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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Eliza ficava em quarto do sítio de goleiro



Administrador desmente jogador e diz ter visto a jovem e o filho na propriedade há um mês

Contagem (MG) - Administrador do sítio do goleiro do Flamengo Bruno Fernandes das Dores de Souza, em Esmeraldas, a 50 quilômetros de Belo Horizonte (MG), Elenilson Vitor da Silva, 22 anos, fez revelações importantes à polícia. Conforme desabafou aos pais e a amigos, o funcionário desmentiu a versão do atleta de que há cerca de três meses não tinha contato com a ex-namorada Eliza Samudio, 25, desaparecida há mais de 20 dias. No primeiro depoimento, quando os agentes fizeram buscas na propriedade, há uma semana, Elenilson afirmou que não tinha visto a moça no Condomínio Turmalina. Desta vez, porém, ele não só confirmou a presença da jovem como contou que ela e o bebê Bruninho, de quatro meses, ficavam dentro de um quarto praticamente durante o dia inteiro.

Em mais de cinco horas de depoimento, na madrugada de ontem, Elenilson admitiu que ele mesmo levava comida para a estudante e o bebê. A nova declaração do administrador, que seria irmão de criação de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, homem de confiança do goleiro, ratifica informações de outras testemunhas. Na tarde de quarta-feira, os policiais ouviram vizinha de Bruno, que afirmou ter visto Eliza na piscina da casa, com o goleiro e mais dois amigos. Horas depois, os agentes localizaram Elenilson numa delegacia de Esmeraldas, onde ele prestava queixa sobre o furto ocorrido dentro do sítio.

Conduzido pelos policiais para o Delegacia de Investigação de Homicídios, o administrador enfim admitiu que Eliza esteve na casa do jogador entre os dias 8 e 9 de junho. Na tarde do dia 9, segundo ele, Bruno saiu com o bebê, enquanto Eliza ficou na casa — informação que coincide com a prestada em depoimento por V., a amiga com quem Eliza conversou pela última vez. A ligação aconteceu às 17h57 e o telefone da ex-amante de Bruno indicava estar na região de Betim, município próximo ao Condomínio Turmalina.

De acordo com V., Eliza disse que estava bem, no interior de Minas Gerais, e que o goleiro tinha decidido ajudá-la. “Ela contou que Bruno tinha levado o bebê para os pais dele conhecerem, e eu até estranhei porque Eliza era muito agarrada com o menino. Nunca deixava ninguém se aproximar de Bruninho”, repetiu V. a O DIA, na noite de ontem.


Os pais do administrador disseram que o filho jurou não saber o que aconteceu com a ex-amante do jogador, apesar ter visto a jovem no sítio. A família de Elenilson, que vive com pouco mais de um salário mínimo numa casa simples no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, tem passado por dias tumultuados desde que o episódio veio à tona.

CHORO DOS PAIS

Segundo a mãe do rapaz, a dona de casa Nilda Maria Vitor da Silva, 47 anos, o goleiro paga R$ 600 por mês ao filho, dinheiro que ele estaria guardando para ajudá-la na reforma da casa. “Uma mãe conhece o filho. Ele já chorou e negou saber de qualquer informação sobre o desaparecimento dessa menina. Eu acredito nele. As pessoas falam que ele é amigo do Bruno, mas isso não é verdade. Ele o via porque é caseiro do sítio. Amigo é o Macarrão. Tanto que ele fica mais no Rio do que aqui em Minas”, disse Nilda, emocionada.

Desde que soube do envolvimento do nome do filho no caso do desaparecimento de Eliza, a dona de casa não consegue se alimentar. O pai do administrador, o gari João da Silva, 55 anos, contou, chorando, que o jovem foi surpreendido pela polícia e levado a prestar depoimento sobre o caso quando registrava a queixa do saque no sítio de Bruno. “Ele disse que foi pego e levado para Contagem, onde ficou até de madrugada. Tudo isso é muito triste. Estou arrasado. Pensei que ele tinha ficado preso”, lembrou.

