasil Líderes do país trocam altas condecorações entre as mulheres












Foi meigo demais. Primeiro, José Alencar, na condição de presidente em exercício, e o secretário-geral do Itamaraty, Antonio Patriota, condecoraram a mulher do presidente Lula, Marisa Letícia, com a Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco. É a mais alta condecoração da diplomacia brasileira. Foi concedida a “dona” Marisa por causa de seus importantíssimos serviços prestados à pátria, isto é, a Lula – “sacrificando sua vida pessoal, deixando de ter horas com os filhos”, nas palavras emocionadas do chanceler Celso Amorim (cuja mulher, Ana Maria Amorim, também foi condecorada, sabe-se lá por qual razão). Agora, Lula e Amorim retribuíram a gentileza e condecoraram a mulher de José Alencar, Mariza Gomes, também com a Grã-Cruz. A entrega das medalhinhas será nesta terça-feira.

Nas palavras de Raimundo Faoro, parece mesmo que herdamos da Portugal metropolitana a estrutura na qual o país não tem governantes, mas donos do Estado, como se este fosse seu patrimônio inquestionável. “O soberano e o súdito não se sentem vinculados à noção de relações contratuais, que ditam limites ao príncipe e, no outro lado, asseguram o direito de resistência, se ultrapassadas as fronteiras de comando”, escreve Faoro em Os Donos do Poder. A confusão entre público e privado e entre interesses particulares e republicanos parece ter atingido seu grau mais alto no governo Lula à medida que se aproxima o fim do mandato. O presidente decerto concluiu que os únicos limites à sua atuação são os ditados pela sua consciência, transformando sua vontade pessoal em vontade universal.

O recente vexame do ministro Miguel Jorge, ao entregar uma camisa da seleção brasileira ao presidente iraniano e antissemita militante, Mahmoud Ahmadinejad, prova essa confusão. O governo Lula sequestrou um dos símbolos mais caros aos brasileiros, a camisa amarela do escrete, para reforçar um laço que está muito longe de ser um consenso nacional. Ahmadinejad foi “condecorado” pela mera vontade do soberano, desprezando os cidadãos brasileiros que têm razões para suspeitar que Ahmadinejad seja um candidato a genocida.

Muito antes disso, porém, a “família Lula” já havia dado sinais do que viria pela frente. Basta lembrar o episódio em que “dona” Marisa, a condecorada, mandou plantar um canteiro de flores vermelhas, no formato da estrela do PT, nos jardins do Palácio da Alvorada, em 2004. Foi um ato muito “patriótico”, sem dúvida.

Agora, ao tratar a maior condecoração brasileira como um prêmio por “apoio moral” de uma mulher a seu marido, algo que é de foro totalmente privado, o atual governo brasileiro não só desvirtua a importante homenagem como trata a República como uma extensão do patrimônio pessoal do presidente e de sua corte.


por Marcos Guterman

Seção: América Latina

Zeitgeist

19.abril.2010 10:44:35





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