Justiça proibiu cirurgia que promete reduzir obesidade e combater diabetes.
Promotores dizem que sete pessoas morreram após operações.
A Justiça Federal proibiu um tipo de cirurgia que promete reduzir a obesidade e combater o diabetes. A técnica desenvolvida por um médico de Goiânia, Áureo Ludovico de Paula, é chamada de interposição ileal.
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Durante a cirurgia, o médico retira um pedaço do estômago e do íleo, que é uma parte do intestino delgado. Esse pedaço é remendado entre o jejuno e o duodeno - na parte superior do intestino. Com esta alteração, o alimento chega menos digerido ao íleo, que passa a produzir mais hormônios. Um deles estimula a produção de insulina, necessária para reduzir o diabetes.
Em cinco anos, a técnica já foi empregada em mais de 700 pacientes, entre eles, o apresentador Fausto Silva.
Com sonho de emagrecer, a advogada Daliana Camargo procurou o médico Áureo Ludovico de Paula. “Ele falou que iria fazer uma cirurgia de capela em mim. Ele falou assim ‘vou fazer a cirurgia de capela em você. Vou grampear, mas é tudo reversível. Se você quiser, depois eu desfaço tudo’”, conta Daliana.
Porém, Daliana foi submetida à cirurgia de interposição ileal. A advogada afirma que depois da cirurgia surgiram complicações. Há dois anos, ela só se alimenta por sonda.
“Eu não tinha diabetes na época, eu nunca quis tratar da diabetes”, diz.
O médico afirma que as complicações de Daliana não têm relação com a cirurgia. E diz que a técnica não é exclusiva para pacientes com diabetes. Ela é usada também contra a obesidade.
Mortes
O Ministério Público Federal moveu uma ação civil pública contra o médico. Além do caso de Daliana, os promotores dizem que sete pacientes morreram após operações. A Justiça Federal concluiu que esta cirurgia é experimental e vinha sendo realizada sem registro nos órgãos de pesquisa.
O médico está proibido de aplicar a técnica até que regularize a situação no Conselho Federal de Medicina (CFM). A decisão tem caráter liminar e o médico pretende recorrer.
“O procedimento já existe na literatura médica, nós estamos apenas fazendo uma aplicação diferente. Portanto, ele não é um procedimento experimental, conforme documentos acessíveis a qualquer pessoa”, diz o médico Ludovico de Paula.
O Conselho Regional de Medicina de Goiás contesta a posição do médico.
“O Conselho Federal de Medicina declarou esta cirurgia para tratamento de diabetes como experimental. Não é um procedimento consagrado, não é aceito pela comunidade científica internacional, não passou por protocolos de pesquisa e não teve o referendo pelo Conselho Federal de Medicina”, explicou o presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás, Salomão Rodrigues Filho.
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