[Valid Atom 1.0]

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

SUS : Após 17 horas na enfermaria 999, como é chamado o corredor do Lourenço Jorge, rapaz terá pé amputado

( Lógicamente ele não é parente de médico nenhum, se fosse isso não teria acontecido, mesmo sendo SUS)


Pacientes do Hospital Lourenço Jorge questionam atendimento Foto: Thamyres Dias

Thamyres Dias
Aos 16 anos, Marcondes Bezerra de Souza é uma das vítimas da enfermaria 999, como é chamado oficialmente um dos corredores do Hospital Municipal Lourenço Jorge — o nome consta de um documento emitido pela unidade, conforme o EXTRA revelou nesta quinta-feira. O menino — que deu entrada na unidade com meningite meningocócica — passou 17 horas no local improvisado até ser transferido para a UTI e, só então, medicado. O tempo pode não parecer tão longo, mas foi determinante para a evolução da doença: Marcondes ficou com metade do corpo paralisado e terá que amputar o pé esquerdo e parte do direito.
— Ele ficou das 5h às 10h sem diagnóstico. Depois, permaneceu até as 22h aguardando exames. Só aí foi para a UTI e começou a ser medicado — conta uma médica da unidade que prefere não ser identificada.
Risco de contaminação
A falha colocou em risco não apenas a vida do menino, mas a de dezenas de outras pessoas que também estavam na enfermaria 999, aguardando vagas em leitos regulares. A bactéria que causa a doença é altamente transmissível.
— A meningite meningocócica é uma emergência infecciosa. Quanto mais demora no tratamento, maior a chance de complicações graves. De cada cem doentes, 20 evoluem para a morte — alerta o infectologista da UFRJ Edmilson Migowski.
No caso de Marcondes, a meningite evoluiu para meningococcemia (quando o microorganismo entra na corrente sanguínea e se espalha pelo corpo). O menino passou dez dias em coma induzido. Na última terça, foi transferido para a Unidade Intermediária (UI).
— Ele fala ‘mãe, eu vou ser um inútil sem os pés’. Eu dou força, explico que ele vai superar. Fico forte na frente dele — desabafa a cuidadora de idosos Maria de Fátima Bezerra dos Santos, de 45 anos.
Na manhã de ontem, o vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Paulo Pinheiro, visitou o Lourenço Jorge e constatou diversas irregularidades. Segundo ele, havia 71 pacientes na emergência, sendo 23 nos corredores. Algumas macas continuavam no chão, como denunciado ontem pelo EXTRA, e, mesmo nos quartos, a superlotação era visível.
— É uma situação grave que também acontece, infelizmente, em outros hospitais públicos. Faltam vagas e também profissionais. Só no Lourenço, faltam seis clínicos e seis pediatras para os plantões — afirma o vereador.
Taxa de óbitos
Na segunda-feira, o Sindicato dos Médicos (Sinmed) pretende entrar com uma denúncia no Ministério Público para apurar as falhas no hospital da Barra da Tijuca.
— A taxa de óbitos é altíssima — diz o presidente do Sinmed, Jorge Darze.
Segundo a Secretaria municipal de Saúde, a unidade opera com uma lotação 40% acima de seu limite de atendimento. A secretaria negou, porém, que chame o local de enfermaria 999. Entretanto, parentes de doentes que pedem documentos para justificar ausência no trabalho recebem uma declaração com todos os dados do doente, inclusive o número da enfermaria e do leito, onde conta enfermaria 999. A secretaria afirma que a numeração indica o cadastro do paciente na fila de espera por um leito.
Ele está esperando, a cirurgia ou a morte’
No leito ao lado do jovem Marcondes Bezerra de Souza, está o pedreiro Waldir de Almeida, de 57 anos. Se o adolescente precisa ir para a UTI, o pedreiro aguarda uma vaga no centro cirúrgico do Lourenço Jorge. Os dois são vizinhos na Unidade Intermediária, mas Marcondes está lá há dois dias, enquanto Waldir, há quase três meses.
— Passei por hospitais em Campo Grande e em Xerém, e depois vim para cá. Achei que estava morrendo, mas melhorei. Estou aqui há um bom tempo — contou Waldir.
Apesar de se sentir melhor, o caso do pedreiro é muito grave, como revela seu prontuário. A única solução é uma cirurgia para a colocação de cinco pontes de safena, que ainda não tem previsão para acontecer.
— Ele está esperando, a cirurgia ou a morte, a que chegar primeiro. Um quadro como o dele é muito arriscado — lamentou uma enfermeira da unidade.
Waldir não precisou passar pela enfermaria 999, mas também demorou a receber um diagnóstico. Internado em 11 de junho, ele só realizou o cateterismo que comprovaria a necessidade de uma intervenção cirúrgica no início deste mês. Dependendo de quanto tempo demore a cirurgia, o exame pode até precisar ser refeito.
— O hospital já pediu a transferência dele para outra unidade, mas não conseguiu — disse um médico.
O Ministério Público conseguiu uma liminar que pode ajudar a resolver o problema de uma parcela dos pacientes graves que aguardam por vagas em UTIs. Segundo a decisão, as secretarias municipal e estadual de Saúde têm o prazo de 12 meses para ampliar a oferta de vagas de tratamento intensivo.
Enquanto isso, quem precisa desse tipo de atendimento deve ser transferido para outro hospital, público ou particular, evitando prejuízo à sua saúde. A multa em caso de descumprimento é de R$ 30 mil por dia.
— A decisão só resolve uma parte do problema. Mas já é uma grande vitória. Vou exigir o cumprimento da medida judicial — afirmou o vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Paulo Pinheiro.
De acordo com o vereador, só ontem, na emergência do Lourenço Jorge, três pacientes graves aguardavam vagas na UTI.

