- 22/06/2011 | 00:00
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Os amigos de Cabral
O empresário Marcelo Almeida, amigo do governador Sérgio Cabral que morreu pilotando o helicóperto na Bahia, viveu em Miami nos anos 1990, após acusado de fraude cambial. Lá, fundou a First Class Rent-A-Car com Carlos Dolabella: aluga só Mercedes, BMW e Ferrari.
DO RIO
O empresário Eike Batista confirmou, em nota divulgada na terça-feira (21), ter emprestado seu jato Legacy para que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, viajasse na sexta-feira para um resort no sul da Bahia.
Deputado quer explicações de Cabral sobre contratos do governo
"Tive satisfação em ter colocado meu avião à disposição do governador Sérgio Cabral, que vem realizando seu trabalho com grande competência e determinação", afirmou Eike na nota.
A Folha perguntou à assessoria do empresário se o jatinho já havia sido emprestado ao governador em outras ocasiões, mas a nota não esclarece este ponto.
No texto, Eike disse que não tem qualquer espécie de contrato de prestação de serviços com o governo estadual e também não recebe pagamentos do Estado.
"Sou livre para selecionar minhas amizades, contribuir para campanhas políticas, trazer a Olimpíada para o Rio, apoiar a implantação das UPPs [Unidades de Polícia Pacificadora], patrocinar o RJX [time de vôlei masculino] e auxiliar a realização de diversos projetos sociais e culturais do Estado", disse o empresário.
De acordo com dados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Eike doou, como pessoa física, R$ 750 mil para a campanha de Sérgio Cabral no ano passado.
Em 2009, Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, usaram um jatinho do empresário para viajar para Copenhague, na Dinamarca, onde a cidade foi anunciada como sede da Olimpíada de 2016.
No ano passado, Eike também se comprometeu, com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, a doar o equivalente a R$ 20 milhões para um fundo destinado a equipar as UPPs.
O patrocínio ao RJX, time de vôlei masculino, anunciado em abril de 2011, foi estimado em R$ 13 milhões. "Faço tudo com dinheiro do meu bolso e me orgulho disso", afirmou o empresário.
Fred Prouser/Reuters | ||
Eike Batista disse ter tido satisfação em ter colocado seu avião à disposição do governador Sérgio Cabral |
Um grupo de cinco deputados estaduais vai pedir explicações ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), sobre os contratos do Estado com a Delta Engenharia e os benefícios fiscais dados ao grupo EBX, do empresário Eike Batista. Na última sexta-feira, Cabral viajou ao sul da Bahia em jatinho emprestado por Eike. Foi comemorar o aniversário do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta, que estava a bordo.
Os deputados, de oposição, querem apurar possível conflito de interesse entre a relação do governador com os dois empresários e os seus negócios no Estado. Duas empresas do grupo EBX se beneficiaram de R$ 75 milhões em renúncia fiscal do governo do Estado, segundo informações da Secretaria de Fazenda em resposta a requerimento do deputado Marcelo Freixo (PSOL). Os benefícios, concentrados nos anos de 2009 e 2010, incluem isenção de ICMS e diferimentos (adiamento do pagamento de tributos). Eike doou, como pessoa física, R$ 750 mil à campanha de Cabral ano passado.
Deputado Marcelo Freixo cobra satisfação de Cabral sobre relação com Eike
O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) cobra do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), explicações sobre as relações mantidas entre o político e o mega empresário Eike Batista. "Com todo respeito à dor, mas quem está na vida pública tem que dar satisfação e está sujeito a isso", disse o socialista.
"Não estou preocupado com as relações privadas do governador, mas me preocupa quando as privadas podem estar misturadas com questões públicas. Isso tem que ser esclarecido e é isso que vamos buscar na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)", disse.
Freixo entrará na semana que vem com um "requerimento de informação", que "obrigaria" o governador a dar respostas aos questionamentos da Alerj. "Não posso achar normal que o governador do Rio viaje no jato de um empresário que, ao contrário do que ele diz, tem investimentos no governo. Também não acho aceitável o governador indo para uma festa de um empreiteiro que também tem muitos investimentos no Estado. Essa mistura entre o público e o privado não é boa, não é normal. Isso tem que ser esclarecido", cobra o parlamentar.
Embora tenha sido um dos primeiros a levantar essas dúvidas quanto às relações mantidas pelo governador e os empresários, Freixo salienta que é preciso esperar antes de tomar medidas políticas e legais. Após reunião feita entre os deputados que endossam o requerimento, a reação na Alerj foi postergada para a próxima semana.
Freixo segue questionando e levantando suposições a serem acrescentadas no requerimento:
"O senhor Eike Batista ganhou, durante o governo Cabral, R$ 75 milhões em isenção. Aí, ele vem com a cara de pau mais lavada do mundo dizer que não tem investimentos. Ele faz o que quiser com o dinheiro dele, eu não estou preocupado com o dinheiro dele, mas com o público. E preocupado com o governador do Rio de Janeiro viajando no jato particular do empresário que foi um dos financiadores de sua campanha" atacou, para depois prosseguir:
"Coincidentemente, Eike contribuiu para a campanha do governador com R$ 750 mil, exatos 10% da isenção que ele recebeu do governo Cabral. Pode ser uma grande coincidência, mas isso tem que ser investigado. Da mesma maneira que a Delta Construções S/A tem diversos contratos vencidos sem licitação", concluiu.
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