Descontração
Publicada em 25/08/2009 às 21h08m
Flávio Freire - Enviado especial do GloboSÃO BERNARDO DO CAMPO - Num desabafo em relação às críticas que recebeu nos últimos anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não só rebateu cada uma delas como ironizou os ataques em relação à sua administração. Ao lembrar de como foi alvo quando falou do "espetáculo do crescimento" e de que a crise financeira mundial chegaria ao Brasil como uma marola, Lula brincou até com o avião presidencial, o Aerolula, que, para a oposição, tornou-se símbolo dos gastos excessivos do governo. (Leia também: Lula critica governo Serra por omitir recursos do governo federal em obras)
- Quando eu comprei o avião vocês estão lembrados que todo mundo falava: 'é o Aerolula, é o avião do Lula, é o avião do Lula, é o avião do Lula. Alguns disseram: 'com esse dinheiro a gente constrói dez hospitais'. Hoje eu acho que o avião é pequeno porque eu tenho que parar duas vezes para chegar na China. E hoje não tem mais esse negócio de o presidente ficar com a bunda na cadeira, desculpe o palavrão, achando que os outros vão vir aqui comprar. Não, quem quer vender é que tem que viajar - disse Lula, durante encontro com líderes sindicais, empresários e políticos da região do ABC, seu berço político.
Pouco antes, completamente à vontade, o presidente fez graça com alguns episódios envolvendo seu governo.
" Hoje eu acho que o avião é pequeno porque eu tenho que parar duas vezes para chegar na China. E hoje não tem mais esse negócio de o presidente ficar com a bunda na cadeira, desculpe o palavrão, achando que os outros vão vir aqui comprar "
- Eu lembro como se fosse hoje quando fui na Ford em julho ou agosto de 2003 e citei a frase do espetáculo do crescimento. Ninguém nunca me pediu desculpa, mas também não quero mais. Lembro que quando falei do espetáculo do crescimento eu fui tripudiado durante um ano. Acho que não teve nenhum presidente com charge tirando sarro do espetáculo de crescimento do que aconteceu comigo. E o que aconteceu em 2004 na economia? Crescemos 5,8% e ninguém pediu desculpas.
Em seguida, Lula rebateu os críticos, que o acusaram de tentar menosprezar os efeitos da crise financeira mundial.
- Quando dizíamos da marolinha, não era porque não tínhamos ideia do tamanho da crise. Era importante saber que tínhamos duas crises, uma do subprime, antes da queda do Leman Brother´s, e outra depois da queda do Lemam. E o Brasil estava preparado. Obviamente que não poderia resolver a questão do crédito e importações, mas mesmo na questão das importações, vamos ver o que aconteceu no Brasil - disse ele, emendando com ironia contra quem o atacava por tentar estreitar as relações comerciais do Brasil além do eixo Estados Unidos e Europa.
- Em 2003, tínhamos quase 18% das nossas importações para a Europa e 26% para os Estados Unidos e tomamos a decisão de diversificar nossas relações, priorizando a América do Sul, a Ásia, a África, países árabes, Oriente Médio. E o que diziam: 'O que o Lula vai fazer na Ásia? Tem que ir pros Estados Unidos e para a Europa, que é o que está a cabeça colonizada desse país - disse ele, lembrando que sempre pensou em ter um ministro das Relações Exteriores como mascate.
- Vocês já viram algum mascate com sacola de pano debaixo do braço na Avenida Paulista? Então, nós temos que procurar quem pode comprar de nós - reforçou ele, sob aplausos.
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