Reportagem de Christina Nascimento e Leslie Leitão




Seis carros usados em apenas quatro dias



Eliza está desaparecida há mais de 20 dias | Foto: Reprodução da Internet

Contagem (MG) - Entre os dias 6 e 9, Bruno e Macarrão usaram pelo menos seis carros em Minas. Os registros constam no livro de entrada e saída de veículos do Condomínio Turmalina. O documento está sob análise da polícia.

O primeiro registro de Bruno é do dia 6, às 14h. Ele chega numa BMW preta, e Macarrão entra 25 minutos depois na Range Rover verde. Às 14h45, os dois carros deixam o condomínio. Às 18h45, Macarrão volta com o jipe e sai uma hora depois. Às 2h do dia 7, Bruno chega com o jipe que antes estava com Macarrão e só vai embora às 11h15. Meia hora depois, usando o mesmo jipe, Macarrão entra no condomínio e só sai às 21h. No dia seguinte, por volta de meia-noite, Bruno e família chegam em um Palio, com placa de Minas Gerais. No mesmo horário, Macarrão também entra, mas dessa vez em uma caminhonete D-20, de Belo Horizonte. Os dois deixam o local por volta do meio-dia do dia 9, mas às 22h15, Bruno volta usando a caminhonete.




Nesse período, Macarrão chega ao condomínio em um Palio do Rio e só vai embora às 23h20. Nesses dias, também há dez registros de entradas e saídas dos carros dirigidos por Cleiton e Flávio, amigos de Bruno que foram ouvidos pela polícia.

Reportagem de Christina Nascimento e Leslie Leitão





Amigo foi visto levando Bruninho

Contagem (MG) - Os livros de registro de acesso ao condomínio — publicados ontem com exclusividade por O DIA — mostram que Bruno deixou o sítio às 13h10 do dia 9. Naquele dia também passaram pela Chácara 16E os amigos Macarrão e Flávio, com quem Bruninho foi deixado na estrada BR-040. O caderno não indica o horário em que Bruno voltou para casa, mas registrou nova saída do goleiro — desta vez numa caminhonete D-20, carro usado por Macarrão ao longo do dia — às 22h15. Ele retornou ao condomínio 20 minutos depois.

Elenilson diz que Eliza e Bruninho estiveram no sítio do goleiro, mas ficavam quase o dia todo num quarto. ‘Até levei comida a eles’ | Foto: André Mourão / Agência O Dia

O administrador também confirmou à polícia que Macarrão voltou ao sítio dia 10, levando o bebê. A criança ficou aos cuidados do funcionário na casa principal até o dia 23, quando a mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, chegou do Rio. Nos dois dias seguintes, Bruninho ficou na casa dos caseiros. Elenilson também mencionou um jogo de futebol no sítio, dia 9. O episódio também foi relatado por Cleiton Gonçalves da Silva, que depôs terça-feira. Ele contou que, após a ‘pelada’, pediu para tomar banho, mas teria sido impedido por Bruno porque “ela” (Eliza) estaria lá dentro.


Vestígio de sangue no carro é mesmo humano

O vestígio de sangue encontrado no banco traseiro do Range Rover do goleiro Bruno é mesmo humano. O resultado foi divulgado na tarde de ontem, pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais. Com o laudo, o processo de investigação ao paradeiro de Eliza Samudio entra em outra fase: comparar o material coletado no veículo com o de Bruninho e do pai dela, Luis Carlos Samudio, 43. Segundo o diretor do Instituto de Criminalística, Sérgio Márcio Costa Ribeiro, o resultado só deve ficar pronto em uma semana.

O Range Rover foi apreendido no dia 8, na Avenida Altino José Costa, em Esmeraldas, sem IPVA pago. A polícia está intrigada porque a apreensão aconteceu às 12h, mas o carro foi visto no condomínio novamente às 21h. Macarrão estava na direção, segundo registros do livro de acesso ao condomínio.



Dia 6, o carro foi usado de novo por ele, que entrou às 14h25 e saiu após 20 minutos, e voltou mais tarde, às 18h45, permanecendo no sítio por quase uma hora, até 19h40. Três multas foram registradas às 14h15, 18h34 e 19h42.

Reportagem de Christina Nascimento e Leslie Leitão





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