Após três dias de peregrinação, grávida consegue ser atendida


Natália Destefani Silva e o marido Foto: Cléber Júnior

Eletícia
Após três dias de uma angustiante peregrinação em hospitais da Baixada, Natália Destefani Silva, de 24 anos, grávida de 40 semanas, conseguiu, enfim, ser atendida na manhã desta quinta-feira no Hospital Federal de Bonsucesso.
Com um documento expedido pela Defensoria Pública da União, ela e o marido, Joseildo Alves Lima, de 35 anos, conseguiram internação no local.
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, os médicos não encontraram anormalidade que indicasse risco.
— Não podemos forçar o curso das coisas. O próprio Ministério da Saúde incentiva o parto normal — disse a assessora Daniele Fernandes.
Segundo ele, Natália chegou ao hospital ontem com fortes dores na barriga. Após a internação, ele desabafou:
— Agora, ela só vai sair deste hospital com o nosso anjo no colo.
Ela permanecerá internada até o parto, que deve acontecer em duas semanas.
Enquanto isso o dinheiro é gasto com musica ou estadio de futebosta

Obras da Cidade da Música entram na reta final

Projeto iniciado na gestão Cesar Maia e duramente criticado por Eduardo Paes chega à fase de conclusão com custo total de 515 milhões de reais

Cecília Ritto, do Rio de Janeiro

O complexo da Cidade da Música tem 90.000 metros quadrados de área construída
O complexo da Cidade da Música tem 90.000 metros quadrados de área construída - Lucas Landau
Complexo te 12 salas de ensaio, uma sala de música de câmara, uma videoteca, três salas de cinema, uma sala de eletroacústica, um restaurante, quatro cafés, uma sala de exposição e a majestosa Grande Sala, que poderá variar de 1.250 a 1.780 lugares
Passada quase uma década de obras e muitas críticas, é chegada a hora da arrancada final para a Cidade da Música. A estrutura gigante de concreto armado no encontro das avenidas das Américas e Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, parecia congelada desde que, em 2008, o então prefeito Cesar Maia ‘pré-inaugurou’ o complexo cultural. Mas a faixa descerrada no apagar das luzes do governo teve efeito contrário. Em seu início de gestão, o prefeito Eduardo Paes não poupou críticas ao projeto milionário. Para evitar criar no imaginário da população um tributo ao antecessor e rival político, o novo alcaide deixou tudo que dizia respeito à Cidade da Música na geladeira e contratou uma auditoria, que levantou indícios de irregularidades.

Cesar Maia começou a manifestar sua intenção de construir o complexo em 2002. Um ano depois, convidou o prestigiado arquiteto francês Christian de Portzamparc, mentor da Cité de la Musique, em Paris, para criar um marco semelhante no Rio. Os gastos de da obra e as discussões sobre as prioridades do Rio fizeram Cesar Maia enfrentar uma saraivada de críticas da opinião pública e a artilharia pesada de seus opositores. A Cidade da Música, que a princípio custaria 86 milhões de reais e seria inaugurada em 2004, ficará pronta por 515 milhões de reais no começo do segundo semestre de 2011. Até 2008, foram gastos 431 milhões. Na gestão de Paes, a partir de 2009, o investimento já chegou a 42 milhões e outra parcela no mesmo valor ainda será desembolsada.

