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domingo, 14 de fevereiro de 2010

PONTO G, PERERECA, MERDA, RATO, ESGOTO… É LULA DISCURSANDO!



sábado, 13 de fevereiro de 2010 | 4:17


Lula inaugurou ontem a barragem João Leite, em Goiás. Estava no melhor da sua forma, no melhor, em suma, do lulismo. Fez troça das leis ambientais, da Lei de licitações, do TCU, do decoro… Falou, como de hábito, o que lhe veio à cabeça. Era um homem acima do Estado. Eis uma das dificuldades de Dilma Rousseff, sua candidata, e, a rigor, de qualquer outro político: ninguém consegue essa inimputabilidade. Vamos ver.
Referindo-se a importância do Brasil no mundo, mandou ver:
“Por isso que o Brasil é importante no G20, é importante no G8, é importante no G3, é importante no G4. Cria um G que o Brasil está dentro. Não tem país mais preparado para encontrar o ‘ponto G’ que o Brasil”.
A corte persa que o seguia riu muito da linguagem cheia de picardia e veneno… Quando George W. Bush esteve no Brasil, vocês se lembram, ele convidou o americano a encontrem juntos o “ponto G” da relação entre os dois países.
O presidente estava mesmo impossível. Sem abandonar aquele universo metafórico ou simbólico, resolveu reclamar da Lei de Licitações e das leis ambientais, que seriam responsáveis pelo atraso em obras. Citou o caso de melhorias na BR-101, que teriam ficado seis meses paradas por causa de um anfíbio que estaria ameaçado de extinção, o que, verificou-se depois, não era verdade. O nosso sátiro que falara do Ponto G então foi grato à Divina Providência:
“Graças a Deus, porque a perereca não pode se extinguir nunca”!
Como discordar deste gigante da oratória?
Lula, sabemos, fica mais pobre ou menos pobre sempre a depender da necessidade e do calor da hora. Ontem, ele estava disposto a demonstrar o que foi que lhe deu essa têmpera de bravo e a expor as causas de sua saliência no cenário internacional:
“Qual daqueles presidentes [dos organismos internacionais] já viveu no meio da merda, comeu junto com os ratos e no meio do esgoto?”
Certamente nenhum! Mas atenção! Nem Lula! Essa é uma falsa memória a que ele recorre quando interessa.
Lula gosta dessa linguagem; tem certo apreço por essas imagens. Tais palavras são recorrentes em seu discurso. No excelente Dicionário Lula, Ali Kamel fez a contabilidade, considerando o conjunto dos discursos do presidente. Leiam:
No período analisado, podem-se achar cinco menções a “cocô”; duas a “merda”; vinte a “fezes”; seis a “útero”; uma a “bunda”; trinta e três a “rato”; seis a “barata”; quatro a “piolho”; nove a “fedentina”; oito a “porrada”; qua­tro a “porreta”; cinco a “sacanagem”; quatro a “urina”; e sete a “defecar”. Os redatores da Secretaria de Comunicação da Presidência responsáveis pela transcrição dos discursos apoiaram-se 370 vezes na palavra “inaudível” para substituir um termo que ou não tenham entendido (a maior parte dos ca­sos, acredito) ou que tenham considerado inapropriado.
Encerro
Sabendo da contabilidade acima e depois de ler trechos de outros discursos no post abaixo — a mesma “merda”, o mesmo “rato”, o mesmo “esgoto” e o mesmo “Ponto G” —, há que se concluir: Lula não diz essas barbaridades por espontaneidade, mas por cálculo.

Sulamérica Trânsito












LAST





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