Patrícia Acioli foi seguida durante cerca de 40 minutos na noite do crime.
Polícia investiga imagens para identificar envolvidos.
Segundo a investigação, Patrícia Acioli deixou o fórum por volta das 23h e saiu da garagem em seu carro às 23h13. Câmeras de segurança registram que uma moto ocupada por dois homens, com o farol apagado, acompanha o deslocamento do veículo da juíza ao longo da estrada para Niterói.
Às 23h48, a quatro quilômetros de distância da casa de Patrícia, os suspeitos ultrapassam o carro da juíza e seguem na frente para preparar a emboscada. Às 23h53 eles entram no condomínio da vítima, e logo em seguida ela chega, como mostra a última imagem registrada antes do crime.
A investigação policial também mostra que o carro de Patrícia foi alvejado ainda em movimento e que os tiros continuaram depois que o veículo parou. Foram 21 tiros, e as cápsulas recolhidas são de três calibres: 38, 40, de uso padrão da polícia, e 45, de uso restrito. Os assassinos deixaram o condomínio às 23h58.
Investigação
A polícia remontou detalhes do crime analisando imagens de câmeras de segurança somadas às perícias do carro, do local e do corpo da juíza. Ainda foram utilizados dados de mais de 3 milhões de celulares que passaram pela área entre o fórum e a casa de Patrícia Acioli até um mês antes de sua morte. Com isso, os investigadores provar que o crime foi planejado e teve envolvimento de policiais militares.
A investigação aponta para três suspeitos: o tenente Daniel Benitez e os cabos Sérgio Costa Júnior e Jefferson de Araújo Miranda. Segundo o delegado titular da Divisão de Homicícios (DH), Felipe Ettore, eles estão entre os oito envolvidos na morte de Diego de Souza Beliene, de 18 anos, em São Gonçalo.
“Eles sabiam que seriam presos em poucos dias, que estava sendo expedida a ordem de prisão por processo anterior, e aí não teriam mais tempo para a execução da vitima”, conta o delegado, referindo-se ao assassinato da juíza.
Na investigação da morte de Diego, a polícia vigiava os movimentos dos três. E no dia do assassinato da juíza, antenas de empresas de telefonia captaram os sinais dos celulares de Daniel Lopes e Sérgio Costa Júnior no fórum de São Gonçalo. Só que antes das 23h, os celulares dos policiais foram desligados. E só foram religados quase uma hora depois de a juíza ter sido executada. A partir daí, a polícia começou a rastrear dados dos celulares do PMs nos dias anteriores ao crime.
Ação planejada
No dia 11 de julho, exatamente um mês antes do crime, os registros mostram que os três acusados se encontraram na Rua dos Corais, em Piratininga, Niterói, endereço da juíza. Segundo a polícia, eles ficaram 26 minutos, das 19h43 às 20h09, juntos na pequena rua onde, um mês depois, a juíza foi morta na emboscada.
No dia em que foi assassinada, Patrícia tinha acabado de assinar o pedido de prisão preventiva, por envolvimento na morte de Diego, dos três homens agora acusados também pela morte dela. “Está provado que eles são os autores do homicídio. Isso não há dúvida para a polícia que esses três participaram efetivamente da execução da juíza Patrícia Acioli”, afirma o delegado.
Em depoimento, Daniel e Jeferson negam a acusação. Sergio se recusou a falar. “O desfecho da investigação não é só para provar as pessoas que estavam na moto, mas para verificar se de fato há outras pessoas envolvidas”, completa o delegado.
Imagens de acusados de matar Patrícia Acioli são divulgadas
Rio - As imagens dos três policiais militares acusados de
participar do assassinato da juíza Patrícia Acioli foram mostradas, pela
primeira vez, na noite deste domingo. O tenente Daniel Benitez e os
cabos Sérgio Costa Júnior e Jefferson de Araújo Miranda estão presos na
Delegacia de Homicídios e as fotos foram divulgadas, pela primeira vez,
em uma reportagem exibida pelo Fantástico.
"Está provado que eles são os autores do assassinato da juíza", afirmou Ettore, referindo-se ao fato dos três policiais terem desligado os celulares pouco antes das 22h, na noite da morte de Patrícia, e só terem ligado os aparelhos uma hora depois do assassinato.