Esfriada – ou esquecida – a polêmica que sempre cercou o projeto, a gestão de Eduardo Paes retomou a Cidade da Música. Dentro das paredes angulosas cinzentas, a atividade tem sido intensa na hoje chamada Cidade das Artes. Um grupo de 700 funcionários trabalha diariamente para aprontar o espaço a uma nova inauguração – inegavelmente mais completa. Só então o monumento faraônico de 90 mil metros quadrados de área construída deverá, enfim, ganhar vida.
Lucas Landau
Secretário municipal de Cultura do Rio, Emilio Kalil, visita sala principal da Cidade da Música
Secretário municipal de Cultura do Rio, Emilio Kalil, visita sala principal da Cidade da Música
Entre alguns de seus espaços, estão 12 salas de ensaio, uma sala de música de câmara, uma videoteca, três salas de cinema, uma sala de eletroacústica, um restaurante, quatro cafés, uma sala de exposição e a majestosa Grande Sala, que poderá variar de 1.250 a 1.780 lugares. “Deslumbrante”, exclama o secretário municipal de Cultura, Emilio Kalil na entrada para a Grande Sala. Antes do elogio, Kalil não deixa passar incólume os ‘jeitinhos’ arranjados para a pré-inauguração de Maia. “Esse carpete foi daquela inauguração apressada”, explicou.
Dentro dessa sala, de onde Maia discursou em 2008 sobre a importância do empreendimento, algumas obras tiveram de ser refeitas. As poltronas importadas foram todas retiradas na gestão de Paes para terminar etapas executivas que haviam sido puladas. Divergências à parte, a ordem é seguir à risca o projeto inicial. O palco, que estava fixo, será automatizado. Ele aumentará ou diminuirá de tamanho para atender às necessidades de uma ópera ou a de uma orquestra. Os quatro camarotes móveis, acionados para concertos, também estão em fase final. O acabamento do isolamento acústico está sendo feito apenas agora. Os operários também trabalham na mudança de todos os corrimãos das escadarias da Cidade das Artes, antes de madeira e agora de aço.

“É como uma mudança de casa: o pedreiro está saindo, mas não saiu”, resume Kallil. É ele, talvez, uma das pessoas mais animadas do governo com a inauguração do espaço. “Aqui, o delírio é o limite”, diz, enquanto faz uma de suas visitas à obra. No primeiro andar, ele avista o térreo, repleto de lagos: “Olha que beleza é embaixo”. O secretário imagina que o monumento vá se tornar, em uma menor escala, uma espécie de Lincoln Center, onde milhares de pessoas poderão circular diariamente.

Gastos - Na ponta do lápis, o secretário municipal de obras, Alexandre Pinto da Silva, bem menos animado, contesta a relevância da futura casa da cultura fluminense. Pelas contas dele, com os reajustes da inflação, daria para ser construída uma nova Transoeste- corredor expresso exclusivo para ônibus que está em andamento para atender às demandas dos jogos olímpicos de 2016 – cujo custo é de 800 milhões de reais.

“Essa obra não seria feita por nós. Nossas decisões de investimento são para esporte de massa, saúde pública, transporte, educação. No momento, estamos construindo quatro arenas cariocas que levarão espetáculos mais populares à cidade”, afirma Silva. No ritmo atual da obra, ele estima que seria possível ter começado e encerrado tudo em três anos, não em nove. Mas, como a obra foi herdada pela gestão de Paes, não resta alternativa: “Se a gente não conclui, fica o governo responsabilizado pela degradação”.

Da forma que Maia entregou a Cidade das Artes, pode-se dizer que 70% estava encaminhado, sobretudo a parte estrutural. Faltava a montagem dos equipamentos e das salas. Desses 70%, Pinto acredita que 20% tiveram de ser refeitos pelas empreiteiras, como as instalações, colocadas na correria. “Nós voltamos a tocar a obra no ano passado. Estamos fazendo com a tranquilidade necessária para a execução de obras desse porte e desse nível de sofisticação. Não dá para fazer às pressas”, argumenta, sem deixar de apontar as falhas na execução do projeto ocorridas na gestão anterior.

