Cláudio Humberto
Senadores não assinam CPI
Senadores de vários partidos reiteraram ontem o compromisso com a ética, até pregaram uma "frente anticorrupção", mas, na prática, a teoria é diferente: convidados a assinar a criação de CPI para investigar as irregularidades que criticam, os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Paulo Paim (PT-RS), Kátia Abreu (DEM-TO), Pedro Simon (PMDB-RS) e Zezé Perrela (PDT-MG) desconversaram.
"É absolutamente inaceitável a exposição de pessoas investigadas"
Presidenta Dilma sobre o vazamento de fotos dos presos na Operação Voucher, da PF
Governistas
Os senadores esbravejam contra a corrupção, mas, a pretexto de defenderem o "estado de direito", preferem apoiar a presidenta Dilma.
Apoio retirado
A CPI tem 22 assinaturas, cinco a menos que o necessário. Kátia Abreu, Zezé Perrela e Pedro Simon retiraram seus nomes.
Investigue-se Pedro Taques (PDT-MT), Ana Amélia (PP-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) também fazem a defesa da ética, mas querem a CPI.
Nem pensar Zezé Perrela ficou incomunicável ontem, em sua fazenda de Minas. Paim diz que apoia a PF e o MP, mas, CPI no Senado, nem pensar.
Aloprado fatura jetons
A conta bancária de Expedito Afonso Veloso ganha reforço nada aloprado. Um dos acusados pelo dossiê contra José Serra em 2006, ele conta com a generosidade dos amigos petistas. Atualmente, fatura jetons como "conselheiro fiscal" de subsidiárias do Banco do Brasil, como a BB Seguros e Participações S.A. BB Aliança Rev Participações S.A. Ele é hoje secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico.
Milionário
As subsidiárias do BB se recusaram a revelar o pró-labore. Mas o jetom para esses cargos em estatais deste porte chega a R$ 12 mil
Costas protegidas
Deve ser mais confortável a volta do ministro Joaquim Barbosa para julgar o mensalão: o STF pagará R$ 107,7 mil por 55 novas poltronas.
Desanuviando O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP) garante: "Esta semana desanuvia, para voltarmos à pauta positiva. O PR dará apoio crítico".
Desfeita ao STF
Os ministros Carmen Lucia e Marco Aurélio estavam na posse de Roberto Gurgel, mas o Supremo Tribunal Federal, onde o empossado representa o Ministério Público, não foi convidado à mesa principal.
Casa do pai Lula
O ex-ministro Antonio Palocci integrará o conselho do Instituto Lula. Falta convidar Erenice Guerra para os Recursos Humanos, Cesare Battisti para a segurança privada e ter Jeany Mary Corner na recepção.
La vita è bella Repercutiu na Itália a entrevista do terrorista Cesare Battisti à Piauí, nas bancas: "adoro o Rio, as belas mulheres, as praias, já sonho em português". O presidente do sindicato independente da polícia italiana pediu de novo que o governo Berlusconi rompa relações com o Brasil.
Os mais iguais
Projeto do senador Pedro Taques (PDT-MT) aumenta penas de crimes contra magistrados e promotores. Muito justo. Mas faltou incluir crimes contra padres que lutam contra grileiros, agentes carcerários que vigiam bandidos e jornalistas que denunciam malfeitorias de todos eles.
Cadê o Cade? Está na hora de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abrir o olho: meia dúzia de grupos empresariais controla 75% das 92 concessionárias no DF. Que fazem concorrência de mentirinha.
Maior sujeira Investigada pelo Ministério Público no esquema do lixo da prefeitura de Maceió, a empresa Limpel parte agora para o crime ambiental: quer implantar uma central de tratamento de lixo na única reserva florestal de Pilar, perto da capital, uma das mais antigas de Alagoas.
Procurado do Turismo... Acusado de fraudes no Turismo, Humberto Silva Gomes escreveu de Miami no Twitter que volta ao Brasil na quarta (17) "já condenado pela PF e pela opinião pública", quando então conhecerá seus "erros".
...procurava padrinho Procurado pela Interpol, afirma que foi "vítima de falhas de origem" (no ministério). Na demissão de Palocci, postou: "sou ótimo consultor. Só me falta ser nomeado ministro e ter padrinho barbudinho para ganhar".
Trabalhadores do Brasil Próximo capítulo da Operação Voucher: os acusados na Justiça do Trabalho exigindo carteira assinada, horas extras e retroativos.
Grito das ruas
A presidente Dilma Rousseff se equilibra entre a popularidade originária do combate inflexível à corrupção e o risco de perder a maioria no Congresso Nacional. As ameaças de turbulência no Legislativo vêm principalmente através do vice, Michel Temer (PMDB), que acena com a possibilidade de enfraquecer a base aliada. Que a chefe da Nação fique segura que essa debandada não vai acontecer. Jamais os deputados e senadores peemedebistas, acostumados às benesses do poder, vão largar das tetas do Estado. O melhor – e único - caminho para Dilma é seguir firme na limpeza, pois somente assim conquistará o povo e a imprensa. Nessa linha, a mais importante revista brasileira declarou essa semana que “assim como todos os brasileiros honestos, pagadores de impostos, Veja está ao lado da presidente. Sua popularidade subiu graças à faxina que ela vem conduzindo, a despeito dos obstáculos. Cansamos todos de ver o dinheiro público escoar para as contas bancárias dos beneficiados pelo loteamento político na Esplanada dos Ministérios, praga da qual decorrem todos os malfeitos verificados até o momento na esfera federal. Esses milhões de cidadãos têm na presidente uma referência de força e coragem”. A análise da editora Abril segue o que esta coluna escreveu na semana passada: “É preferível perder o apoio parlamentar do que passar a imagem de negligência ou conivência com as irregularidades. Dilma que se ampare na população brasileira, que ainda está a seu lado nesta luta. Se fizer um chamamento popular, será atendida”.
Pulso firme
A expectativa geral é que a principal mandatária do país se imponha sobre os falsos aliados. O que vale mesmo, quem é o dono dos mandatos desses parlamentares, é o homem cinzento das ruas. Se Dilma tiver a opinião pública como parceira, a Câmara e o Senado desistirão da ideia de constrangê-la.
Na ativa
Os cidadãos têm o direito e a obrigação de pressionar o seu representante para que ajude e dê à presidente toda a força. Aí sim ela vai se transformar numa combatente contra os desvios e ilícitos que tomaram conta da administração.
Na mira
O imenso caudal de denúncias contra os ministros da Agricultura, Wagner Rossi, e do Turismo, Pedro Novais, impõe o afastamento de ambos. Não é justo que Dilma sofra o desgaste em razão dos atos delituosos praticados nas duas pastas. Não há apoio que sustente homens tão desmerecidos em consequência da corrupção já conhecida. De nada adianta o barraco criado por Temer.
Última
Politicamente, o grande problema da presidente é se firmar como líder. Isso só vai ocorrer se ela colocar a culpa pelos desmandos que ocorrem hoje nas costas do verdadeiro responsável, Luiz Inácio Lula da Silva. Esta sim é uma herança maldita.
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