No dia 27 de novembro de 2003, o Sistema Cantareira atingiu o nível alarmante de 0,9% de sua capacidade de armazenamento e colocou em risco o abastecimento de 10 milhões de pessoas na Grande São Paulo e no interior. Ontem, passados mais de seis anos, a força das chuvas inverteu a situação. O Reservatório Atibainha atingiu 101% - recorde em 40 anos -, agravando as cheias que já inundam bairros em Atibaia, Piracaia, Bom Jesus dos Perdões e Bragança Paulista. Prefeitos que reclamavam da seca agora pedem o fechamento imediato dos vertedouros das barragens.
Mesmo sem chuvas, na madrugada de ontem, o Rio Atibaia subiu mais meio metro, segundo funcionários da Defesa Civil Municipal que trabalhavam no socorro às famílias ilhadas. A água segue subindo desde segunda-feira, por causa do aumento de vazão do reservatório. Do dia 17 até ontem, foram bombeados cerca de 100 milhões de metros cúbicos de água excedentes para os mananciais do interior. Como o reservatório está cheio, a água sai pela tulipa em direção aos mananciais que recortam as cidades inundadas.
A Companhia do Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), porém, informou que a barragem não corre o risco de romper, o que poderia alagar cidades inteiras. "Não existe trinca, não existe risco algum de a estrutura ceder. O que aconteceu é que as chuvas fortes encheram os reservatórios, que estão no limite de sua capacidade", afirmou o gerente de Recursos Hídricos, Carlos Roberto Dardes. Ele disse que o Reservatório Jaguari-Jacareí e a Represa do Rio Cachoeira também chegaram a 100%. Em janeiro do ano passado, o nível médio de armazenamento desses reservatórios era de 57,4%. O governo estadual está bombeando água desses reservatórios lotados para o Paiva Castro, em Mairiporã, cuja capacidade está em menos de 50%.
Os prefeitos da região e a Defesa Civil Estadual montaram desde segunda-feira uma força-tarefa para remover as famílias desalojadas para três abrigos na cidade de Atibaia. Mais de mil refeições são distribuídas por dia. Foram montados alojamentos em contêineres. Dois ginásios estão lotados. "Não existe caos. Só 3% ou 4% da cidade está sofrendo com as enchentes. E essa população ribeirinha vai voltar quando a água baixar. Para quem ficou sem casa estamos buscando terrenos para construir moradias populares", disse o vice-prefeito de Atibaia, Ricardo dos Santos Antonio.
O prefeito de Atibaia, José Denig (PV), passou os últimos dois dias em Itupeva e em São Paulo, onde participou de reuniões da Associação Paulista de Cidades Estâncias. Denig não participou da entrevista coletiva com coordenadores da Sabesp e da Defesa Civil Estadual. "Mas ele esteve nas áreas alagadas hoje (ontem) pela manhã", disse Antonio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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