Apesar do cuidado com a finalização da Cidade das Artes, será difícil associar o monumento ao Eduardo Paes. O prefeito mais longevo do Rio, Cesar Maia, deixou sua marca para sempre na cidade com a edificação do complexo cultural. “Ficará para a posteridade da Cidade. A polêmica foi exagerada por politicagem. É isso que gravará meu nome nela. Se tivessem inaugurado quatro meses depois (no primeiro semestre de 2009, já no governo de Paes) ninguém se lembraria da autoria”, afirma Cesar Maia, em um surto de modéstia.
Acusado de superfaturamento e de improbidade administrativa pela CPI instaurada na Câmara dos Vereadores, Maia defende o seu projeto. “E a reforma do Maracanã de um bilhão de reais? Cultura é a base da educação. Se a educação é uma prioridade, a cultura é uma preliminar. Não há ópera sem Metropolitan, não há artes plásticas sem Moma, não há artes práticas sem Louvre. O Rio em seu relançamento como cidade global requer um equipamento desta qualidade”, argumenta.

Depois de pronta, a Cidade das Artes demandará 35 milhões de reais anuais para a manutenção. Antes disso, espera-se o fim das obras para dar início aos serviços de limpeza, checagem da segurança e últimos retoques. Em seguida, será a vez da fase de soft opening, para testar, aos poucos, o espaço - como foi feito com o Theatro Municipal do Rio, reinaugurado em etapas após a última reforma. A inauguração, de fato, está prevista para 2012, o que coincidirá com o aniversário de 10 anos da criação do monumento. “Não adianta discutir o passado. A casa está aqui e precisa ser ocupada. Abandonar seria um crime”, afirma Kalil.
Links Patrocinados
22 de Agosto de 2011 - 19h15

Cesar Maia continua como réu no processo sobre a Cidade da Música


A Justiça confirmou, no dia 19, que o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), permanece como réu no processo de improbidade administrativa movido pelo Ministério Público sobre a Cidade da Música, que já foi alvo de duas CPIs na Câmara de Vereadores.


As duas CPIs apontaram diversas irregularidades na obra. O projeto contava com um orçamento inicial de R$ 80 milhões, mas até agora já foram gastos mais de R$500 milhões. Há ainda uma briga entre Prefeitura e empreiteiras, que cobram ainda dívidas da obra. A segunda CPI, realizada em 2009 e que foi presidida pelo vereador Roberto Monteiro (PCdoB), pediu o indiciamento do ex-prefeito e outros envolvidos.

Na decisão atual da justiça, a juíza Simone Lopes da Costa, da 10ª Vara de Fazenda Pública, nega o argumento de que Cesar Maia não poderia ser processado por improbidade, uma vez que era prefeito quando os contratos foram firmados, mas apenas por responsabilidade.

Além disso, a magistrada determinou um prazo de seis meses para que um grupo de peritos possa fazer a análise contábil e de engenharia da obra, que começou em 2003 e deve custar cerca de R$ 600 milhões aos cofres públicos. Para não atrasar mais o processo, ela decidiu ainda não chamar testemunhas para depor.

Além de Cesar Maia, estão sendo processados os ex-secretários municipais de Obras Eider Dantas e de Cultura Ricardo Macieira; o ex-diretor presidente da Empresa Municipal de Urbanização (RioUrbe), João Luiz Reis da Silva; o ex-diretor de Administração e Finanças da RioUrbe, Gerônimo de Oliveira Lopes; o ex-diretor presidente da RioUrbe, Jorge Roberto Fortes; a Carioca Christiani-Nielsen Engenharia S.A.; a Andrade Gutierrez S.A.; a Técnicas Eletro Mecânicas Teletem S.A.; e a Dimensional Engenharia Ltda.

Na ação, o Ministério Público pede que os réus restituam aos cofres públicos os prejuízos causados com os contratos, além de reparação por danos morais, em quantia que chega a mais de R$ 1 bilhão.

O órgão também pede a condenação e a suspensão de direitos políticos dos acusados. Com isso, caso seja condenado, o ex-prefeito Cesar Maia não poderá ser eleito, participar de partidos e agremiações políticas e nem exercer qualquer cargo público, além de ser proibido de fazer contratos com o poder público.

Com informações do jornal O Globo

Foto: Beto Barata/AE
A DANÇA DA IMPUNIDADE
Na semana passada, depois que seu colega petista João Magno escapou da cassação, a deputada Angela Guadagnin ensaiou uma dança comemorativa no plenário da Câmara. Magno recebeu mais de 400 000 reais do valerioduto. O escândalo que foi sua absolvição deveria ser recebido em silêncio, mas Angela achou por bem festejar. Foi um retrato grotesco do cinismo na política.


LAST

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: