colaboração para a Folha Online, no Rio
O motorista do micro-ônibus incendiado na noite de terça (2) no Rio afirmou no fim da tarde desta quarta que o veículo foi atacado a cerca de 200 metros de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Cidade de Deus, em Jacarepaguá (zona oeste da cidade). Doze pessoas ficaram feridas.
Segundo Edson Souza Cerqueira, 47, a ação foi rápida e contou com a participação de cerca de 20 pessoas, incluindo adolescentes. "Foi muito rápido porque acredito que eles ficaram com medo de a polícia chegar. Tem um posto [da PM] a cerca de 200 metros do local onde o ônibus sofreu o ataque. Fiquei assustado, ainda mais porque ali passou a ser considerado seguro com o posto e outras duas cabines da UPP no trajeto", afirmou o motorista à Folha Online.
Alexandre Brum /AP/Agência O Dia |
Ataque a micro-ônibus no Rio deixa pelo menos 12 pessoas feridas; agressão foi represália à prisão de traficante, segundo a polícia |
Cerqueira disse que em 12 anos de trabalho como motorista da linha 701, da viação Litoral, nunca presenciou nada parecido. "Não sei como, mas consegui manter a calma. Podia ser muito pior se eu não tivesse seguido a ordem de abrir as portas", afirmou.
Ainda de acordo com ele, o ataque foi iniciado por um jovem, que arremessou pedras contra o veículo. Em seguida, cerca de 15 a 20 pessoas saíram de uma viela perto do ponto de ônibus onde ocorreu o ataque e cercaram o veículo.
"O mesmo jovem que atacou pedras na frente ônibus mandou abrir as portas. Depois, surgiram outras pessoa com galões de gasolina. Atearam fogo na porta da frente e no meio do ônibus", disse. De acordo com ele, os criminosos também jogaram coquetéis molotov contra o veículo.
Após escapar do incêndio, Cerqueira afirma ter retornado para ajudar os passageiros --cerca de 30 estavam no micro-ônibus no momento do ataque. "Consegui apagar o fogo que atingiu as pernas de uma moça. Depois de cinco minutos, a polícia apareceu para ajudar."
O motorista afirmou que não tem condições de reconhecer o criminoso que iniciou o ataque, mas informou que o rapaz aparentava ser menor de idade.
De acordo com a Polícia Militar, o ataque foi uma resposta à prisão de Leandro da Silva, 19, apontado como traficante de drogas.
Depoimentos
Mais de 50 pessoas --entre suspeitos, testemunhas e vítimas-- já foram ouvidas pela Polícia Civil. Do total, 11 são suspeitos de envolvimento no crime, mas nenhum deles ficou detido.
O delegado-titular da da 32 DP (Taquara), João Luiz Garcia de Almeida, afirma que, com base em relatos de testemunhas, será feito o retrato falado do suspeito de iniciar o ataque.
Os policiais buscam imagens do circuito de segurança de estabelecimentos comerciais da região para tentar identificar os criminosos.
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