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terça-feira, 8 de julho de 2008

A guinada

A postura do governo mudou, depois que o compadre do presidente entrou no negócio? A resposta é sim

É o efeito Homer Simpson. Quando um caso se complica demais, a gente se distrai completamente e começa a pensar num macaco comendo uma banana. Foi o que aconteceu com os fatos relativos à Varig. Quer ver? Vou citar alguns termos recorrentes nos artigos sobre o assunto: Slots! Anac! 1º Vara de Justiça! Dívidas trabalhistas! Procurador-Geral da Fazenda Nacional! Agora diga: o que lhe veio à mente? Isso mesmo: um macaco comendo uma banana.

Mas o caso é mais simples do que parece. Basta se concentrar no que realmente importa. E o que realmente importa é o seguinte: a postura do governo mudou, depois que o compadre do presidente entrou no negócio? A resposta é sim. E a prova está nas arquivos dos jornais do período.

Roberto Teixeira assinou um contrato com a Volo em 17 de abril de 2006. No dia 20 de abril, três dias depois, a Folha de S. Paulo publicou:

"A ministra Dilma Roussef criticou duramente a cúpula da Anac, em dois telefonemas na noite de terça-feira, por causa da decisão do órgão de rejeitar a venda da Varig Log para a Volo".

Em 23 de abril, menos de uma semana depois da contratação de Roberto Teixeira, Zero Hora fez uma reportagem intitulada "Governo muda de rumo na crise da Varig". Está lá:

"A mudança de postura foi construída na última semana e tem papéis definidos. A decisão final segue na cabeça do presidente Lula e de Dilma, mas a frente das negociações foi tomada pelo ministro da Defesa, Waldir Pires - por determinação de Lula. À Anac cabe o monitoramento direto da situação".

Em 28 de abril, saiu em O Globo:

"Chama a atenção do mercado a mudança do tom do governo em relação à empresa. Se há bem pouco tempo, representantes do governo diziam que nada poderia ser feito pela Varig, agora o próprio presidente sinaliza boa vontade".

Em 29 de abril, foi a vez de O Estado de S. Paulo comentar a estranha reviravolta do governo:

"As declarações do presidente representam uma nova atitude do governo e se somam às da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Depois de semanas insistindo em que o governo não tinha nada a fazer pela Varig, na terça Dilma passou a defender uma solução com participação oficial".

Na última semana, entrevistado pela VEJA, Gilberto Carvalho ditou a linha de defesa de Lula, dizendo que, se Roberto Teixeira "vendeu alguma facilidade", o problema é dele. É a mesma linha de defesa adotada em 1997, quando um conselho do PT, que investigava as denúncias contra Roberto Teixeira, sugeriu que ele "teria cometido abuso de confiança com aproveitamento das relações de amizade com Lula".

O que essa tese ignora é a súbita guinada do próprio Lula, em relação ao negócio proposto por seu compadre. O governo pode alegar - como está fazendo - que a venda da Varig foi decidida pela Justiça, que os diretores da Anac estavam atrapalhando o negócio, que Denise Abreu quer se vingar por sua demissão, que Dilma Rousseff impediu que a empresa quebrasse. Mas há um fato incontrovertível do qual o governo nunca vai conseguir escapar, confirmado por todos os jornais da época, quando ninguém sabia dos interesses do compadre: até o dia 17 de abril, Lula e seus ministros tinham uma posição para o caso da Varig; na própria semana em que Roberto Teixeira foi contratado, eles passaram a ter a posição contrária. Só isso já vale um inquérito. Alguém viu o Ministério Público?



ARQUIVO
25/6/2008
O general, o Morro da Providência e o bispo Crivella
Que o bispo Crivella ou Lula associem a reforma da fachada de alguns casebres ao combate contra os traficantes é mais do que natural. Que o comandante do Exército diga o mesmo é sinal de que a gente se danou de vez.

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17/6/2008
Lulo-sarneysismo
Se tudo der certo, a árvore genealógica do lulo-sarneyzismo vai ficar assim: Lula nomeia a afilhada de José Sarney, ela muda a lei para favorecer o sócio do marido da filha de José Sarney, cuja empresa bancou o filho de Lula, que assina a lei.

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10/6/2008
Já leu a sentença do TJ do Rio, Franklin Martins?
Viu o que decidiu o desembargador Paulo Mauricio Pereira naquele seu processo contra mim? Pegou muito mal, né? Sobretudo o trecho sobre a liberdade de imprensa.

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3/6/2008
Dilma, as Farc e as drogas
Uma reportagem do jornal Gazeta do Povo mostrou que a mulher de Olivério Medina, o representante das Farc no Brasil, foi cedida pelo governo do Paraná a pedido de Dilma Rousseff (...) O governo Lula considera perfeitamente legítimo contratar, para um cargo de confiança, a mulher de um criminoso internacional preso por pertencer a um grupo que pratica o terrorismo e o tráfico de drogas.

