Por Rafael Moraes Moura
Com a saída de Jobim, o ex-chanceler Celso Amorim assumirá a pasta da Defesa, segundo informou o Palácio do Planalto. Amorim já foi convidado para o cargo. Jobim, que estava no Amazonas, antecipou seu retorno a Brasília, previsto inicialmente para as 22 horas, para essa reunião com Dilma, após as repercussões negativas das declarações feitas à Revista Piauí.
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Sai Jobim, entra Amorim: no Brasil, o que está ruim sempre pode piorar
Na última parte do programa Roda Viva desta segunda-feira, afirmei que o entrevistado não me convencera: Nelson Jobim, apesar de garantir que queria ficar no Ministério da Defesa, passou-me a impressão de que estava prestes a deixar o emprego. Naquele momentro ele talvez tenha pensado na entrevista concedida à revista Piauí. O ainda ministro atravessou o programa procurando corrigir derrapagens recentes, mas acabou derrubado pelo passado. A conversa com a repórter Consuelo Dieguez ocorreu há mais de um mês. Mas só foi parcialmente revelada nesta quinta-feira.
No Roda Viva, o náufrago tentou alcançar a praia quando já se afogara. A troca de Jobim pelo ex-chanceler Celso Amorim confirma que, no Brasil, o que está ruim sempre pode piorar. Leiam na seção Vale Reprise o post de maio de 2009 que mostra, com penosa nitidez, quem é o novo comandante das Forças Armadas.
CELSO AMORIM, LULA E A DIPLOMACIA DA VERGONHA.
O Brasil sempre foi conhecido pela neutralidade e pela diplomacia de alto nível. Inúmeros expoentes da diplomacia mundial passaram pelas embaixadas brasileiras e alguns escreveram seu nome na história através da sua atuação em momentos marcantes e de extrema gravidade.
No entanto, a última administração do Itamaraty com Celso Amorim, faz a diplomacia brasileira entrar numa nova era: A Era da Vergonha.
Como uma nação, que se diz democrática e pautada pelo respeito aos direitos humanos e a integração entre credos e pessoas das mais diferentes origens, pode pactuar e se regozijar ao unir-se em defesa do que há de pior em matéria de intolerância, desrespeito ao ser humano e a todo tipo de políticos reconhecidamente comprometidos com a morte e com arbitrariedades ao redor do planeta?
Essa pergunta poderia ser respondida por Lula e por Celso Amorim como a chave para que o Brasil conquiste o tão sonhado assento no Conselho de Segurança da ONU. Em busca de quem o apóie nessa empreitada, Lula e o Itamaraty acham que não podem “bater de frente” com ninguém. Devem ceder aos avanços e propostas de todas as nações que digam, ou simplesmente cogitem, apoiar o pleito do Brasil.
E, nesse balaio, seguem os vergonhosos apoios a políticos condenados e procurados pelo Tribunal Internacional de Haia por genocídio (o presidente o Zimbábue). Apoio a um radical islâmico egípcio que assume queimar livros que contrariem a fé islâmica em praça pública para a chefia da UNESCO (em detrimento de um conterrâneo nosso que seria eleito facilmente). Bradar aos quatro ventos que o governo de Honduras é golpista e que não tolerará golpistas e, logo após; reunir-se, reconhecer e confraternizar com os mais perversos ditadores africanos – responsáveis por inúmeros massacres étnicos – além de apoiar diversos golpistas do continente (inclusive Kadafi). Reconhecer a China como economia de mercado (em troca do apoio para ampliação do Conselho de Segurança) para, logo em seguida, ser surpreendido pelo discurso do representante chinês solicitando a redução do número de países no conselho de Segurança. Reconhecer que o discurso de Ahmadinejad, em relação ao Holocausto e ao extermínio de judeus (um genocídio) é “uma questão de opinião” e ainda defender que o Irã continue com seu programa de enriquecimento de urânio (quando a comunidade internacional inteira está certa de que os objetivos são militares) deixa claras a falta de visão e a inconseqüência do discurso brasileiro, em face à realidade geopolítica internacional. A esses absurdos somam-se os fracassos inexplicáveis em relação às negociações de Doha, a crise com a Bolívia, com o Paraguai, as constantes caneladas tarifárias que a Argentina nos dá impunemente e a fragorosa derrota na OMC. Coroando a administração de Celso Amorim e o governo Lula como os piores momentos de nossa diplomacia em toda a nossa história.
Isso sem contar que Celso Amorim é mais um que foi pego numa mentira ao dizer-se portador de qualificações profissionais que, verdadeiramente, não dispunha. A mais nova determinação do novo “líder” da diplomacia brasileira é o banimento do inglês como língua necessária para o cargo de embaixador e como eliminatório no exame de carreira. Afinal de contas, para que um embaixador precisa falar fluentemente a língua universal, na qual todas as autoridades e todos os grandes homens de negócio se expressam?
A própria atuação em Honduras mostra como são pífias as ações do Itamaraty e a administração de Celso Amorim à frente do organismo. Ao permitir que Zelaya atue em nossa embaixada como um político em campanha, o Itamaraty permite que a situação em Honduras, que se caminhava para a normalidade constitucional com a realização das eleições, degenere rapidamente para a violência e para a suspensão das garantias constitucionais provocando enormes constrangimentos e podendo acabar em derramamento de sangue. O que, certamente, levará a diplomacia brasileira para um novo nível em toda a sua história: o nível do descrédito.
Entender que essas demonstrações equivocadas de parcialidade e de apoio a países e políticos condenados pela comunidade internacional, em nome de uma ideologia estúpida e sepultada pelo tempo, acabará provocando um efeito totalmente contrário ao que o Brasil deseja, parece ser algo muito além do entendimento dos homens responsáveis pela nossa diplomacia.
Infelizmente; é o povo que acabará sofrendo as consequências de toda essa incompetência e de toda falta de ética que pautam atualmente as nossas relações diplomáticas.
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