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quarta-feira, 3 de março de 2010

'Lula sabe que Cuba jamais torturou', diz amigo Fidel


Num instante em que Lula tenta virar a página escrita na semana passada, em Cuba, o ditador aposentado Fidel Castro cuidou de redigir mais um capítulo.

Fidel manifestou-se em nota. No texto, remexeu o caldo que mistura a visita de Lula e a morte do dissidente cubano Orlando Zapata.

Acusado de “cúmplice” pelos opositores do regime de Havana, o presidente brasileiro foi defendido por Fidel.

Divulgada na TV estatal cubana, a nota companheira realça, a certa altura:

"Lula sabe, há muitos anos, que em nosso país jamais se torturou alguém, jamais se ordenou o assassinato de um adversário, jamais se mentiu para o povo".

Zapata sucumbiu após 85 dias de greve de fome. Feneceu na terça-feira da semana passada, horas antes da chegada de Lula a Havana.

Instado a comentar o episódio, Lula lamentou que “uma pessoa se deixe morrer” por greve de fome, expediente que já adotou e desrecomenda.

Não pingou dos lábios de Lula nenhuma palavra que soasse a desaprovação à falta de democracia em Cuba.

O silêncio custou a Lula declarações acerbas dos dissidentes que permanecem em Cuba e um protesto barulhento de exilados, no consulado brasileiro de Miami.

Inveja pura, segundo Fidel: "Alguns invejosos de seu prestígio e de sua glória, ou pior ainda, os que estão a serviço do Império, o criticaram por visitar Cuba. Utilizaram para isso as calúnias que há meio século usam contra Cuba".

No estágio seguinte de sua fatídica viagem, Lula voou para El Salvador. Ali, levou aos microfones uma declaração que agora ecoa como aprovação prévia à nota de Fidel:

"Não podemos julgar um país ou a atividade de um governante em função da atitude de um cidadão que decide fazer uma greve de fome".

O que dizer? Com um defensor do porte de Fidel, Lula já não precisa de agressores.

Depois de converter o romantismo de de Sierra Maestra num pesadelo de cinco décadas, o protoditador, metido em agasalho Adidas, decidiu matar o tempo como ficcionista.

Seus opositores, em trilha inversa, como que convertem Manuel Bandeira em realidade, adaptando-lhe a poesia:

Vou-me embora de Pasárgada

Sou inimigo do rei

Não tenho nada que quero

E sei que jamais terei

Vou-me embora de Pasárgada

Aqui não sou feliz

A cana é muito dura

E os ditadores são senis...






















LAST






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