Armas do 7º BPM são apreendidas
Um total de 695 pistolas e revólveres do 7º BPM (São Gonçalo) foi apreendido nesta segunda-feira por policiais da Delegacia de Homicídios (DH). As armas vão passar por perícia para verificar se foram utilizadas na morte de Patrícia Acioli. Os policiais também cumpriram outros 15 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos três PMs acusados de participação no crime.
No Tribunal de Justiça do Rio, o delegado da Homicídios, Felipe Ettore, disse que a morte de Patrícia foi a forma que os PMs tiveram de tentar evitar a prisão pela morte de um rapaz de 18 anos em 3 de junho, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
“Eles não sabiam que os mandados haviam sido expedidos pouco antes da execução”, revelou. Outros cinco policiais do Grupo de Ações Táticas do 7º BPM são investigados por forjarem o auto de resistência. Todos estão presos na Unidade Prisional — antigo BEP.
As buscas da Delegacia de Homicídios foram em Jacarepaguá e Senador Camará, na Zona Oeste do Rio; em Maricá, na Região dos Lagos; e em São Gonçalo, Região Metropolitana. Os agentes vistoriaram a casa dos três policiais militares acusados de matar a juíza e também fizeram incursões nas casas de seus familiares. Até mesmo os armários que os PMs utilizavam nos batalhões foram revistados.
Sem celulares e ajuda de outro BPM
De acordo com Antônio Siqueira, da Associação de Magistrados do Rio, há a suspeita de que os acusados tenham tido o auxílio de policiais do batalhão vizinho. “As imagens mostram viatura do 12º BPM (Niterói), que não tinha GPS, no dia 11 de julho, quando reconheceram a área. No dia da morte, os celulares deles foram rastreados na área do Fórum de São Gonçalo e em Piratininga, mas foram desligados antes do crime, atitude que contraria a rotina dos PMs”.
Para comprovar que o planejamento do crime, a polícia analisou três milhões de celulares que fizeram o trajeto entre o fórum e a casa da juíza durante um mês antes do crime. Graças a essa investigação, a polícia descobriu que os três estiveram juntos, na rua onde Patrícia Acioli morava, um mês antes do crime.
O presidente do TJ, desembargador Manoel Alberto Rebêlo, tentou justificar novamente a ausência da escolta da juíza, alegando que a proteção não poderia impedir sua morte. “Esses elementos decidiram naquele momento que iriam matá-la. A escolta previne, mas não evita por completo. O crime não tem relação com outras ameaças”, afirmou.
Munição era da Polícia Militar
Investigação da polícia mostrou que cartuchos apreendidos no local da execução da juíza faziam parte de lote de 10 mil munições calibre 40 enviadas, entre outros, para o 7º BPM (São Gonçalo), como publicou com exclusividade O DIA, em 22 de agosto.
No dia 28, foi revelado que imagens de câmeras registraram encontro de policiais do 7º BPM com dois homens pouco antes do assassinato, perto do fórum. Um deles foi reconhecido como réu em processo a cargo dela. Documentos publicados por O DIA mostram que Patrícia alertou ao TJ várias vezes sobre ameaças, mas ficou sem escolta.
Fórum de São Gonçalo, 11 de agosto, pouco depois das 23h. O
corredor vazio é iluminado de repente por um raio de luz. Vem da sala
onde funciona a quarta vara criminal, ocupada durante 12 anos pela juíza
Patrícia Acioli. É ela quem deixa a sala.
A juíza que condenou mais de 60 policiais, e está ameaçada de morte, vai embora sozinha depois do longo dia de trabalho. São as últimas imagens de Patrícia ainda viva. Às 23h13, ela sai da garagem do fórum.
De lá até a casa dela, a juíza percorreu 29 quilômetros - 41 minutos em estradas pouco iluminadas. A polícia refez esse trajeto procurando por câmeras de vigilância. Encontrou sete e as imagens que você vai ver agora, com exclusividade no Fantástico, mostram que desde que saiu daqui a juíza foi seguida - por gente que sabe fazer isso, sem chamar a atenção.
O carro vira à direita, para pegar a estrada para Niterói. E três minutos depois, é filmado em um ponto. Logo depois, a câmera de segurança mostra uma moto, ocupada por dois homens. A juíza chega a uma rodovia e percorre quase 20 quilômetros. Foram 30 minutos até que outras câmeras filmassem o carro dela. A cena se repete: a mesma moto ainda está fazendo o trajeto seguido por Patrícia Acioli.