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27/5/2008
Música do diabo
A música é o instrumento escolhido pelo diabo para disseminar sua mensagem. Trata-se de um fato seguro, que ninguém dotado de um pingo de critério ousaria contestar. Abnegados estudiosos do satanismo passaram anos e anos escutando discos de trás para a frente, à procura de versos demoníacos infiltrados nas músicas. Depararam-se com uma infinidade deles. Um dos mais célebres é este aqui, do Deep Purple. Em ordem inversa, ele recita claramente: Oh demon that is leading from hell, we believe, que pode ser traduzido como Ó demônio, que está guiando do inferno, nós acreditamos. Há também este outro, do The Eagles. O inocente Hotel California, ouvido no sentido contrário, perde seu caráter kitsch e transforma-se no tenebroso Yeah, satan organised his own religion. Ou: Sim, satanás organizou sua própria religião.

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21/5/2008
Hooligans da internet
A internet precisa de regras, de normas, de leis. Nos campeonatos de futebol da Europa, quem é pego cantando coros nazistas é afastado dos estádios. A internet tem de fazer o mesmo: arrumar um jeito de desconectar seus hooligans.

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13/5/2008
Desemprego zero
José Carlos Assis é o coordenador do Movimento Desemprego Zero. Ele defende uma "política de pleno emprego". Aparentemente, o primeiro a ser beneficiado com a política de pleno emprego foi o próprio José Carlos Assis. Luciano Coutinho, presidente do BNDES, contratou-o como seu assessor, com um salário - um salário pleno - de 20 mil reais.

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6/5/2008
Mordedores de grana do BNDES
Por que até agora ninguém pensou em pedir uma CPI do BNDES? O banco é a principal fonte de investimentos públicos do país. Está envolvido diretamente nos maiores negócios da atualidade, como o empréstimo bilionário à Vale e a compra da Brasil Telecom por parte da Oi. O Congresso Nacional tem o dever de conferir se esse dinheiro está sendo empregado honestamente.

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29/4/2008
Sobre a popularidade de Lula
Há uma diferença entre aprovar um presidente e tornar-se cúmplice dos crimes cometidos durante seu governo. Essa é a diferença que está em jogo. A diferença entre o presente e o futuro. Entre um país de verdade e um país de mentira.

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22/4/2008
Guarda-costas de Lula
Mauro Marcelo foi guarda-costas de Lula. Em meados de 2004, o presidente o nomeou à chefia da Abin. As principais testemunhas do processo contra a Telecom Italia declararam em juízo que, no mesmo período em que era chefe da Abin, Mauro Marcelo oferecia seus préstimos à empresa. O pagamento de 300.000 dólares, segundo essas mesmas testemunhas, seria realizado por meio do detetive Eloy Lacerda, parceiro de Mauro Marcelo. Um dos executivos da Telecom Italia, Angelo Jannone, declarou à promotoria que se opunha à idéia de pagar um membro do governo brasileiro, tanto que, a certa altura, decidiu bloquear os pagamentos. Na página do podcast, dois depoimentos de Jannone. No primeiro, ele conta a origem do relatório em que Daniel Dantas é acusado de desvio de dinheiro nos contratos de fornecimento da Brasil Telecom. No segundo, ele faz um histórico de seu trabalho no Brasil, incluindo o episódio do chefe da Abin.

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15/4/2008
A eleição de Berlusconi e o fim da esquerda
Numa coluna de 2003 comparei Berlusconi a Lula. O mesmo populismo rasteiro. A mesma retórica ordinária. O mesmo aparelhamento do poder. O mesmo método plebiscitário de anistiar suas estripulias éticas por meio do voto. Apesar disso, o resultado eleitoral italiano tem de ser comemorado. A esquerda sumiu. Acabou. Morreu.

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8/4/2008
A imprensa paraestatal anda perdida
A imprensa paraestatal anda perdida. Algum tempo atrás, acusou-me de publicar documentos falsos sobre o inquérito da Telecom Italia. Carta Capital mandou um de seus jornalistas entrevistar o araponga da Telecom Italia. Assunto da entrevista: eu. Eu só posso agradecer. Em vez de mentir a meu respeito, declarando que fabriquei o documento, o araponga da Telecom Italia reconheceu sua autenticidade.

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1/4/2008
O contexto sobre a coluna de Paulo Henrique Amorim
Contexto é coisa de petista. Eu sou o homem dos valores absolutos. Meus princípios não mudam de acordo com as circunstâncias. Eles são sempre aborrecidamente iguais. O que era ruim no passado continua sendo ruim agora. Se o que caracteriza o petismo é o oportunismo moral, eu procuro ser o contrário. Reacionário? Vá lá: reacionário. (...) No petismo, o que conta não é a ideologia, e sim o CNPJ com que cada um está registrado.

