Depois do hit eleitoral sobre a opção sexual de Gilberto Kassab, o must no Rio de Janeiro é a maconha. Quem fumou, quem tragou, quem gostou.
As preferências conceituais da opinião pública são bem mais intrigantes que as preferências sexuais do prefeito de São Paulo. Numa cidade onde o diretor de um presídio de segurança máxima é fuzilado com 60 tiros, destaca-se a “revelação” de que um candidato comportado deu suas baforadas.
Não resta dúvida: 1968 não terminou. E esses tabus intermináveis sobre gays e maconheiros continuam fazendo das eleições o espetáculo mais estranho da Terra.
Clinton fumou, mas não tragou; Fernando Henrique fumou, mas não gostou; Eduardo Paes fumou, mas jura que é limpinho.
Dos temas decisivos, está faltando o aborto. É preciso saber urgentemente se Gilberto Kassab teve alguma namorada que já abortou. Ou, vá lá, uma prima. E não vale alegar, como um Lula, que não sabia. Gabeira e Paes também precisam se pronunciar sobre isso, de preferência na presença do bispo Crivella.
Aliás, há vários temas fundamentais ainda ausentes deste segundo turno. O eleitorado precisa saber logo o que os candidatos a prefeito acham do figurino do Dunga. E dos sambas-enredo para o Carnaval 2009. Sem se esquecer da fundamental tomada de posição no choque antropológico entre Flora e Donatela. Doa a quem doer.
Talvez seja por isso que a discussão sobre a segurança das grandes cidades nunca passa do feijão com arroz. É preciso saber primeiro se o governante é gay ou maconheiro.
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