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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

“CP é São Paulo Nerd Week”, diz Tas, nerd assumido




por Priscila Jordão

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Para não ficar só no discurso da inclusão digital, a Campus Party reuniu em seu palco três minorias étnicas: quilombola, indígena e a dos “carecas de óculos heterossexuais”, como se definiu Marcelo Tas, que dispensa apresentações. “Estou muito feliz por estar na São Paulo Nerd Week”, brincou Tas, para logo revelar que dos nerds não é o menor.

Muito à vontade no palco da Campus Party, Tas discutiu o poder transformador da internet. E não só para pessoas como ele, mas também para o líder tecnológico quilombola TC e o índio Anápuáka Tupinambá, que até hoje esteve presente em todas as edições da Campus Party Brasil.

O discurso de Tas denunciou que ele carrega mesmo um traço do professor Tibúrcio: o apresentador é um verdadeiro nerd, tanto que prestou homenagem a outros dois. Tas pediu a todos que lembrassem de Arthur Clarke, que previu e participou da invenção dos satélites, e de Alex Reeves, cientista apelidado por ele de inventor da pirataria. Anápuáka e TC, nem um pouco atrás em modernidade, falaram sobre sua “primeira vez” com a web e como usam a tecnologia para ajudar suas comunidades.

“Fui para o Rio de Janeiro estudar, e lá ganhei meu primeiro computador, um Pentium 100″, contou Anápuáka. Não muito tempo depois, ele estava recebendo 1 000 e-mails por dia, dos quais 70% continham informação sobre outras comunidades indígenas da América Latina. Hoje ele é membro da Web Brasil Indígena, rede cujo objetivo é disseminar a cultura indígena para outros povos.

TC faz da internet um uso bastante parecido: participa da Rede Mocambos para agregar informações, organizar encontros, projetos, e preservar a cultura do seu povo. Já seu caminho até a tecnologia foi diferente: conheceu a internet por meio da música, muito presente no cotidiano quilombola.

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Quanto a Tas, como de costume, contou um história engraçada. Há 22 anos, quando foi fazer um intercâmbio nos Estados Unidos, teve contato com a rede, e voltou contando a experiência todo empolgado para seus amigos. “Mas o chefe do meu amigo falou que essa história de teia que conecta o mundo era coisa de maconheiro”.

Depois de falarem um pouco de si, todos elogiaram o poder de conexão que a internet proporciona, e no final do debate já estavam bastante íntimos e conectados: Tas já estava até chamando o índio de “Aná”.

No tempo que restou, ainda elogiaram a Campus Party: ”Ela é um evento maravilhoso porque materializa milhões de conexões virtuais em um lugar onde as pessoas são obrigadas a enfrentar problemas de convivência”, disse Tas. Os campuseiros que o digam: uns buzinam na orelha dos outros e gritam de madrugada, outros não tomam banho, e todos enfrentam longas filas.




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