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25/03/2008
Agora só o PT pode destruir o PT
Eu recomendo o blog de Paulo Henrique Amorim. Mas é preciso saber ler direito. Nos últimos anos, ele se transformou num agente da ala trotskista do PT, cujo mentor é Luiz Gushiken. O plano da ala trotskista do PT era reestatizar a telefonia com o dinheiro dos fundos e do BNDES. A Telemar está abocanhando a Brasil Telecom, mas seu comando será entregue aos grandes financiadores de Lula e de seus filhos, em sociedade com Daniel Dantas. Para quem está do lado de fora, é uma farra acompanhar a guerra entre os companheiros petistas. O Brasil está completamente rendido. Agora só o PT pode destruir o PT.

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18/03/2008
David Mamet e o jiu-jítsu
David Mamet bandeou da esquerda para a direita. Ele é o maior dramaturgo americano.(...) David Mamet é um praticante de jiu-jítsu brasileiro. Ele está terminando de rodar um filme sobre o assunto: Faixa Vermelha. Alguém tem de investigar seriamente qual foi o papel do jiu-jítsu na reviravolta política de David Mamet. Pode ser que a gente descubra que Minotauro foi o brasileiro que mais influenciou a sociedade americana desde Tom Jobim.

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14/03/2008
Paulo Francis
Apesar de estar cheio de Paulo Francis, apesar de ter falado sobre ele a semana toda, apesar de meu sentimento de inferioridade, ainda posso fazer uma malandragem aqui no podcast. A malandragem é recitar para vocês, com meu cativante tom de voz, a orelha que escrevi para Carne Viva, o romance póstumo de Paulo Francis, que acabou de ser publicado. (Leia o texto na íntegra)

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5/03/2008
Ruins de guerra
A gente sempre foi muito ruim em matéria de guerra. Se eu tivesse de adivinhar o que vai acontecer a partir de agora no conflito entre Equador, Colômbia e Venezuela, diria que vai haver uma disputa acirrada para saber quem consegue bater em retirada mais depressa.

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26/02/2008
Marcelo Netto. O nome dele é Marcelo Netto
Essa foi a chamada da minha coluna de 29 de março de 2006 (leia aqui). Agora, dois anos depois, o Procurador-Geral da República denunciou Antonio Palocci pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo. E Marcelo Netto foi denunciado junto com ele. Rapaziada, o fato é o seguinte: demora, às vezes enjoa, às vezes dá vontade de desistir, na maioria dos casos é frustrante, a amolação do outro lado é grande, há uma certa dose de risco, mas um dia a gente vai descobrir tudo o que aconteceu nos últimos anos.

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19/02/2008
A gente tem de comemorar o fim do tirano gerontocrata
É mais uma figura grotesca que some da nossa frente. Depois de renunciar ao mandato, ele quer se dedicar apenas ao seu trabalho como colunista da imprensa. É o lugar ideal para ele: o colunismo está cheio de zumbis. Quer um blog, Fidel?

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13/02/2008
Mais documentos sobre a Telecom Itália
Meus sete informantes italianos continuam a me mandar documentos referentes ao processo por espionagem contra a Telecom Italia, conduzido pelo Procurador da República Fabio Napoleone. Assim que os documentos chegam aqui em casa, eu os encaminho à magistratura brasileira. E, grandiloqüente, declaro o seguinte: se o Brasil tem uma saída, só pode ser através das leis. (...) O assunto Telecom Italia já se esgotou? Hmm, hmm: tem mais. Acabo de receber um novo pacote.

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6/02/2008
Lá vai o Diogo outra vez
Perdi a conta de quantas colunas e quantos podcasts já fiz sobre a Telecom Italia. Os documentos que recebi no Natal de 2005 (leia coluna aqui) são particularmente valiosos porque mostram uma mala de dinheiro vivo saindo de uma grande empresa – a Telecom Italia, mas poderia ser qualquer outra – e chegando nas mãos de seus receptadores. Isso é inédito. Teimo em falar sobre o caso da Telecom Italia porque ele pode revelar não apenas o destino das malas cheias de dólares, como também o jogo sujo de sua escolta de jornalistas.

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30/01/2008
Apostando em notícias
Eu gosto de apostar. Muito. Se pudesse, passaria o dia todo apostando em corridas de caranguejos. Como não posso, aposto em notícias. É um vício decorrente da minha atividade jornalística. Aposto na variação do Dow Jones, no número de mortos no Iraque e na candidatura de John McCain nas eleições primárias do partido Republicano. Depois do Carnaval, vou fazer uma nova aposta: quem será o primeiro mensaleiro a sujar a barra do Lula?

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