Em um determinado momento, é possível ver que o piloto da moto está de tênis branco e calça jeans. Os dois homens usam casacos. A motocicleta é azul. O farol da motocicleta está sempre apagado. A juíza não percebe o perigo, e não se desvia do caminho que costuma fazer. Dois minutos depois, outras câmeras de segurança confirmam a perseguição.
Às 23h48, faltam quatro quilômetros para Patrícia chegar em casa. Este é o ponto fundamental para entender a o plano dos assassinos. Neste ponto, quando escolheu seguir em frente, a juíza mostrou que ia mesmo para sua casa. Era o único itinerário possível. Por isso, os assassinos deixaram de segui-la - e foram na frente, para preparar a emboscada.
A câmera instalada em um ônibus mostra que pouco mais adiante a moto já havia ultrapassado o carro da juíza. Às 23h53, os homens da moto entram no condomínio onde Patrícia mora. Logo depois, ela chega. A imagem do carro passando é a última registrada antes do crime. Mas, mesmo assim a polícia conseguiu descobrir onde os assassinos esperavam pela juíza Acioli. E como ela foi morta ainda antes de o portão da casa se abrir.
A investigação policial descobriu marcas de pneu de motocicleta atrás de um dos carros que estavam estacionados na entrada da casa. Quando a juíza se aproximou da garagem, os bandidos surgiram, e o carro foi alvejado ainda em movimento. A prova: os primeiros tiros atingiram a porta da motorista da esquerda para a direita. Mas depois, há marcas de tiros que entram pela janela e pela porta em linha reta. Isso porque o carro acabou parando bem ao lado dos atiradores, que descarregaram suas armas.
Os lugares em que as cápsulas foram encontradas no chão comprovam que os disparos foram feitos de muito perto. As cápsulas recolhidas são de três calibres. Para a polícia, isso tem explicação: um dos atiradores teria usado duas armas.
Para a polícia, um dos atiradores teria usado duas armas. As cápsulas recolhidas são de três calibres. 38. 40, de uso padrão na polícia. E 45, de uso restrito. Munição comprada com dinheiro público.
Patrícia Acioli foi atingida por 21 tiros. A necropsia aponta como causa da morte ferimentos no pescoço e no tronco. Às 23h58 da noite, os assassinos da juíza deixam o condomínio.
Todos esses detalhes foram remontados a partir das perícias do carro, do local, e do corpo. Mas a polícia foi além. Analisou os dados de mais de três milhões de celulares que passaram pela área entre o fórum e a casa da juíza Patrícia Acioli no prazo de um mês. E com isso conseguiu provar não só o envolvimento dos PMs, mas que o crime foi cuidadosamente planejado. Acostumados à impunidade, os três policiais militares tiveram a ousadia de ir pessoalmente à casa da juíza para reconhecer o terreno, exatamente um mês antes do assassinato.
Quem tramou, com tanta certeza de impunidade, a morte da juíza? Por que? Segundo a polícia a história começa no dia dia 3 de junho. Diego da Conceição Beliene, de 18 anos, foi morto por PMs em São Gonçalo. O caso foi registrado como auto de resistência - que é quando um suspeito resiste á prisão e enfrenta a polícia.
“Ele não estava armado. Ele tava sem camisa. Ele tava com a identidade no bolso. Onde tava essa arma então?”, questiona a mãe do Diego
As investigações desfizeram a tese do auto de resistência. E os oito policiais militares envolvidos na morte de Diego passaram a temer que a juíza expedisse um mandado de prisão contra eles. Entre os oito, os três acusados, agora, pela morte da própria juíza.
“Eles sabiam que seriam presos em poucos dias, que estava sendo expedida a ordem de prisão por processo anterior, e aí não teriam mais tempo para a execução da vitima”, conta o delegado. A vítima: a juíza, cuja morte eles já tinham planejado, segundo a polícia.
Você vai ver pela primeira vez as fotos dos acusados: o tenente Daniel Santos Benitez Lopes e os cabos Jeferson de Araújo Miranda e Sérgio Costa Júnior.
Na investigação da morte de Diego, a polícia vigiava os movimentos dos três. E no dia do assassinato da juíza, antenas de empresas de telefonia captaram os sinais dos celulares de Daniel Lopes e Sérgio Costa Júnior no fórum de São Gonçalo.
Só que antes das 23h, os celulares dos policiais foram desligados. E só foram religados quase uma hora depois de a juíza ter sido executada. A partir daí, a polícia começou a rastrear dados dos celulares do PMs nos dias anteriores ao crime.
