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sexta-feira, 24 de junho de 2011

"A desmoralização é geral" - Márcio Accioly



Publicado em 23/06/2011 pelo(a) Wiki Repórter accioly, Brasília - DF

As pessoas tendem a acreditar de maneira geral que seu Estado é pior do que o dos outros e que algumas unidades de nossa Federação funcionam melhor e são mais atraentes. Antigamente, quando só existiam os jornais diários, trazendo impressas as notícias do dia anterior, essa crença era mais forte. A internet vai mudando tal opinião.

O ser humano, na tentativa de mitigar, aliviar, abrandar suas dores, apega-se de forma inconsciente a estratagemas dos mais diversos e esquisitos, pois o mundo nu e cru em que vivemos é muitas vezes impossível de ser aturado.

Mas uma coisa é tida como certa: nenhuma organização social terá condições de funcionar corretamente exibindo a quantidade de dirigentes desonestos, bandidos, ladrões, assaltantes dos cofres públicos e salafrários como a encontrada no Brasil.

E foi preciso gravíssimo acidente de helicóptero para revelar o espúrio relacionamento entre o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB) e as empreiteiras que cuidam da reforma do Maracanã. O governador carioca posa de vestal, como todos os outros flagrados com a mão e o braço inteiro na botija.

No último dia 4, Sérgio Cabral chamou de “vândalos” e “irresponsáveis” os bombeiros que invadiram o Quartel Central, na Praça da República (centro do Rio de Janeiro), reivindicando salário de dois mil reais, pois já não conseguem mais sobreviver. A maioria ganha 950 reais. A invasão foi a única forma de chamar a atenção pública.

O fato é que ninguém liga mais para nada e nossas “autoridades” se encontram tão preocupadas em desviar recursos financeiros públicos que não têm tempo para outra coisa e se irritam profundamente quando perturbadas no ofício. Têm tanta certeza da impunidade que agem descaradamente, a céu aberto.

Daí que o desastre de helicóptero na Bahia mostrou Cabral viajando no jatinho de Eike Batista e de braços dados com Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta, justamente a responsável pela reforma do Estádio do Maracanã, obra que já ultrapassou a faixa de um bilhão de reais! E os bombeiros é que são irresponsáveis e vândalos.

Em Brasília, Distrito Federal, o governador Agnelo Queiroz (PC do B) está envolvido em falcatruas das mais vergonhosas juntamente com o senador Gim Argello (PTB). A movimentação traz, ainda, a participação do ex-presidente Dom Luiz Inácio. E conta com Renan Calheiros (PMDB-AL) que salvou Argello da cassação no Senado.

Quando o então governador do DF, José Roberto Arruda (DEM), foi obrigado a renunciar (ele já havia renunciado certa feita ao Senado por ter violado o painel de votação em cumplicidade com o também senador Antônio Carlos Magalhães, DEM-BA), a Câmara Distrital elegeu Rogério Rosso governador tampão.

O advogado Rosso, ex-integrante do grupo do ex-governador Joaquim Roriz, de quem se afastou, estava ligado ao deputado Tadeu Filipelli (PMDB), ex-genro de Roriz. Foi o maior desastre que poderia ter acontecido ao DF. Brasília mergulhou no caos, o mato cresceu, os órgãos públicos deixaram de funcionar e o lixo invadiu as ruas.

Sem alternativa, o único nome que conseguiu agregar maior número de apoios foi o do ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz, acusado agora de vários crimes, mas mantendo-se no cargo porque ainda não apareceu a fita que se diz existir (rodada por Durval Barbosa, o delator do mensalão de Brasília), expondo Agnelo vexatoriamente.

No Brasil, as instituições não funcionam. As prisões duram espaço de horas e servem apenas para fazer escândalo. Os escândalos vão cansando e o risco em tais sociedades é a população descobrir que Justiça mesmo só se feita com as próprias mãos.

Não se sabe se a Receita Federal irá apurar o enriquecimento de Sérgio Cabral, Agnelo Queiroz e outros figurões. O que se sabe é que viver no de Brasil hoje é muito arriscado, pois o governo oferece os piores exemplos e o clima é de total insegurança.





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