No dia 11 de julho - exatamente um mês antes do crime - os registros mostram a movimentação deles. Jeferson de Araújo e Sérgio Costa Júnior estavam juntos em Niterói. Eles ligaram para Daniel Lopes, que estava na Zona Sul do Rio de Janeiro e foi encontrá-los.
Depois, o sinal dos três celulares aparece na Rua dos Corais, em Piratininga, Niterói. O endereço da juíza. Os três acusados, segundo a polícia, ficaram 26 minutos - das 19h43 às 20h09, juntos na pequena rua onde, um mês depois, a juíza foi morta na emboscada.
Muitas dessas informações foram conseguidas porque as antenas de telefonia indicam a localização de todos os celulares ligados, mesmo quando eles não estão fazendo ou recebendo chamadas.
Fórum de São Gonçalo, 11 de agosto, pouco depois das 23h. Quando saiu sozinha no corredor, a juíza tinha acabado de assinar o pedido de prisão preventiva, por envolvimento na morte de Diego, dos três homens agora acusados também pela morte dela. Assinou e se foi, acreditando que a justiça seria feita.
“Está provado que eles são os autores do homicídio. Isso não há dúvida para a polícia que esses três participaram efetivamente da execução da juíza Patrícia Acioli”, afirma o delegado.
Em depoimento, essa semana, Daniel e Jeferson negaram a acusação. Sergio se recusou a falar. A investigação ainda precisa identificar as armas do crime, entre quase 700 recolhidas no batalhão da PM de São Gonçalo.
“O desfecho da investigação não é só para provar as pessoas que estavam na moto, mas para verificar se de fato há outras pessoas envolvidas”, completa o delegado.
Policiais tramaram morte de Patrícia Acioli com um mês de antecedência | Foto: Reprodução de Vídeo
Os policiais foram presos no último dia 12 e encaminhados diretamente para a DH para cumprir mandado de prisão. Em depoimento, os três acusados negaram participação na morte de Patrícia. No entanto, o delegado titular da Divisão de Homicícios (DH), Felipe Ettore, afirmou que não existem dúvidas de que o tenente e os cabos são os responsáveis pelo assassinato da juíza."Está provado que eles são os autores do assassinato da juíza", afirmou Ettore, referindo-se ao fato dos três policiais terem desligado os celulares pouco antes das 22h, na noite da morte de Patrícia, e só terem ligado os aparelhos uma hora depois do assassinato.
Armas do 7º BPM são apreendidas
Um total de 695 pistolas e revólveres do 7º BPM (São Gonçalo) foi apreendido nesta segunda-feira por policiais da Delegacia de Homicídios (DH). As armas vão passar por perícia para verificar se foram utilizadas na morte de Patrícia Acioli. Os policiais também cumpriram outros 15 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos três PMs acusados de participação no crime.
Arte: O Dia
Armas substituídasNo Tribunal de Justiça do Rio, o delegado da Homicídios, Felipe Ettore, disse que a morte de Patrícia foi a forma que os PMs tiveram de tentar evitar a prisão pela morte de um rapaz de 18 anos em 3 de junho, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
“Eles não sabiam que os mandados haviam sido expedidos pouco antes da execução”, revelou. Outros cinco policiais do Grupo de Ações Táticas do 7º BPM são investigados por forjarem o auto de resistência. Todos estão presos na Unidade Prisional — antigo BEP.
As buscas da Delegacia de Homicídios foram em Jacarepaguá e Senador Camará, na Zona Oeste do Rio; em Maricá, na Região dos Lagos; e em São Gonçalo, Região Metropolitana. Os agentes vistoriaram a casa dos três policiais militares acusados de matar a juíza e também fizeram incursões nas casas de seus familiares. Até mesmo os armários que os PMs utilizavam nos batalhões foram revistados.
Sem celulares e ajuda de outro BPM
De acordo com Antônio Siqueira, da Associação de Magistrados do Rio, há a suspeita de que os acusados tenham tido o auxílio de policiais do batalhão vizinho. “As imagens mostram viatura do 12º BPM (Niterói), que não tinha GPS, no dia 11 de julho, quando reconheceram a área. No dia da morte, os celulares deles foram rastreados na área do Fórum de São Gonçalo e em Piratininga, mas foram desligados antes do crime, atitude que contraria a rotina dos PMs”.
Para comprovar que o planejamento do crime, a polícia analisou três milhões de celulares que fizeram o trajeto entre o fórum e a casa da juíza durante um mês antes do crime. Graças a essa investigação, a polícia descobriu que os três estiveram juntos, na rua onde Patrícia Acioli morava, um mês antes do crime.
O presidente do TJ, desembargador Manoel Alberto Rebêlo, tentou justificar novamente a ausência da escolta da juíza, alegando que a proteção não poderia impedir sua morte. “Esses elementos decidiram naquele momento que iriam matá-la. A escolta previne, mas não evita por completo. O crime não tem relação com outras ameaças”, afirmou.
Munição era da Polícia Militar
Investigação da polícia mostrou que cartuchos apreendidos no local da execução da juíza faziam parte de lote de 10 mil munições calibre 40 enviadas, entre outros, para o 7º BPM (São Gonçalo), como publicou com exclusividade O DIA, em 22 de agosto.
No dia 28, foi revelado que imagens de câmeras registraram encontro de policiais do 7º BPM com dois homens pouco antes do assassinato, perto do fórum. Um deles foi reconhecido como réu em processo a cargo dela. Documentos publicados por O DIA mostram que Patrícia alertou ao TJ várias vezes sobre ameaças, mas ficou sem escolta.
Assassinato de Patrícia Acioli foi planejado com 1 mês de antecedência
Veja imagens inéditas da perseguição à juíza e acompanhe os últimos momentos de Patrícia Acioli antes de ser executada.A juíza que condenou mais de 60 policiais, e está ameaçada de morte, vai embora sozinha depois do longo dia de trabalho. São as últimas imagens de Patrícia ainda viva. Às 23h13, ela sai da garagem do fórum.
De lá até a casa dela, a juíza percorreu 29 quilômetros - 41 minutos em estradas pouco iluminadas. A polícia refez esse trajeto procurando por câmeras de vigilância. Encontrou sete e as imagens que você vai ver agora, com exclusividade no Fantástico, mostram que desde que saiu daqui a juíza foi seguida - por gente que sabe fazer isso, sem chamar a atenção.
O carro vira à direita, para pegar a estrada para Niterói. E três minutos depois, é filmado em um ponto. Logo depois, a câmera de segurança mostra uma moto, ocupada por dois homens. A juíza chega a uma rodovia e percorre quase 20 quilômetros. Foram 30 minutos até que outras câmeras filmassem o carro dela. A cena se repete: a mesma moto ainda está fazendo o trajeto seguido por Patrícia Acioli.
Em um determinado momento, é possível ver que o piloto da moto está de tênis branco e calça jeans. Os dois homens usam casacos. A motocicleta é azul. O farol da motocicleta está sempre apagado. A juíza não percebe o perigo, e não se desvia do caminho que costuma fazer. Dois minutos depois, outras câmeras de segurança confirmam a perseguição.
Às 23h48, faltam quatro quilômetros para Patrícia chegar em casa. Este é o ponto fundamental para entender a o plano dos assassinos. Neste ponto, quando escolheu seguir em frente, a juíza mostrou que ia mesmo para sua casa. Era o único itinerário possível. Por isso, os assassinos deixaram de segui-la - e foram na frente, para preparar a emboscada.
A câmera instalada em um ônibus mostra que pouco mais adiante a moto já havia ultrapassado o carro da juíza. Às 23h53, os homens da moto entram no condomínio onde Patrícia mora. Logo depois, ela chega. A imagem do carro passando é a última registrada antes do crime. Mas, mesmo assim a polícia conseguiu descobrir onde os assassinos esperavam pela juíza Acioli. E como ela foi morta ainda antes de o portão da casa se abrir.
A investigação policial descobriu marcas de pneu de motocicleta atrás de um dos carros que estavam estacionados na entrada da casa. Quando a juíza se aproximou da garagem, os bandidos surgiram, e o carro foi alvejado ainda em movimento. A prova: os primeiros tiros atingiram a porta da motorista da esquerda para a direita. Mas depois, há marcas de tiros que entram pela janela e pela porta em linha reta. Isso porque o carro acabou parando bem ao lado dos atiradores, que descarregaram suas armas.
Os lugares em que as cápsulas foram encontradas no chão comprovam que os disparos foram feitos de muito perto. As cápsulas recolhidas são de três calibres. Para a polícia, isso tem explicação: um dos atiradores teria usado duas armas.
Para a polícia, um dos atiradores teria usado duas armas. As cápsulas recolhidas são de três calibres. 38. 40, de uso padrão na polícia. E 45, de uso restrito. Munição comprada com dinheiro público.
Patrícia Acioli foi atingida por 21 tiros. A necropsia aponta como causa da morte ferimentos no pescoço e no tronco. Às 23h58 da noite, os assassinos da juíza deixam o condomínio.
Todos esses detalhes foram remontados a partir das perícias do carro, do local, e do corpo. Mas a polícia foi além. Analisou os dados de mais de três milhões de celulares que passaram pela área entre o fórum e a casa da juíza Patrícia Acioli no prazo de um mês. E com isso conseguiu provar não só o envolvimento dos PMs, mas que o crime foi cuidadosamente planejado. Acostumados à impunidade, os três policiais militares tiveram a ousadia de ir pessoalmente à casa da juíza para reconhecer o terreno, exatamente um mês antes do assassinato.
Quem tramou, com tanta certeza de impunidade, a morte da juíza? Por que? Segundo a polícia a história começa no dia dia 3 de junho. Diego da Conceição Beliene, de 18 anos, foi morto por PMs em São Gonçalo. O caso foi registrado como auto de resistência - que é quando um suspeito resiste á prisão e enfrenta a polícia.
“Ele não estava armado. Ele tava sem camisa. Ele tava com a identidade no bolso. Onde tava essa arma então?”, questiona a mãe do Diego
As investigações desfizeram a tese do auto de resistência. E os oito policiais militares envolvidos na morte de Diego passaram a temer que a juíza expedisse um mandado de prisão contra eles. Entre os oito, os três acusados, agora, pela morte da própria juíza.
“Eles sabiam que seriam presos em poucos dias, que estava sendo expedida a ordem de prisão por processo anterior, e aí não teriam mais tempo para a execução da vitima”, conta o delegado. A vítima: a juíza, cuja morte eles já tinham planejado, segundo a polícia.
Você vai ver pela primeira vez as fotos dos acusados: o tenente Daniel Santos Benitez Lopes e os cabos Jeferson de Araújo Miranda e Sérgio Costa Júnior.
Na investigação da morte de Diego, a polícia vigiava os movimentos dos três. E no dia do assassinato da juíza, antenas de empresas de telefonia captaram os sinais dos celulares de Daniel Lopes e Sérgio Costa Júnior no fórum de São Gonçalo.
Só que antes das 23h, os celulares dos policiais foram desligados. E só foram religados quase uma hora depois de a juíza ter sido executada. A partir daí, a polícia começou a rastrear dados dos celulares do PMs nos dias anteriores ao crime.
No dia 11 de julho - exatamente um mês antes do crime - os registros mostram a movimentação deles. Jeferson de Araújo e Sérgio Costa Júnior estavam juntos em Niterói. Eles ligaram para Daniel Lopes, que estava na Zona Sul do Rio de Janeiro e foi encontrá-los.
Depois, o sinal dos três celulares aparece na Rua dos Corais, em Piratininga, Niterói. O endereço da juíza. Os três acusados, segundo a polícia, ficaram 26 minutos - das 19h43 às 20h09, juntos na pequena rua onde, um mês depois, a juíza foi morta na emboscada.
Muitas dessas informações foram conseguidas porque as antenas de telefonia indicam a localização de todos os celulares ligados, mesmo quando eles não estão fazendo ou recebendo chamadas.
Fórum de São Gonçalo, 11 de agosto, pouco depois das 23h. Quando saiu sozinha no corredor, a juíza tinha acabado de assinar o pedido de prisão preventiva, por envolvimento na morte de Diego, dos três homens agora acusados também pela morte dela. Assinou e se foi, acreditando que a justiça seria feita.
“Está provado que eles são os autores do homicídio. Isso não há dúvida para a polícia que esses três participaram efetivamente da execução da juíza Patrícia Acioli”, afirma o delegado.
Em depoimento, essa semana, Daniel e Jeferson negaram a acusação. Sergio se recusou a falar. A investigação ainda precisa identificar as armas do crime, entre quase 700 recolhidas no batalhão da PM de São Gonçalo.
“O desfecho da investigação não é só para provar as pessoas que estavam na moto, mas para verificar se de fato há outras pessoas envolvidas”, completa o delegado.
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